2008-02-28

O perigo espreita no pinhal

Desde o início de Fevereiro que assistimos preocupados à saída das longas filas de processionárias que estão a abandonar os seus ninhos.
Para aqueles que ainda não sabem o que são processionárias, iremos fazer uma breve revisão sobre o tema.
A processionária ou a Thaumetopoea pityocampa é uma lagarta que se alimenta das folhas (agulhas) dos pinheiros, também podendo alimentar-se das dos cedros e abetos.
Os 300 ou mais ovos de cada fêmea são depositados em volta de uma agulha de pinheiro, protegidos por escamas do abdómen da borboleta
Poderão ver o seu aspecto entrando neste link: http://br.youtube.com/watch?v=ukXKBOvCAx4
As lagartas nascem entre Junho e Setembro e fabricam um ninho, ou vários, com os seus fios de seda, onde se resguardam dos frios do Inverno. Ao construirem vários ninhos orientados de maneira diferente, tentam defender-se das temperaturas incómodas, uma vez que não resistem abaixo dos -12º. nem acima dos 32º.
Durante as estações frias, saem à noite para se alimentar das agulhas dos pinheiros.
No início do ano, assim que o tempo começa a aquecer e até Março, as lagartas abandonam os ninhos descendo pelo tronco dos pinheiros, em procissão (daí o seu nome), sendo guiadas por uma fêmea que vai tecendo um fio de seda para não se perderem umas das outras.
Nesta altura do ano é vulgar ver as longas filas que se deslocam rapidamente, embora quase sem darmos por isso, procurando um solo solto que lhes permita enterrarem-se para crisalidar, aparecendo as novas borboletas no Verão, só tendo 1 ou 2 dias para serem fertilizadas e terminarem a postura, finda a qual perecerão.
Além de andarmos a perseguir as longas procissões para as destruir antes de se enterrarem, também cortamos os ramos dos pinheiros que contêm esses ninhos. Mas como há muitos pinheiros demasiadamente altos, usamos umas caixas que comprámos para o efeito que penduramos nos ramos e que têm dentro uma pastilha com feromona (tipo Chanel 5) para atrair a borboleta macho, sendo este depois surpreendido dentro da caixa por uma pastilha de insecticida. No Verão, limpamos as caixas frequentemente e colocamos novas pastilhas.
A foto abaixo mostra o interior de um ninho com as processionárias enroladas, defendendo-se do frio, antes de o destruirmos.

 
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Esta outra foto, mostra o local escolhido por uma fêmea-guia. Reparámos que a terra tinha sido remexida recentemente e ao escavar descobrimos o esconderijo dessa colónia.

 
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Ontem, ao darmos o passeio habitual de fim da tarde com os nossos cães pela extrema da quinta, fomos surpreendidos com o comportamento do Dongo que não parava de vomitar e de esfregar o focinho no chão. A Nanã ao ver a aflição do irmão dirigiu-se a ele para o lamber e no preciso momento começou a disparar em grandes correrias, babando-se e a ganir. Não tivemos dúvidas que tinha havido contacto com pêlos das processionarias. Tivemos que agir rapidamente, só perdendo tempo a procurar as coleiras e trelas e metemo-los de imediato no carro, partindo a grande velocidade para a clínica veterinária uma vez que a celeridade do início do tratamento pode ser a salvação do animal. Chegados à clínica, estavam mais calmos mas era muito nítida a língua grossa que mal cabia dentro da boca do Dongo e os edemas nas faces da Nanã. O médico veterinário já nos esperava e fez-lhes imediatamente o tratamento de choque necessário nestes casos. Felizmente as mucosas estavam com uma cor normal, ao contrário do infeliz cão que noutra sala ao lado estava a ficar com a língua azulada o que indiciava uma necrose dos tecidos, provavelmente com a queda parcial ou total da língua. A gravidade do seu estado podia ser devido a uma demora maior no início do tratamento ou um maior contacto com os pêlos das lagartas.
Foi este acidente que nos fez escrever mais uma vez sobre o assunto. Não esquecer que devem evitar passear com crianças ou animais de estimação em zonas de pinhais nesta altura do ano.

Para quem quiser saber mais, pode consultar esta página que tem um video extremamente bem feito e que responde praticamente a todas as questões sobre a processionaria. Está em espanhol mas é fácil de entender.

http://images.google.es/imgres?imgurl=http://www.espacioblog.com/myfiles/forestman/30tpcuco.jpg&imgrefurl=http://www.espacioblog.com/forestman/post/2006/03/19/la-procesionaria-del-pino&h=960&w=1280&sz=212&hl=es&start=3&tbnid=IWnJI5X-kNDuRM:&tbnh=113&tbnw=150&prev=/images%3Fq%3DCuculus%2Bcanorus%2B%2B%26imgsz%3Dxxlarge%26svnum%3D10%26hl%3Des%26sa%3DN

2008-02-18

Vem aí a Primavera

Aproveitámos a manhã para tirar algumas fotos e falar desta próxima chegada da Primavera. Não fora o frio intenso que se faz sentir durante a noite e já pensávamos ter terminado o Inverno. As plantas também se baralham com a diferença de temperatura entre o dia e a noite e por isso nota-se um atraso no desenvolvimento das flores em relação a outras zonas do nosso país.
As que se apressaram a abrir no jardim foram as da cameleira e do marmeleiro japonês, como podem ver na foto abaixo


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... as pequeninas do hamamélis


... os amentilhos pubescentes do salgueiro


E as primeiras flores dos damasqueiros, estando a aparecer também as dos pessegueiros de fruto temporão e as das amendoeiras










Ainda que as flores estejam um bocado cautelosas para não abrirem numa altura pouco conveniente, os animais é que estão a modificar rapidamente os seus comportamentos perante esta promessa de Primavera.

O pavão do nosso caseiro, o Jacob, veio viver connosco para assim ter o prazer de conviver com a Mariana a pavoa que já apresentámos num texto antigo quando foi sujeita a uma melindrosa operação à qual resistiu. Sendo ela uma jovem viúva, depressa se interessou por este novo namorado ao ponto de o acompanhar pernoitando com ele em cima do telhado da capoeira, ao relento, mesmo com estas temperaturas negativas..
O Jacob esforça-se agora para impressionar ainda mais a sua companheira, exibindo-lhe constantemente o seu rabo de penas coloridas, sem se aperceber que ainda é cedo e que as suas penas pouco desenvolvidas ainda não estão muito famosas para amolecer o coração da Mariana numa violenta paixão. Talvez por isso o desinteresse dela - mais que evidente - por esta pobre exibição do apressado Jacob. Apenas uma ou outra galinha é que lhe dirige um olhar de estranheza
.

De frente...


de lado...


... e de costas

2008-02-14

Quem é quem?

Andava aqui ás voltas sem saber como começar este texto. Queria homenagear alguém que não conhecendo pessoalmente considero um grande amigo, o Augusto Mota.
O acaso fez com que nos cruzássemos na blogosfera quando encontrei no “Pilriteiro” resposta a muitas questões que me andavam a preocupar, relacionadas com a jardinagem, com a agricultura, com o ambiente em geral.
A amizade foi-se instalando e durante esta simpática ligação fui conhecendo a qualidade artística dos seus “textos transversais” publicados no blog
“Palácio das Varandas”, mas também o caderno de prosa intitulado “quadriculado”, editado em 1959 e o livro “Sujeito Indeterminado” publicado em 2005, composto por pequenos textos num encantador jogo de palavras:
“Em noites de lua cheia enfunava as velas da fantasia e navegava solitário sobre as searas da solidão. A caminho do cabo da boa esperança”
A par da escrita também o desenho, a pintura, o mosaico, autor de diversas ilustrações em livros de poesia, cenógrafo em grupos amadores de teatro, vencedor de 3 primeiros prémios com o seu filme “Variações sobre o mesmo traço”, participou em várias colectivas. Em 1988 recebe da Câmara Municipal de Leiria o galardão do município "pela sua valiosa e multifacetada obra artística e cultural”
Entretanto a Gradiva reeditou há poucas semanas 500 exemplares do álbum de banda desenhada “Wanya - Escala em Orongo” com texto de Augusto Mota e desenho de Nelson Dias, falecido em 1993.
Editado pela primeira vez em Dezembro de 1973 pela Assírio & Alvim com uma tiragem de 5.000 exemplares que viria a esgotar-se rapidamente, acabou por entrar na lista dos livros considerados perigosos pelo anterior regime, situação que ficou resolvida com o 25 de Abril, quatro meses mais tarde.
Segundo Rui Zink trata-se de “um livro-poema generoso, engenhoso e complexo, a obra "Wanya - escala em Orongo" foi inovadora ainda na temática, cruzando ficção científica e o fantástico com uma mensagem de libertação social do Homem.”
Fiz a encomenda pela Internet e neste momento já estou na posse do álbum para o poder ler calmamente, não esquecendo o momento político em que foi escrito... há 35 anos atrás.


 
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Para quem quiser saber mais, poderá consultar o site: http://wanya-escalaemorongo.blogspot.com/

2008-02-11

Uma visita quase escaldante

Uma tarde destas, quando estavamos sentados na salinha pequena a estudar um plano para o tratamento das árvores de fruto, ouvimos um barulho estranho meio aflitivo e abafado. Levantámos a cabeça a esperámos que se repetisse, o que aconteceu poucos minutos depois. Percebemos que o som vinha do interior da salamandra. Abrimos a porta com cuidado e vimos com muita surpresa que se tratava de uma pardoca ou pardaleja, a fêmea do pardal.
Dizemos com muita surpresa porque já não esperavamos este tipo de visitas depois de termos mandado cobrir a saída da chaminé exterior com uma rede fina.
A fêmea imobilizou-se ao sentir a portinhola a abrir e nós aproveitámos esse momento para tirar algumas fotos.

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Foi uma sorte o animal ter dado sinais da sua presença. Se não fosse assim, com as noites tão frias que têm estado nesta zona, acabaríamos por dar origem a uma cena dramática quando acendêssemos a salamandra ao serão.

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Felizmente tudo acabou em bem e a pardaloca foi devolvida ao seu espaço, no qual entrou com um esvoaçar nervoso.