2008-07-31

A festa dos sabores

Este ano semeámos uma qualidade diferente de feijão-verde. É aquele feijão de vagem redonda que vemos em certas misturas de legumes congelados. Não esperavamos que essas vagens crescessem tanto, mais de meio-metro de comprido, dando grande satisfação no momento da colheita. O paladar também é diferente do nosso feijão verde, tendo um gosto mais suave.

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Fizemos uma salada belíssima depois de o cozermos já cortado, juntando a rodelas de ovo cozido, tomate fresco e maduro, cebola às rodas, alho picadinho, enfeitado com azeitonas galegas, temperado de azeite e polvilhado com orégãos.

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Mais tarde resolvemos apresentar à mesa um prato de courgettes cruas e ainda repetir a experiência da fritura das flores de abóbora.

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As cougettes escolhidas devem ser das pequenas e macias. São apenas lavadas e depois cortadas às rodelas finas, quase transparentes e temperadas com azeite, sal, pimenta, raspa e sumo de limão. Há quem polvilhe com folhas picadas de mangericão, mas nem toda a gente aprecia este tipo de perfume na comida
Para quem não tem horta nem ninguém conhecido que a tenha, vai ser difícil obter as flores de abóbora uma vez que não é costume vendê-las no mercado.
Usam-se apenas as flores macho já que as fêmeas são as que dão origem a novas abóboras e não interessa prejudicar a produção. É fácil reconhecê-las porque as flores fêmea têm logo de início a aboborinha ligada a si..

Depois de lavadas, abrimo-las e retirámos o pistilo, o centro onde está o pólen e o néctar.

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Preparámos então o polme com farinha de trigo, um pouco de maizena, uma colherzinha de fermento, um salpico de sal fino, tudo desfeito com água gelada. Não ficou muito espesso, nem muito líquido, apenas o suficiente para pintar de branco a ponta dos dedos.
Depois de bem molhadas neste polme, metemo-las, uma a uma na fritadeira eléctrica a 160º apenas a dourarem. Desta vez ficaram bem durinhas e crocantes.

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Um prazer para a vista e para o paladar.
Bom proveito!

2008-07-12

Visitando alfarrabistas

É sempre no Verão que nos afastamos mais da escrita e das visitas aos blogs que achamos mais interessantes.
É altura de levantar a batata, cebola e alhos da terra, de regar e sachar as hortas, colher feijão verde, courgettes, funcho, pepinos, aipo, rabanetes, alface, rucola, ameixas, nêsperas, morangos, maçãs (antes da devastação dos corvos e melros), fazer a rega com aspersores ao milharal, cortar a relva quase semanalmente para mantermos o jardim com melhor aspecto, fazer a segunda poda das alfazemas, regar e adubar os canteiros, cortar as flores secas para assim estimular a produção de muitas mais, tratar dos nossos animais, acompanhar os nascimentos na chocadeira, continuar o ensino aos cães mais jovens e muitas mais tarefas que agora nem nos ocorre. Além disso acompanhar familiares e amigos que aproveitam este período para nos visitar, ficando connosco por períodos mais ou menos longos o que nem sempre significa ter mais braços para ajudar :)))
Mas por vezes conseguimos libertar-nos das tarefas para nos afastar, assistir a alguns espectáculos, visitar alguns amigos, fazer alguns passeios…

Há duas semanas atrás fomos passar dois dias em Lisboa e aproveitámos para dar uma espreitadela nos alfarrabistas da Rua da Misericórdia.
Temos este gosto estranho de gostar do toque e do cheiro dos livros antigos.
Procurávamos livros da antiga Biblioteca dos Rapazes e Biblioteca das Raparigas para aumentar a nossa biblioteca que faz as delícias dos mais jovens que permanecem connosco nas férias escolares.
Havia poucos livros juvenis mas houve um que ao abrir nos deixou de imediato decididos a adquiri-lo. Chamava-se “as férias” e escrito pela condessa de Ségur, que tinha o nome de Sophie Feodorovna Rostopchine, nascida na Rússia em 1799 e tendo acompanhado seus pais no exílio para Paris onde viria a casar-se com o Conde Eugene Ségur. Começou a escrever aos 58 anos.


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Mas o que nos fez comprar este livro, foi o facto de ter o nome manuscrito da sua proprietária assim como o ano da posse.


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Não sabemos explicar o que nos encanta, de modo a não conseguirmos resistir a este tipo de “marcas”
Outra das aquisições foi um livro mais antigo chamado “ Manual do Jardineiro”

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e desta vez a compulsão foi por termos encontrado um montinho de pequenos recortes que o anterior dono/a do livro foi pacientemente coleccionando e guardando entre as suas páginas.

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Acreditem que sentimos um prazer imenso em manusear estes livros, ler lentamente cada recorte, ficar a admirar os sublinhados feitos a lápis no próprio livro. E principalmente, sentir que os adoptámos, desprezados por alguém que se decidiu pela sua venda por não encontrar neles qualquer interesse que justificasse a sua posse.
E por esta ou aquela razão acabámos por vir com um saco de 8 livros antigos. Agora só é preciso arranjar tempo para podermo-nos deleitar com uma leitura relacionada com costumes e práticas já esquecidas ou abandonadas por nós.
Talvez no Inverno sentados em frente da lareira durante as noites longas e frias.