2009-09-15

No fim do verão

Os amigos que mais nos frequentam sabem que o Verão é sempre o período em que menos possibilidades temos de vir até aqui.
Não tivemos tempo de preparar texto nenhum e por isso vamos apenas publicar algumas fotos e fazer alguns comentários sobre animais, plantas e passeios.
A Camila foi esterilizada no mês de Julho, quando fez os 7 meses. Temos tido o cuidado de mandar esterilizar as nossas 4 fêmeas para evitar as lutas quase de morte entre os machos, evitar possíveis descuidos que dêem origem a ninhadas quando não temos hipótese de ficar com as crias e por termos horror de as dar a pessoas que não sabemos se cuidarão delas da mesma forma que cuidamos dos nossos animais, e por sabermos que as cadelas não ficam entristecidas ou amorfas por terem sofrido essa cirurgia. As fêmeas ficam muito ansiosas quando sentem o cio e não conseguem cumprir o chamamento da Natureza. Não o sentindo, ficam calmas e brincalhonas.

Nesta foto vemo-la dentro de casa para ser mais seguida durante a convalescença, vestida com uma t-shirt para proteger o penso (uma vez que não é prático andar com o funil de plástico a embater nos móveis) e sorridente por ter descoberto uma peúga do dono. Está enorme, cheia de força e com uma cabeça de totó o que a leva a só fazer disparates. Um deles foi ter rasgado a pele da pobre Nanã durante uma luta a brincar em que esta tentava ensinar a outra a ser uma boa lutadora. Por ser ainda uma cachorra sem noção do peso e da força que tem, a brincadeira acabou neste resultado, sendo necessária uma intervenção cirúrgica com anestesia geral

Mas felizmente já está boa, continua a sentir que tem obrigação de ensinar a cachorrinha (já que nenhuma das outras fêmeas o faz) e as lutas a brincar continuam, agora com algum cuidado de parte a parte e perante os nossos olhares assustados.
Ainda não tivemos férias mas quando nos parece que o tempo está menos propício a incêndios, damos uma volta mais ou menos aqui por perto. Foi assim que visitámos no dia 23 de Agosto uma pacata aldeia chamada de Urgueira, na Serra do Caramulo, pertencente ao concelho de Águeda, para assistirmos à reconstituição do milagre que deu fama ao local. Segundo nos contaram na própria festa, tudo teve início no séc. XIX, quando um homem daquela terra fez uma promessa à Nossa Senhora da Guia de que mandaria construir um forno onde coubesse uma fornada de pão para toda a gente que dele se abeirasse, assim como uma pequena capela para se venerar a mesma santa, caso regressasse a Portugal depois de ter tido algum sucesso por terras do Brasil onde ia tentar a sua sorte. Como a vida lhe correu bem naquelas terras distantes, mandou construir um forno comunitário e também a ermida. O forno passou a ser utilizado por todos, ardendo por 7 dias e 7 noites para se manter bem quente.

Um dia em que estava a passar a procissão, um velhinho descalço aproximou-se e tirou um cravo do andor, segurou-o com os dentes e entrou no forno afastando as brasas e colocando seu pão a cozer. Saiu depois sem sinais de queimadura e com a flor fresca na boca. As pessoas que iam na procissão ajoelharam-se e rezaram perante tal milagre. Este cena deu origem a uma romaria anual, para verem a repetição da cena até ao momento em que o velhinho deixou de aparecer.
A Associação Etnográfica Os Serranos resolveu revitalizar esta romaria no 3º. domingo de Agosto, a partir de 1996.
Todos os anos põem o forno a aquecer durante 3 dias para estar pronto para a cozedura.
Fazem uma série de fornadas de pão pequeno que são comprados pelos visitantes que gostam de levar um pão milagreiro que afasta os maus olhados e nunca cria bolor.

Depois o momento mais esperado é a cozedura de uma broa que leva 50 quilos de farinha para ser distribuída pelos romeiros, seguido da repetição do “milagre” (sem foto) em que entra um voluntário dentro do forno que deve estar entre os 200 e os 300 graus, para colocar o pão a cozer, com um cravo na boca, vestido com um trajo serrano de borel e com um gorro para proteger o cabelo e as orelhas.

Julgamos que devem praticar muito para saberem controlar uma respiração muito superficial, conseguindo ajustar a flor de forma a proteger as narinas e movimentando-se de cócoras para evitar a camada de ar mais quente. Mas mesmo com todos estes cuidados, é sempre muito impressionante e perigoso.

Da parte da tarde juntam-se vários ranchos folclóricos que actuam sem palco e sem sistema de amplificação, com participação espontânea do público. Os visitantes comem, bebem, dançam e cantam durante toda a tarde. As comidas são tradicionais e não se vêem roulotes de churros e sandes.


Vê-se muita gente vestida com trajos tradicionais o que dá um colorido muito bonito à festa. E é curioso depois de andar pelo meio de centenas e centenas de pessoas, saber que aquela aldeia tem apenas 12 habitantes. Ao pôr-do-sol juntam-se perto do forno todos os ranchos que participaram na festa cantando “É tão linda a minha terra” acompanhados por centenas de vozes que comovidas sentem necessidade de participar num momento tão bonito. Fica aqui a dica para um passeio para o próximo ano em que resolvam viajar para fora… cá dentro.

O Tobias, o faisão prateado, foi viver para a capoeira de um vizinho. Era completamente impossível mantê-lo connosco depois de me ter atacado com as patas, ferindo-me o rosto muito perto do olho esquerdo. Comecei a ter medo de lhe pôr comida e água e por isso resolvemos dá-lo a alguém que o estimasse mesmo com aquele mau-feitio.



Miguel, o robot, fez o seu trabalho assustando os corvos e evitando assim a praga responsável por colheitas muito desfalcadas.

O Milhas andou uns tempos mais calmo, voando pacatamente com a companheira e o filhote. Ultimamente não os temos visto e não sabemos se já estarão de partida para o norte de África.

Quando observamos o estranho comportamento da Mimosa Púdica, ficamos a pensar que sendo as plantas seres vivos, há umas que são “mais vivas” do que outras. Apresentamos um pequeno vídeo para aqueles amigos que não conhecem a reacção desta planta ao toque. Não se preocupem porque torna a ficar normal depois de breves minutos




E para terminarmos este post, vamos falar de umas estranhas salinas.
Ao visitarmos um amigo que vive perto de Rio Maior, este levou-nos a conhecer as salinas de que nunca tínhamos ouvido falar mas que já havia referência à sua existência em documentos no séc. XII
Esta água vem do fundo de uma mina de sal-gema (97,94 de cloreto de sódio) por onde passa um lençol de água doce que acaba por dissolver este sal tornando-se salgado (segundo os entendidos, sete vezes mais do que a água do mar) e brotando de uma nascente que enche o poço 9 metros de profundidade das Marinhas do Sal. Até há bem pouco tempo esta água era retirada por picotas, sendo hoje por motores eléctricos e depois distribuída pelos característicos compartimentos ao ar livre que todos conhecemos e que se chamam de “talhos”.
Para finalizar o processo de secagem, o sal fica uns tempos espalhado em eiras sendo depois transportado para umas curiosas casa de madeira onde fica armazenado e é vendido.
Deixamos aqui uma sucessão de fotos, que falam melhor que nós, retiradas do site http://www.guiadacidade.pt
Marinhas de Sal de Rio Maior «Guia da Cidade» Locais - Santarém - Região de Lisboa

Em breve voltaremos com mais notícias deste canto