Aproveitámos estes últimos dias sem chover para colhermos alguns frutos. Começámos pelos pêssegos de S. João que já estão a abandonar a árvore-mãe fazendo as delícias dos ouriços-caixeiros nos seus piqueniques nocturnos. Depois dos pêssegos seguiram-se os morangos que têm um perfume e sabor deliciosos. Já nos íamos embora quando reparámos na groselheira que dava nas vistas com as suas bagas faiscando ao sol da tarde.
Preparámos um prato para ir à mesa e ficou tão bonito que não resistimos a tirar uma foto para vos mostrar.
A maioria dos pêssegos vão ser comidos ao natural, outros vão ser cortados aos bocados e postos na máquina de sumos com leite e mel, fazendo um delicioso batido para o pequeno almoço ou lanche. Outros ainda depois de cortados em pedaços vão ser mergulhados num bom vinho tinto adoçado com açúcar amarelo (tem que se deixar embebedar os pêssegos por algumas horas). E se tivermos tempo e paciência talvez ainda nos aventuremos na compota e no licor
Os morangos serão comidos ao natural, servidos em batidos feitos da mesma forma como os de pêssego, ou mergulhados em chantilly, ou em iogurte, ou em vinho do Porto ou em chocolate derretido (huummm). Não serão suficientes para o doce que é magnífico e ainda menos para o licor que felizmente ainda temos do ano passado, pela simples razão de nem sempre ir à mesa pôr o ponto final numa boa refeição.
Agora o busílis eram as bagas de groselha. Que fazer com elas? Os batidos entraram logo na lista. Devem ser tão bons quanto os de framboesa que este ano não temos, devido ao falecimento do framboeseiro. Como nos disse o Filipe “Comer a groselha em estado natural, é uma bela maneira de não gostar de groselha, a maior parte é realmente muito ácida, tem que se deixar macerar em açúcar ou então fazer sumos. Tem um alto teor em vitamina C. Em compota também resulta muito bem”
Portanto restava macerá-las em açúcar já que eram poucas para compota.
Um amigo falou-me entretanto da cidade francesa Bar-le-Duc que ao que parece tem orgulho de fabricar a melhor geleia de groselha do mundo sendo servida desde o séc. XIV nas mesas mais distintas e exigentes, tendo um preço proibitivo.
Ainda hoje preparam as bagas de groselha da mesma maneira artesanal, extraindo as sementes com o bico de uma pena de pato ou de ganso, sem perderem uma gotinha de sumo. São mulheres especializadas neste trabalho chamadas “épépineuses” que conseguem preparar um quilo de bagas ao fim de 3 horas de trabalho minucioso mas veloz.
Quando voltávamos para casa com pouca luz do dia, reparámos numas coisinhas minúsculas que saltavam diante dos nossos pés. Eram sapinhos bebés às dezenas… às centenas! A partir dali mal conseguíamos caminhar, apavorados com a possibilidade de esmagarmos aquelas simpáticas criaturas. Aproveitámos e tirámos também uma foto a um dos sapinhos que depois da sessão fotográfica foi de novo colocado no mesmo local de onde o tínhamos recolhido.