Nesta tarde cinzenta enquanto bebíamos uma mistura de chá príncipe com flores de tília e saboreávamos uns biscoitos de canela acabadinhos de sair do forno, estivemos a ouvir dois Cd’s da Billie Holiday.
Billie Holiday nasceu a 7 de Abril de 1915 em Baltimore, no seio de uma família pobre. Seus pais tinham 15 e 13 anos quando ela nasceu e naturalmente sem maturidade necessária para a educar. O pai abandonou a família quando Eleanora, seu nome de baptismo, era ainda bebé. Teve uma infância e adolescência miseráveis sendo violada em menina e cravando os dentes no fel da vida através da prostituição, prisões e drogas. Começou a cantar com 15 anos nos bares nocturnos de Nova Iorque, tendo acompanhado mais tarde os famosos Bessie Smith, Duke Ellington, Count Bessie, Lester Young e outros.
Mesmo no auge da sua carreira, foi sujeita a actos de segregação racial, não podendo frequentar os mesmos hotéis dos brancos quando acompanhava a banda nas suas tournées e sendo obrigada a usar elevadores de serviço para não incomodar os clientes brancos. Casou-se diversas vezes e essas ligações apenas serviram para a afundar mais no lado negro da vida por se ver trocada por outras mulheres, por ser roubada, por ser espancada e por ser levada a experimentar drogas cada vez mais fortes.
A sua voz tinha uma tessitura de uma oitava só. Mas essa limitação vocal era compensada com um intenso dramatismo, com uma tal expressividade que a tornava única.
Morreu em Nova Iorque a 17 de Julho de 1959 por não ter conseguido resistir aos efeitos do álcool e das drogas e deixou uma autobiografia intitulada “Lady sings the blues”
Um dos seus maiores êxitos foi a canção “Strange Fruits” escrita por um professor judeu que ao ver uma foto de negros enforcados e pendurados nas árvores por brancos racistas, baloiçando como se fossem frutos horrendos, resolveu escrever uma canção de protesto denunciando a opressão exercida sobre os negros dos EUA.
Conta-se que Billie Holiday chorava sempre que a cantava, também ela perseguida pela cor da sua pele.
Aqui fica o registo de uma das suas interpretações.
Se quiserem saber um pouco mais sobre o que motivou a letra desta canção, podem aceder por aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=isU_OjY94NY
2007-09-16
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36 comentários:
Belo, Ana. É uma das minhas canções preferidas de Billie. E este vídeo mostra-nos uma interpretação fabulosa.
Um beijinho.
Fabuloso, sem dúvida, mas impressionante, Ana. Soltei uma lágrima.
Beijinhos
Belíssimo texto Ana. Um beijinho
Terrível o poema. Não consegui ouvir muito bem, mas do vídeo vê-se como é expressiva.
Gostei deste post. Gosto de ouvir a Billie Holiday. Imaginava que teria tido uma vida difícil, mas não sabia quão difícil.
um beijinho
Mais uma vez, um obrigado por outro édito muito bom, não direi que belo, pois é triste, como triste foi a vida de Billie H.e como triste, mesmo muito triste é a história que dá origem a esta canção.
Valha-nos a voz e sobretudo a poderosa interpretação da canção; Billie H., como todos os grandes artistas que morreram precocemente, tornou-se num mito.
Há uma coisa nos teus éditos, de que gosto muito; é o uso habitual do nós em vez do eu; que bem que fica...
Beijinhos.
como sempre Ana, um senhor texto.
difícil é comentar certos assuntos...
todos diferentes, todos iguais.
um beijo
luísa
Gosto da Billie e nunca pensei que tivesse tido uma vida tão dramática.
Foram tempos amargos para os negros.
Gostei muito do texto e das informações que nos transmitiste.
Boa semana
Beijitos
Mais uma vez me ensinaste algo.
BEIJO GRANDE
Quem não gosta do Billie e não o ouviu?
Estou a falar pelo menos dos "entradotes"...
Ana, estou em divida contigo... não me esqueci... mas as coisas têm sido complicadas.
Tive notícias tuas, vossas. Tenho pena de ter perdido a oportunidade de estarmos juntos.
Mas outras oportunidades irão surgir
Abração
Uma delicada memória da carne negra e voz sofrida. Gostei muito que a tivesses trazido! Como se sente que nos damos tanto, sem saber nem querer. Um bom acaso! Bjinhos
Olá!
Sabes que eu, desde os 4 anos que tinha vontade de ir para os Estados Unidos? Sabes porque nunca fui? Exactamente pelas razões que contas nesta tua história. Ku klux klan, e companhias. Nunca pude com qualquer tipo de racismo e foi este que me veio a desmotivar. Foi sepre a pior coisa que eu conheci, indirectamente, dos Estados Unidos e cheguei a ter a dita Carta de Chamada feita. Até tive a informação que podia ir sem Carta de Chamada que a Polícia de Imigração não me prenderia e até me ajudava a legalizar! Mas a vontade que tinha sido enorme foi fenecendo sempre até hoje. E 22 anos depois, recebi uma carta da Embaixada Americana que uma vez que nunca disse mais nada, me perguntavam se ainda estava interessado em ir para os Estados Unidos. fartei-me de rir, como eles foram desenterrar os arquivos. Quase toda a minha família esteve ou está nos Estados Unidos e eu ainda ando por aqui. São estas coisa que nos fazem reviver o passado, mesmo quano histórias tristes.Bjs.
O raio do anónimo em cima sou eu, numa falsa passada. Bjs.
*
Billie Holiday
a, lágrima ...
*
xi
*
o texto acompanhado da voz da Billie...até dá vontade de ir a correr para casa e por os vinil a "tocar".
Ana lindo texto minha querido, adorei tudo o que escreveste.
Imprecionante.
Boa semana amiga.
Beijinhos com sabor a mar.
Fernandinha
a força humana é grandiosa...
saturday night kiss!
Uma canção com uma letra arrancada pela força da poesia.
Soberbo!
Abraço raiano
Ana, desde pré-adolescente, quando a ouvi pela primeira vez, que a Billie H. se tornou a minha cantora de jazz preferida, mas pouco sabia da sua biografia. Texto e história fortes e belos apesar de carregados de tristeza.
Beijinhos.
Que triste, mas elucidativo. Ao contrário do que se pensa, a sociedade americana é extremamente racista. Beijinhos
É sempre bom recordar os grandes da música.
Obrigado pelas suas palavras na minha ASTRONOMIA.
Boa semana para si.
Diria uma bucólica história americana!...
Fiquei mais rico, amiga!
abraço
Olá Ana, por onde tens andado?
Já tenho saudades tuas.
Beijinhos com sabor a mar.
Fernandinha
São momentos destes que fazem a nossa felicidade. Beijinho ell
Tenho vindo a este post, sem nunca o conseguir comentar.
É um nó que não desata o (des)humano nos homens.
Beijito agradecido
BOA MEMÓRIA
É BOM NÃO PERDER MEMÓRIAS PARA CONSTRUIR AMANHÃS
Obrigada pela partilha de todo esse conhecimento!
Beijnhos grandes
*
passei aqui
*
Olá,
é por terem existido grandes figuras com a Billie Holiday que hoje podemos ter liberdade de pensamento e de muitas outras coisas. A vida dela mostra-nos que apesar das adversidades temos de lutar, ser fortes e seguir em frente...
Ela tinha tudo para ser uma pessoa decadente e apesar das dificuldades foi uma diva...
Obrigada pelo post... está maravilhoso
Excepcional texto. A mim ainda me tocou mais fundo, neste momento que estou a viver. Porque sou pai e avô. Porque sinto a amargura de pressentir a minha filha a viver momentos de ansiedade por ter ficado, de repente, com dois filhos menores, 9/12, à sua responsabilidade e vê-los a sofrer por não perceberem lá muito bem o porquê de ficarem com pai fora de casa, inesperadamente (para eles, pelo menos).
Vou à procura dum CD de Billie...
Bj
Vim espreitar...
Deixo beijitos.
Bom fim-de-semana.
Olá Ana. Voltei a emocionar-me com o texto e com a interpretação de Billie.
Um beijinho.
Acredito que tenha sido uma excelente mistura.
Vou linkar oeste blogue (já o devia ter feito há mais tempo).
Recordar.. recordar.. saio feliz e de alma cheia.
Obrigada
Beijo
Ana, posso confessar-te que esta canção me fez chorar?
Olá amiga, Ana Ramon passei para deixar-te muitos beijinhos.
Fernandinha
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