Passámos a estar mais atentos e fomos seguindo a sua evolução. Primeiro aparecia o alcatrão estalado e com este aspecto:
Depois, passados poucos dias começava a elevar-se
Até que finalmente ao vermos a placa de cima afastada como se tivesse havido acção da mão de alguém, percebemos que a responsabilidade do ocorrido não eram as raízes dos jovens pinheiros, mas sim um fungo que finalmente mostrava o seu rosto
Lembrámo-nos então de uns cogumelos muito feios, com a forma de uma flor quase preta, de pétalas grossas que baptizámos como “Flor do Diabo” e que aparecia com alguma frequência na zona dos pinhais. No início tem este aspecto:
Depois fica parecido com a tal flor escura, cheia de esporos que se levantam com o vento
(Esta foto foi retirada da Net)
E com o tempo envelhece ficando com este aspecto
Quando as dúvidas recaem sobre cogumelos, pedimos ajuda ao Manel que publicou o nosso problema no fórum:. http://cogumelosportugal.forum-livre.com/
Passado muito pouco tempo fomos informados que se tratava do cogumelo Scleroderma polyrhizum
Disse-nos o Manuel: “Estes cogumelos são micorrízicos, ou seja, vivem em simbiose com as árvores. O micélio leva até à raiz da árvore nutrientes que de outra forma esta não conseguiria absorver (minerais) e vaí lá buscar (à arvore) a glicose que, por ser um fungo, não elabora a fotossíntese, logo não a consegue sintetizar. Essas estruturas miceliais são bastante grandes e podem durar até milhares de anos em alguns exemplares.
Quanto aos furadores de alcatrão, eles não são maus de todo, apesar do prejuízo que te causam. Estes cogumelos são considerados pioneiros. Ou seja, a sua função é preparar o terreno, para depois virem as espécies que nós gostamos de comer. É um sinal de saúde do terreno. A sua aparição é consistente com os pinheiros novos do lado direito da estrada”
Um dos participantes desse fórum publicou a notícia de um jornal da região de Zamora em Espanha (laopinióndezamora.es), que informa que a estrada que liga Valer de Aliste, Abejera de Tábara, Gallegos del Rio e Puercas, construída com um aglomerado especial de 10 cm de espessura, tendo em vista não necessitar de manutenção durante 10 anos e podendo suportar o peso de veículos até 16 toneladas, está a ficar parcialmente destruída pela acção dos Scleroderma polyrhizum
É incrível como um cogumelo que se desfaz facilmente nas nossas mãos, tenha a capacidade de levantar e afastar placas de alcatrão com esta espessura. Em Portugal são uma permanente dor de cabeça para o pessoal da JAE
A conclusão que se pode tirar deste fenómeno é que a culpa não pertence só aos cogumelos destruidores de estradas alcatroadas. Estas é que são cada vez mais invasivas, merecendo a reacção de uma Natureza sempre atenta.
77 comentários:
Pena é que não sejam todos assim!!!
Beijinhos! e Boa semana!!
Olá Ana,
Parabéns pelo texto. Podes perfeitamente usar o que eu escrevi sobre as tuas "flores do diabo". Ou qualquer outro tema. Se disse asneira, pois alguém virá corrigir-me. Assim também se aprende.
Só deixo aqui a ressalva que não sou especialista, apenas um recente entusiasta dos cogumelos. Logo o que escrevi, pode ter imprecisões científicas.
Mesmo a identificação da espécie pode não estar 100% correcta. Pode ser um cogumelo do mesmo género mas de outra espécie. Em http://www.mushroomexpert.com/scleroderma_polyrhizum.html, eles dizem que esta espécie, possivelmente é micorrízica. Como a vejo sempre associada a pinheiros nas minhas caminhadas, também acredito que sim. Mas é este o nível de conhecimento que tenho do assunto, com origem em leituras, conversas com outras pessoas que sabem mais que eu e uma ou outra acção de formação.
De qualquer das formas, não estamos longe da verdade e de entender o que se passa com o teu alcatrão. É isso que posso partilhar, com todos.
Agora, é certo que os cogumelos desempenham funções vitais nos seus habitats. Com tanta força, que nem o alcatrão consegue deter alguns deles. Sobre isto, podem ver um vídeo do Paul Stamets, no meu blogue (o tópico tem o mesmo nome) ou muitos outros no youtube.
Até breve!
Manel
Olá Ana.
Fascinante, esta história das "flores do diabo". Realmente, é incrível como a natureza, que parece tão frágil, acaba sempre por vencer os ataques que sofre,
Incrível mesmo. Não duvido, mas continuo com dificuldade em imaginar um fungo com esta força!
Mais uma nova aprendizagem com as tuas "flores do diabo"!!!
Nem sabia que existiam. É de força assim que precisamos para vencer...mas somos só seres humanos...não somos "flores do diabo"!!!
Obrigada por mais esta partilha de saber....
Beijitos
Estamos sempre a aprender!Este é um bom trabalho. A Ana só não nos disse o tipo de alcatroamento: se o alcatrão foi vertido directamente sobre a terra do caminho, ou se foi sobre uma caixa de pedra (pavimento do tipo macadam). Com esta informação poderíamos ter uma ideia da força do fungo. Um abraço
Oi Ana Bela
Como de costume, deu-me muito prazer saber desta históra de certos cogumelos e tão bem descrita.
Parabéns pelo seu belo escrito e, agora, venham mais...
Mário
Incrível a força da natureza!!
Beijos
ola
não tinha conhecimento que um cogumelo poderia fazer tal estrago.
achei este post muito interessante
beijinhos
Incrivel Ana! Como uma especie vegetal tão fragil consegue perfurar alcatrão!! Inimaginável.
Fiquei a saber que afinal os cogumelos não são assim tão "parasitas" como eu julgava. Neste caso há uma parceria entre o cogumelo e a árvore, um equilibrio importante de sobrevivência.
Quase que se podia dizer que as duas "espécies" estão em guerra, a espécie das estradas e a dos cogumelos. A proliferação de estadas é bem mais intensa que a dos cogumelos e ambas lutam contra a extinção: A cidade contra o campo e vice-versa.
Beijinhos, fiquei contente de encontrar um artigo novo no blog, venho cá muitas vezes sempre à procura de novidades.
Que notícia e como a Natureza...enfim, se revolta como pode!
Prefiro as notícias da quinta-quinta e cachorrinha.
Um beijinho para aí, tempo de Primavera e centro de um Universo que me agrada.
Olá Ana.
Fazalgum tmpo que não visito teu epaço.Crei que és mestrada em biologia, botanica,literatura etc.etc.etc. Teus textos são muito elucidativos,dom que humildemente confesso não possuir.
Certamente que estás satisfeita com esta pequena mudança climática, pois dum inverno com alguma neve, logo vieram os incêndios, e agora temos novamente um pequeno período de chuva e neve.Bem me lembro quando muito pequeno chovia pela Páscoa e, meus pais diziam que era nosso senhor que estava chorando. Sou agnóstico mas, ás vezes há coisas que nos deixam a pensar. Desejo-te uma Páscoa feliz e, com muitas amendoas. Um abraço João
Perdão pelos erros iniciais, a pressa é traicoeira, só li o que escrevi depois de publicar o texto Quanto á história dos cogumelos, lembrei-me da Anete do "Jardim de Pedra" que em tempos apetecia-lhe comer um grande cogumelo que apareceu no seu quintal. Todos os comentários incitavam a fazer um arroz de cogumelos. Felizmente depois de eu ver o tipo que era, alertei-a imediatamente para que o destruisse, pois se o tivesse consumido certamente já não podía-mos visitar o Jardim de Pedra.
Estou aqui sem crer no que meus olhos vêem.
Mas isso é prova de que "água mole em pedra dura tanto dá até que fura". No caso, cogumelo mole em alcatrão duro.
Beijinhos.
Passei para deixar um beijito e desejar uma boa semana.
:)
Ana:
Obrigada os seus votos de Páscoa feliz, que retribuo.
Vêm sempre a tempo e são sempre bem vindos.
O seu artigo sobre os cogumelos é excelente e digo-lhe, muito necessário para elucidação das pessoas que julgam a Natureza de outra maneira.
A Natureza, escondida de nós trabalha, um trabalho árduo que não conhecemos, e por vezes nem queremos conhecer. Tudo nela tem a sua razão, entre nós humanos é que a razão por vezes falta, por burrice (burros é que eles (os burros) não são)ou pela ganância de dominar essa natureza, força viva e livre, do nosso Planeta.
Ensinou-me muito com esta postagem, e eu gosto de lições.
Obrigada e tudo de bom para vocês.
Bjs
Maria
Olá amiga. Que gosto imenso eu tive de visitar o seu cantinho, confesso que cada vez que aqui venho levo muito mais que o simples, mas sincero, comentário que deixo. Esta espécie de cogumelos não conhecia, mas têm a sua função na natureza, como tudo o que vemos e por vezes, não apreciamos. A mãe natureza tudo dá e tudo tira, mas sem ela não viveríamos, por isso eu a respeito. Tudo de bom para si e para os seus.
Ana, que satisfação voltar a encontrar-te! Não sei o que aconteceu mas perdi o contacto. O certo é que contactávamos desde amigos de Portugal, que vai paralelo com amigos de Valência, já que o outro, amigos de Benimàmet é praticamente para assuntos do Bairro.
Agressivos e comestíveis. Quanto aprendo vindo por aqui. Como disse antes, notava em falta estas lições, dum meio que gosto mas do que tão pouco sei. Ademais tenho-lhes muito respeito.
Excelente trabalho :))))
Abraço-te emocionado
*
Abençoado Manel e os seus
micorrízicos, libertou-me da doença
dos Míscaros, cada vez que entram
na minha alimentação, faço um
hiato na minha vida, na expectativa
de um envenenamento galopante,
(hipocondríaco, sou) . . .
ao deparar, no teu post, um comando
de reconhecimento avançado,
“cogumelus elite corpus”
Mais eficaz do que um milhão de
Raízes de Borracheira (FICUS),
tal facto levou-me á erradicação, na
minha alimentação dos cujos ditos,
(para não ser plágio), há pois !!!
srsrsrsrsrsr
,
Muito bem arquitectado o teu post,
Parabéns,
,
Conchinhas de simpatia, deixo,
,
,
Fiquei fascinado.Não fazia ideia.
Minha cara Ana
Sempre a surpreender-nos com os temas mais fascinantes: cogumelos, essas delícias das quais desconfiamos sempre que, a ver pelass fotos da estrada, são uma força da natureza.
PS: penitemcio-me por por esta longa ausência, mas, de vagar, estou de regresso.
Abraço
Ola Ana, fui hoje por acaso ao blog e lá vi os dois simpáticos comentários que deixaste. Tenho vindo muito pouco ( se isto se pode dizer).
Melhores dias virão :)
Ola Ana, fui hoje por acaso ao blog e lá vi os dois simpáticos comentários que deixaste. Tenho vindo muito pouco ( se isto se pode dizer).
Melhores dias virão :)
Sempre que aqui venho aprendo alguma coisa.
Como está a Camila? Já dá conta do rebanho?
Deixo um abraço.
Olá Ana.
Já há muito que não vinha até aqui.
Fiquei impressionada com esta história de cogumelos!
Como é possível uma coisa tão frágil ter essa força...
Sempre a aprender.
Beijos
Rosa Maria
Apenas fazendo a minha fita azul ao enviar paixaodossentidos.blogspot.com , o que parece ser um fórum maravilhoso!
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