2008-02-14

Quem é quem?

Andava aqui ás voltas sem saber como começar este texto. Queria homenagear alguém que não conhecendo pessoalmente considero um grande amigo, o Augusto Mota.
O acaso fez com que nos cruzássemos na blogosfera quando encontrei no “Pilriteiro” resposta a muitas questões que me andavam a preocupar, relacionadas com a jardinagem, com a agricultura, com o ambiente em geral.
A amizade foi-se instalando e durante esta simpática ligação fui conhecendo a qualidade artística dos seus “textos transversais” publicados no blog
“Palácio das Varandas”, mas também o caderno de prosa intitulado “quadriculado”, editado em 1959 e o livro “Sujeito Indeterminado” publicado em 2005, composto por pequenos textos num encantador jogo de palavras:
“Em noites de lua cheia enfunava as velas da fantasia e navegava solitário sobre as searas da solidão. A caminho do cabo da boa esperança”
A par da escrita também o desenho, a pintura, o mosaico, autor de diversas ilustrações em livros de poesia, cenógrafo em grupos amadores de teatro, vencedor de 3 primeiros prémios com o seu filme “Variações sobre o mesmo traço”, participou em várias colectivas. Em 1988 recebe da Câmara Municipal de Leiria o galardão do município "pela sua valiosa e multifacetada obra artística e cultural”
Entretanto a Gradiva reeditou há poucas semanas 500 exemplares do álbum de banda desenhada “Wanya - Escala em Orongo” com texto de Augusto Mota e desenho de Nelson Dias, falecido em 1993.
Editado pela primeira vez em Dezembro de 1973 pela Assírio & Alvim com uma tiragem de 5.000 exemplares que viria a esgotar-se rapidamente, acabou por entrar na lista dos livros considerados perigosos pelo anterior regime, situação que ficou resolvida com o 25 de Abril, quatro meses mais tarde.
Segundo Rui Zink trata-se de “um livro-poema generoso, engenhoso e complexo, a obra "Wanya - escala em Orongo" foi inovadora ainda na temática, cruzando ficção científica e o fantástico com uma mensagem de libertação social do Homem.”
Fiz a encomenda pela Internet e neste momento já estou na posse do álbum para o poder ler calmamente, não esquecendo o momento político em que foi escrito... há 35 anos atrás.


 
Posted by Picasa

Para quem quiser saber mais, poderá consultar o site: http://wanya-escalaemorongo.blogspot.com/

8 comentários:

Ezequiel Coelho disse...

Parabéns ao artista, pela obra e merecida (singela, mas nem por isso menos nobre) homenagem!!!

(És tu também uma pessoa de excepção!!)

a d´almeida nunes disse...

Um bom amigo que é o Augusto Mota. Se bem me lembro fomos colegas professores na antiga Escola Industrial e Comercial de Leiria, de 1966 a 1968. Não sei se nos anos 80 também. Como só por lá andei durante 1 ano e com horário parcial!
Desde então que o nosso relacionamento era de vista e cumprimento circunstancial. Com a blogosfera fiquei a conhecê-lo muito melhor e já tivemos ocasião de conviver pessoalmente.
A sua actividade é, realmente, excepcional. Só é pena é a divulgação de facetas importantes de certas pessoas de mérito não tenham a devida divulgação pelos meios de comunicação visuais. Porque pelo DN, JN e outros tem sido muito badalado ultimamente.
Aliás tudo recomeçou há um ano, quando andava às voltas com os pilriteiros e pirycantas.
Voltaremos ao assunto concerteza.
Um beijinho, Ana Ramon.
António

Anónimo disse...

As palavras simples são sempre as mais verdadeiras. E é assim que as homenagens (sem pompa nem circunstância) devem ser feitas para caírem bem no coração. E é assim, penso eu, segundo o que conheço do Mota, colega e amigo há muitos anos, que elas lhe agradam. Ficará, por certo contente, não tanto pela homenagem, mas pela Amizade que conduziu a Ana a escrever este texto. Bonito texto, Ana! E, como o António Nunes disse, e bem, é tempo de se dar valor a quem, na realidade, o tem, já que se promovem tantos que o não merecem. O valor artístico e intelectual, geralmente, é solitário !
E, se a nível nacional a arte multifacetada do Mota começa a ser conhecida, porque será que na terra dele só os “particulares” o proclamam ? Será a velha história de uma madrasta escolher entre filhos e enteados ?? Ou tão somente porque o Mota é dignamente humilde ? Ou porque a sua arte é “repartida” em múltiplas – não “enche o olho ? “
Bom, Ana, fico feliz pelo facto da sua Amizade pelo Mota a ter levado a escrever este texto e parabéns por essa Amizade .
Um abraço amigo.

João Roque disse...

É fácil ficar seduzido por pessoas que tu descreves, tal a forma simples mas muito completa como descreves as pessoas e as suas obras; neste caso, vejo que se trata de uma pessoa multi-facetada, e que nas diversas áreas em que foi "mexendo" o fez sempre de uma forma muito correcta.
Beijinhos.

Chanesco disse...

Cara Ana

As belas homenagens são sempre para quem as merece.
E o artista é digno de merecimento.

Abraço aqui da Raia

Bichodeconta disse...

Deixo um abraço e os parabéns ao artista em questão que infelizmente não conheço..Agendei para amanhã ver o site que recomenda para conhecimento do trabalho..deixo também o desejo de um bom final de semana..

jorge esteves disse...

Ora então vou lá ver...

abraços!

Júlia Ribeiro disse...

Ainda que tardiamente, também quero associar-me a tão justa homenagem e deixar aqui um grande abraço ao Artista e Amigo.

Júlia Ribeiro