2007-12-29

É só para dizer...

É só para dizer que este amiguinho que já vos apresentei há dias e que afinal não chegou a hibernar mais parecendo um animalzinho de estimação por gostar de andar sobre nós apreciando o calor dos nossos corpos, metendo o focinhito dentro das nossas mangas ou na gola quente das camisolas…
 
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… estando cada vez mais confiante nas nossas mãos…
 
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… e adormecendo facilmente em qualquer posição...
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... apareceu morto na noite de Natal dentro da caixinha onde dormia.

2007-12-19

Uma história quase de Natal

O frio veio tarde mas apareceu com toda a força. No início só o sentíamos ao cair da noite deixando os dias encherem-se de sol e a manterem-se demasiadamente quentes, o que dava origem a violentos choques térmicos.
Os eucaliptos que começam a invadir as zonas próximas após o devastador incêndio de há 2 anos, não conseguiram manter as suas folhas verdes após estas mudanças bruscas de temperaturas e têm este aspecto muito idêntico a uma nova passagem do fogo

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Mas agora o frio já se faz sentir de noite e de dia, pondo fim à infestação de lagartas e outros bicharocos que nos estavam a dizimar a horta.
Com a chegada das primeiras chuvas, ainda que muito fraquinhas, resolvemos semear um terreno de pasto para corte (para fazer fardos). O saco de sementes diversas custou tão caro que temos receado semeá-lo com um tempo demasiado seco. Mas, como não se pode esperar indefinidamente, resolvemos arriscar e preparámos as terras.
O dia da sementeira é um dia de alegria para as dezenas de corvos que já conhecem o trabalho do tractor perseguindo-o e já sabedores que após este trabalho segue-se aquele momento extraordinário em que se atiram sementes para a terra que embora cobertas com outra passagem do tractor, muitas ficam à superfície fazendo as delícias de qualquer corvo mesmo pouco guloso.
Por isso, e como sempre, após a sementeira seguiu-se a invasão dos corvos. Esperamos que as sementes dêem para eles e para nós que as pagámos.
Mas o trabalho das lavras no terreno, preocupa-nos sempre porque desconcertam temporariamente o habitat de uma série de pequenos animais. Aquele pelo qual sentimos um maior carinho, é o ouriço-cacheiro.
Como estivemos e estamos ainda a preparar terrenos para outras sementeiras, pode acontecer destruirmos as tocas dos ouriços que nesta altura devem estar a hibernar defendendo-se deste frio intenso.
Uma noite destas, depois do passeio tardio com os nossos cães, reparámos que a Nanã não parava de ladrar olhando fixamente para o chão. Fomos ver o que era e vimos um ouriço ainda muito jovem, todo enrolado e sem se mexer.
Pegámos-lhe com muito jeito, mais por nós do que por ele, e trouxemo-lo connosco. Devia ser um dos tais desalojados porque não estava tempo para um animal hibernante andar a passear pelos terrenos.
Pusemo-lo numa gaiola com palha e deixámo-lo coberto com ela deixando também pedaços de maçã e um pequeno ovo. No dia seguinte a comida estava intacta e ele continuava enrolado no mesmo local.
Ao fazermos uma panelada de comida para os cães, espalhou-se o vapor da cozedura pelo espaço, aquecendo-o. O nosso pequeno amigo ao sentir aquele ar quentinho, começou a espreguiçar-se muito lentamente... primeiro o pescoço, depois as patas da frente, num vagar mesmo de preguiça, depois as patinhas de trás esticando-se completa e longamente (sentimos um desgosto enorme de não termos a máquina connosco para registarmos este momento tão engraçado), começando depois a farejar o ar e a andarilhar pela gaiola.
Ficámos muito preocupados porque na realidade a chegada da Primavera era só uma aparência, não distinguida por um ouriço inexperiente destas coisas da Natureza.
Assim que apagámos o fogão e o ar arrefeceu de novo, o animal começou a enrolar-se e tremer de frio. E agora que fazer? Mantê-lo numa temperatura que lhe fosse cómoda até à chegada real da Primavera ou deixá-lo perceber que afinal ainda estávamos no Inverno?
Trouxemo-lo para casa e ao sentir o calor das nossas mãos, o ouriço estava cada vez mais descontraído, abrindo-se facilmente e deixando fazer-lhe festas no focinho.
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Andava tão à vontade que nos permitia visualizar uma série de pulgas caminhando pelo seu corpo. Também deviam estar desorientadas sem saber se haviam de abandoná-lo que de tão frio parecia estar prestes a morrer ou manterem-se até o seu aquecimento.
O processo arranjado para as eliminar foi retirá-las com uma pinça, um trabalho a exigir muita perícia com uma forte dose de paciência e golpe de vista.
Passado algum tempo reparámos que já não tremia de frio e pusemo-lo na caixa com palha para vermos qual a sua decisão. E ele tomou a mais acertada: foi-se afundando com as patas, remexendo na palha, até ficar todo coberto e deu início de novo à sua hibernação.
Agora é só deixarmos pedaços de fruta para ele poder comer quando a fome apertar um pouco, mesmo nesta fase de letargia.
Prometemos ir dando notícias deste novo inquilino

Aproveitamos este post para deixarmos os votos de Boas Festas e Feliz Ano Novo para todos os amigos