2010-04-24

Tristezas e alegrias após um temporal

Como todos puderam ver nos canais televisivos, abateu-se na passada quinta feira no centro e norte do país, um temporal que deixou todos estupefactos, principalmente os mais idosos que nunca tinham visto tal violência em trovoada, chuva, vento e granizo.

Aqui no nosso cantinho também não escapámos e foi um fim de tarde e parte da noite para esquecer, com o susto de poder o telhado desabar com todo aquele peso e chovendo dentro de casa quase como se estivéssemos na rua devido à cobertura de gelo nas telhas que não deixava a água escoar como habitualmente e como estas casas mais antigas não têm placa, a chuva que entrava pelas telhas atravessava o tecto de madeira caindo depois dentro da casa.
A horta ficou neste estado…



… tendo desaparecido as sementeiras que se tinham feito no dia anterior.

Um castanheiro caiu e o poste ia tendo o mesmo destino devido ao aluimento das terras


Nesta foto podemos ver melhor o que aconteceu às terras nessa zona, já com o castanheiro cortado:


A lagoa encheu de tal maneira, com a força das águas que saiu das suas bordas arrastando alguns peixes que foram apanhados no dia seguinte ainda trementes de vida e lançados de novo na lagoa.

Depois de tudo passado e de termos feito um balanço aos estragos, lembrámo-nos da Patareca.

A Patareca é a nossa pata-muda que em tempos desapareceu, obrigando todos a procurá-la, viva ou morta, nas redondezas, sem sucesso.

Passados dias apareceu na altura da distribuição da comida, desaparecendo de novo e percebemos que estaria a chocar.

Foi outro trabalhão saber qual o sítio que ela tinha escolhido porque se fosse fora da zona da capoeira, podia ser apanhada à noite pela raposa ou por outro animal qualquer que apreciasse este tipo de refeição.

Uma tarde escondemo-nos logo após termos enchido os comedouros e ela depois de comer, desapareceu quase em frente dos nossos olhos…

Ficámos desconfiados daquela elevação de terra que a queda do pinheiro que falámos no último texto, tinha deixado no terreno.


Espreitámos, metemos o braço até onde pudemos e nada de a vermos nem tocarmos sinais de ninho.

Lembrámo-nos de uma forma de tirar as teimas: fomos buscar a máquina fotográfica, metemo-la por um buraco pequeno que está junto ao corte do tronco e com ela bem no fundo, com um pequeníssimo ângulo de manobra, fomos disparando em todas as direcções.

Quando fomos ver as fotos, tivemos esta alegria:


Depois da tempestade em que correram rios de água por todos os lados e estando este esconderijo abaixo do nível do chão, ficámos preocupados com a possibilidade de estarem os ovos dentro de alguma poça de água.

Esperámos que ela saísse para comer e fomos fazer a mesma manobra com a máquina fotográfica e como se pode ver, o ninho está surpreendentemente seco.


Ao vermos esta foto apercebemo-nos que além dos ovos dela, também estão ovos da pata-brava, que são aqueles esverdeados e que provavelmente vão nascer em dias diferentes porque a pata-brava ainda anda a pôr e a Patareca assim que começarem a nascer os primeiros filhotes, deixa de permanecer em cima dos outros ovos mais atrasados... e nós não conseguimos retirá-los porque estão inacessíveis.

Além disso, a trovoada que se abateu durante um dia e uma noite, pode muito bem ter morto a criação.

Nunca percebi por que é que morrem as criações nos ovos quando há trovoada, mas que é muito frequente isso acontecer, é verdade.

É curioso que as galinhas quando estão a chocar e ouvem os trovões vão fazendo um barulho com a garganta como se estivessem a acalmar os pintainhos que ainda não nasceram. Mas como a Patareca é muda….

15 comentários:

Maria Cristina Amorim disse...

A Natureza tem coisas incriveis, não é? A Patereca acha que é ali que os seus filhotes estão a salvo, e provavelmente tem rasão, até porque a outra pata teve a mesma ideia.
O temporal por aqui não fez estragos, mas eu tinha deixado os meus Mandarins no quintal, quando cheguei a casa, porque estava um dia lindo, Não chegou a uns 20 minutos quando ouvi chover... fui a correr, mas eles estavam encharcados e com um ar muito mal disposto...cheios de razão, claro.
Passado alguns minutos a chuva entra em diluvio, cai um trovão tão perto que a casa abanou ao mesmo tempo que o alarme dispara! Eram umas seis da tarde e só conseguimos desligar tudo deviam ser quase dez da noite, porque ficou tudo descontrolado.
As sementeiras das cenouras, beterrabas, e espinafres não sei como ficaram, porque as tinha feito a semana passada.

Tenho muita pena do que vos aconteceu e espero que tudo volte ao normal rapidamente.
Beijos

A OUTRA disse...

Pois é Ana... também eu pensava que tinham desaparecido de vez!
Ainda bem que me enganei!
Tem sido um ano trabalhoso e preocupante quanto a temporais, por aqui aparecem e desaparecem quando menos esperamos.
Bom fim de semana
Maria

Joaquim Nogueira disse...

Lamento tudo o que por aí aconteceu. Os deuses devem estar loucos ou então são os loucos dos humanos a dar cabo do clima . Bom trabalho na quinta a reparar os estragos e boa saúde . Um abraço.

bettips disse...

E é que bem nos lembrámos, acredita. No entanto, a ligação com a terra e os bichos dá-vos uma força-empatia que transparece no que contas.
A ver se a Patareca ... e o clima e a calma e a alma ... Bjinho

Joba disse...

E eu a julgar que só pelos Açores aconteciam tempestades repentinas... Brinca-se com a natureza... responde com a mesma moeda

Ventor disse...

Espero que a Patareca tenha driblado a trovoada e que a sua criação tenha êxito. De facto, os raios, os curiscos e (ou) os trovões dão cabo dos ovos. Os animais têm as suas razões, só espero que a razão dela lhe dê as vantagens que procurou.
Um beijinho e votos de êxito para a luta contra os efeitos das intempéries.

redonda disse...

Não tinha ideia que tivesse sido tão complicado e espero que logo, logo estejam recuperados.

Depois perdi-me a ler o que estava mais para trás. Também já não vinha aqui há algum tempo, mas gosto sempre quando venho.
um beijinho

Gábi

Espaço do João disse...

Olá Ana.
Estou intrigado nunca mais passar pelo meu espaço. Será que algo de mal se passou entre nós? Se foi esse o mootivo, gostaris de saber qual. Um abraçoe bom dia do trabalhador.

João Roque disse...

Quase uma aventura o drama da Patareca; mas tal só revela o carinho e a dedicação que tens por todos os animais da quinta.
Espero que, no que se refere às consequências da tempestade, já esteja tudo normalizado.
Beijinho.

Tongzhi disse...

Passei para me deliciar com mais uma história como só tu sabes contar. Esperemos que, pelo menos, alguns patinhos se safem!
Beijos

poetaeusou . . . disse...

*
pois é,
Abril águas mil,
não compram o Borda D'agua,
depois é assim, srsrsr,
,
a Patareca é bonita !
,
conchinhas ventosas,
ficam.
,
*

Fernanda disse...

Olá Ana.
Pesquisando sobre abelhas, cheguei aqui ao seu blogue. Devo dizer que adorei!
Algo muito diferente, uma espécie de ode ao campo, e seus habitantes.
Uma delícia :)

Boa semana.

Rubi disse...

Ha' sempre um final feliz. Um grande beijinho

Anónimo disse...

Mas que estória mais saborosa. Ondas3.

Unknown disse...

Gostei, você tem habilidade para contar as história do seu sítio. Espero que tenha dado tudo certo com a Patareca e que seus filhotes e os da pata brava tenham sobrevivido.
Abraço
Yolanda