2007-10-22

Quando os homens da ciência também falam de compotas…

Há umas semanas atrás, recebemos um mail de um senhor chamado Mário Portugal que explicou ter-nos conhecido através do post de Março deste ano onde falamos do cientista Bettencourt Faria... e que era seu irmão.
As grandes surpresas da blogosfera !
A partir desse momento iniciou-se uma troca diária de mails.
O Mário é uma pessoa extremamente delicada e generosa, fazendo parte da grande família de radioamadores. Tem um saber imenso sobre múltiplos assuntos relacionados com a ciência. Uma curiosidade desmedida sobre o funcionamento de tudo o que é novo. Um gosto enorme pela vida e uma alegria que transpira em tudo o que escreve Os seus mails lêem-se e relêem-se absorvendo todas as informações e memórias que ele adora partilhar.
Entre tanta informação variadíssima, fomos surpreendidos pela gentileza do envio de uma receita ainda manuscrita pela sua falecida mulher.
Em sua homenagem demos-lhe o nome de “Doce de Figo da D. Alice”
Como a nossa figueira ainda tinha uns figos meio maduros, resolvemos experimentar a receita de imediato. É facílima de fazer e posso garantir-lhes que é um doce de comer e chorar por mais. Para os interessados (e estamos a pensar no Luciano) aqui segue a receita.

Primeiro lavam-se os figos e depois faz-se em cada um, 2 ou 3 furinhos com um palito.
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A seguir pesam-se e põem-se num tacho, juntando igual peso em açúcar. Cobrem-se com água e deixa-se ficar a descansar de um dia para o outro.
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No dia seguinte põe-se o tacho ao lume e vai-se deixando ferver lentamente mexendo com cuidado por uma hora ou mais
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de forma a ficar um caramelo não muito espesso.
Se por acaso engrossar demasiado, como nos aconteceu, junte um pouco de água com precaução porque vai espirrar pela certa.
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Depois de pronto é só deixar arrefecer e pôr em frascos de boca larga
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Comem-se assim inteirinhos e bem regados de caramelo.
Se ainda têm alguns figos maduros ou meio maduros nas vossas figueiras, não hesitem e experimentem. Depois agradeçam esta partilha ao cientista Mário Portugal :))

2007-10-03

Os nossos cachorros

Depois de uma ausência justificada por algum cansaço e falta de imaginação para o exercício da escrita, voltámos ao vosso convívio para vos mostrar as fotos dos novos residentes na quinta.
 
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Apaixonámo-nos por estes dois manos Leões da Rodésia assim que vimos a ninhada com um belíssimo aspecto denunciando um tratamento cuidado, assim como os seus progenitores.
Leão da Rodésia é uma raça africana, óptima para guarda e que era usada em matilha na caça ao leão.
Nós somos um pouco indiferentes ao pedigree dos cães porque sempre tivemos rafeiros, encontrados abandonados. Mas compreendemos que alguns comportamentos são mais previsíveis em determinadas raças. Não somos muito entendidos no assunto mas há duas delas que fazem parte da nossa paixão. A primeira é o Cão de Castro Laboreiro, uma raça portuguesa muito antiga, que mantém características lupinas. Autóctone de Castro Laboreiro, freguesia no extremo norte de Portugal, pertencente ao concelho de Melgaço, esteve em vias de extinção. Só os esforços de algumas pessoas interessadas na divulgação da raça com características de guarda e pastoreio é que evitaram que tal tivesse acontecido. Foram ao ponto de distribuir cachorros por pastores da zona para tentarem implementar o uso deste tipo de cão. Há muitos anos que temos um enorme carinho por esta raça e esforçamo-nos por os termos na nossa companhia. Com a morte do Odin a que me referi no post “Será que vale a pena?” ficámos apenas com o Baco, aquele cão grande de olhar atento que está deitado aos meus pés esperando que me levante da sesta, no post “É só por um bocadinho”. É um cão de aparência feroz para estranhos mas de uma total dedicação ao dono e muito afectuoso para com as crianças, como bem pode dizer a pequena Leonor que o tem como confidente, abraçando-se ao seu pescoço, enquanto se lastima em grandes prantos, perante a imobilidade e o olhar compreensivo de uma alma canina que percebe o desgosto e lhe dá o apoio da companhia serena.
O Baco não é um cão de pastoreio porque não o soubemos preparar, ignorando que havia a necessidade de o introduzir no estábulo onde deveria comer e dormir para aprender a conviver com as ovelhas desde pequenino. Por isso, sofre do impulso de caçar borregos, muito estimulantes nos seus saltinhos e pequenas correrias. Não vale a pena insistir porque não consegue resistir. Inicia a perseguição com melhor ou pior resultado e a seguir mete-se no canil com um ar muito comprometido. A única forma de evitar esta situação é ter o rebanho afastado das vistas e sempre que possível em pastos protegidos por rede ovelheira.
Depois do Castro Laboreiro, a nossa paixão vai para o Leão da Rodésia ao qual estamos muito ligados desde que tivemos o Thor, a quem dediquei um post de saudade em Setembro do ano passado e a sua irmã Tanit que ainda é viva embora já a ficar velhota e com vários problemas de artrose. Chamava-lhes a minha guarda pessoal.
Os Castros passavam o tempo rondando a quinta por dentro e por fora e as casas, preocupados com todo o movimento estranho. Os Leões pouco se afastavam, preocupados com a guarda dos donos. Quando fazíamos nós as rondas, o Thor ia sempre colado a mim, a Tanit ao meu marido, calados e atentos a todos os ruídos. Faziam uma guarda excessiva aos bens dos donos. Não os podia ter à solta enquanto trabalhavam os homens das obras porque se sentavam em cima da pilha de tijolos e dos sacos de cimento e rosnando impediam que alguém utilizasse os nossos materiais. Outra mania que tinham era a de não aparecerem, embora estivessem atentos, quando alguém entrava na quinta mas presentes, e bem presentes quando saía. E o pior é que carros e bicicletas, depois de entrarem aqui, já não podiam sair… talvez por acharem que passavam a pertencer-nos. Bem, e se a pessoa entrava de mãos vazias e saía com embrulhos, então é que perdiam mesmo a cabeça.
Identificam-se facilmente pela crista no dorso formada por pêlos que crescem no sentido da cauda para a cabeça, ao contrário do que sucede com a restante pelagem e por isso o nome original de Rhodesian Ridgeback como podem reparar na foto abaixo
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E então, nós que só íamos ver o aspecto de uma ninhada, acabámos por vir para casa, não com um mas sim com dois cachorros, um casalinho de manos que parecia serem muito unidos.
Aos poucos vão sendo aceites pela matilha residente. Na foto abaixo podemos reparar nas suas brincadeiras perante a indiferença do Baco que se comporta como o líder e da Tanit que já estava cansada de brincar com eles, na sua preocupação de os preparar para futuros guardas.
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Apenas a Pandora, que já conhecem do texto “É só por um bocadinho” estando deitada à direita da foto e que gosta de caçar coelhos que oferece depois ao nosso caseiro, é que não está para aturar estas tropelias constantes e ignora-os simplesmente.
Alguém nos disse que era comum dar nomes africanos aos cães desta raça e como temos a mania de dar nomes de deuses antigos, andámos a pesquisar a mitologia africana. Foi difícil mas acabámos por nos decidir por Dongo, o deus do trovão e do fogo e Nanã Buluku (utilizamos só o primeiro nome), divindade hermafrodita, deusa da chuva, protectora dos doentes e idosos.
Na foto abaixo pode-se ver a preocupação deles perante o afastamento dos donos.
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O Dongo, que só tem 4 meses, já me acompanha nas caminhadas, com o focinho colado a mim, tal como fazia o saudoso Thor.
São tão traquinas e têm uma tal vitalidade que parece termos o diabo à solta aqui na quinta.

Post-Scriptum: Soubemos hoje que 3 manas desta mesma ninhada ainda esperam por donos dedicados.