2007-03-10

Tentando atrair enxames

Em primeiro lugar vamos ter que esclarecer a razão desta tão grande ausência. Depois de termos passado um largo período a recolher informações para um novo post, a doença bateu-nos à porta sob a forma de uma pneumonia e obrigou-nos a estar quietinhos, abafadinhos e sem disposição para nada.
Ainda mal recuperados mas já em condições para estarmos algum tempo sentados ao computador, resolvemos fazer um post com tema diferente daquele em que trabalhávamos há semanas atrás para vos pôr ao corrente do que entretanto se passou aqui na quinta.
Constatámos com muita tristeza que as nossas 3 colmeias estavam mortas.
Como diz Lars Gustafsson no seu livro A Morte de um Apicultor: “Quando um enxame morre, parece que é como se morresse um animal. É uma personalidade de que sentimos a falta, quase como um cão, ou pelo menos um gato.”
Comprar uma colmeia a funcionar é um bocado dispendioso, sendo os preços aqui na zona na ordem dos 20 a 30 contos.
Entretanto um vizinho quis fazer a seguinte troca connosco: oferecia-nos uma colmeia bem povoada e ainda um pavão com 2 anos se lhe oferecêssemos um casalinho de borregos. Aceitámos a troca e o senhor veio uma manhã buscar os borregos e simpaticamente ofereceu-se para nos ensinar a preparar caixas vazias e cortiços também vazios para captar enxames novos que procurassem um local para estabelecer as novas colónias.
Pudemos verificar que vinham prevenidos para este trabalho trazendo uma panelinha com um líquido endurecido que ao ser aquecido no fogão espalhou no ar um aroma almiscarado, misturado com alecrim, alfazema e também um toque de vinho aquecido que seria vinho branco fabricado sem a adição de nenhum produto químico, segundo nos informaram.
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Esfregaram as caixas e os cortiços por dentro com alecrim, alfazema, rosmaninho e uma erva desconhecida para mim a que chamaram salpor do mato. Depois molharam ramos de alecrim na tal poção mágica e aspergiram a caixa da colmeia e os cortiços.
 
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As frestas laterais dos cortiços que estavam há muitos anos sem uso, foram tapadas com barro tirado à lagoa.
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Depois de estar tudo devidamente preparado, foi só escolher o local que acharam mais de acordo para capturar enxames em deslocação que ao que parece seguem rotas bem determinadas
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Agora é só esperar que algumas obreiras se encantem com tão bonitas e perfumadas casas e levem as restantes obreiras que aguardam suspensas envolvendo as rainhas, a ter a mesma opinião, estabelecendo os seus enxames na colmeia velha e nos cortiços para depois nós transferirmos para colmeias novas que aguardam já limpas no colmeal.
Durante este trabalho pudemos verificar que cada apicultor tem os seus segredos e não é fácil arrancar-lhes toda a informação. Os conhecimentos empíricos misturam-se com lendas e mitos de uma forma fascinante. Por este vizinho ficámos a saber que as abelhas “conhecem” o dono e poupam-no na sua agressividade. Mas, para isso há que ter alguns cuidados como pendurar roupa interior muito suada perto das colmeias para elas reconhecerem o cheiro do seu corpo. E quando a colmeia enxameia, por estar demasiadamente povoada, o enxame sai e fica pendurado num tronco perto da colmeia esperando a vinda do apicultor amigo. Quando este não aparece, então parte para outras zonas.
Mas para não confundirmos os leitores menos conhecedores dos hábitos das abelhas, resolvemos fazer um trabalho que publicámos abaixo deste, onde nos preocupámos em pesquisar várias informações sobre o comportamento das abelhas na colmeia. Esperamos que leiam com o mesmo interesse que sentimos ao escrevê-lo.
À noite chegou a colmeia oferecida que vinha vedada para não haver fuga das abelhas mas ao ser colocada no colmeal foi devidamente aberta para as abelhas de manhã prosseguirem os seus trabalhos, por certo espantadíssimas com a mudança.
Tentaremos ir relatando as várias fases deste processo já que nunca falámos aqui das nossas crestas (colheita do mel) e da centrifugação dos quadros.
Sobre o pavão que já faz parte dos membros da quinta, falaremos futuramente, uma vez que ainda nem o vimos pela proibição de sair de casa, a que ainda estamos sujeitos.

31 comentários:

Pepe Luigi disse...

Mais outro apaixonante escrito que só a Paixão dos Sentidos o sabe fazer.
Curioso com as abelhas conseguem ter a percepção das pessoas que as tratam!
Há uns largos meses estive na minha cave a fazer arrumações e vi lá um fato de apicultor que era da Maria João. Na altura pensei o que seria da Anabela?
Voltarei dentro de dias para saber mais sobre abelhas e já agora como vai o pavão na sua nova residência. Espaço não lhe falta!

Um grande abraço do amigo
Zé.

Tongzhi disse...

Viva Ana.
Em primeiro lugar espero que estejas já restabelecida. Senti a falta de ler coisas sempre interessantes.
Quanto às colmeias e às abelhas, é um assunto que me interesso e sobre o qual já fiz um trabalho. Não, nunca fui apicultor :) Nas minhas pesquisas sobre as conexões matemáticas, encontrei uma curiosidade sobre o modo como constroem os favos e a matemática que pode ser explorada a partir disso.

Fénix disse...

Sim Ana, já sentia-mos a tua falta.Espero que já estejas bem de saúde. Cuida de ti.
Grande aventura essa das abelhas. Espero que elas gostem da nova colmeia tão perfumada e que fabriquem o delicioso mel.

Beijinhos.

Anónimo disse...

É bonito quando nos interessamos por um tema mesmo a serio...
E já vi que adoram abelhas...
Eu adorei este blog, a serio que sim.. apesar de detestar, ou melhor, um medo tomou conta de mim, das famosas abelhas, da qual fujo a 7 pés, em vez de ficar quietinha!!!

LOLOLOL

Mas gostei do que li...

1 beijo =^.^= tarina

P.S. Ainda bem que estão melhores!

Anónimo disse...

Este Inverno não está a ser fácil Ana! Desejo-vos umas boas melhores, que nas pneumonias, infelizmente, nunca são rápidas.
Obrigado pela informação das abelhas, muito interessante.

Anónimo disse...

Olá!
Então o raio da pneumonia não te larga? Tens aí um remédio bom. Propolis!!! Se as coitadinhas das abelhas morreram, tens de comprar nas casas de produtos naturais. O ventor esta-me a dizer que fizeste um bom negócio trocar os borreguinhos pela colmeia e pela ajuda e saber de mais esse goloso do mel! Eu aho que não haverá ninguém mais goloso que o Ventor por mel, nem mesmo um urso! Vê lá se o teu vizinho não fica à espera da Páscoa para comer logo os borreguinhos. Que lhe dê algumas chances! As melhoras e bjs.

Rosa disse...

Desejos de rápidas melhoras, muito chá de limão e mel ao cair da noite.

Eu preciso urgentemente de um conselho de apicultor, a minha casa foi literalmente invadida por abelhas, alojaram-se no forro do telhado e estão em todo o lado, claro que não as quero matar, afinal são elas que polinizam as minhas flores, mas o que fazer para as tirar de lá? São milhares...

Flôr disse...

Olá Ana!
Que bom poder voltar a ler-te. Espero que já estejas completamente restabelecida.

Muito interessante o tema da apicultura. Como sempre saímos mais enriquecidos...
Tens que nos contar como se adaptou o pavão. Sempre foi uma ave que me causou uma certa fascinação.
Beijinhos

Anónimo disse...

Sabes ana...
Apesar de não gostar muito de abelhas.. (Talvez um medo muito estúpido!!!)
Sei algumas coisas acerca das abelhas e de como elas são fabntásticas a trabalhar em grupo...
Que rica sociedade a deles... Bem melhor que a nossa!!!

1 beijinho primaveril e rápidas melhoras!

=^.^= tarina

Filipe disse...

Olá Ana , espero que melhores depressa.
Gostei bastante deste post, elucidativo e documentado.
Ficou-me o bichinho dessa planta que não conheces, eu também não o nome mais próximo seria salsola, mas vou aqui aos livros a ver se encontro.
Um abraço e as melhoras

Maria disse...

O que eu aprendo por aqui! Confesso que sou toda citadina e q a vida no campo não me fascina por aí além, mas estes teus relatos enriquecem a nossa vida.
Espero que as melhoras venham rápidas e faz favor de ter cuidado para não teres recaídas.
Beijinhos

Anónimo disse...

Olá, Ana.. tudo bem?
Estou feliz em encontrar "a paixão dos sentidos", enquanto eu voava por esta blogosfera infinita... Parabéns! Adorei o tema.

Bjos sentidos......

Rosa disse...

Ana
Muito Obrigada pela resposta rápida, vou já ligar.
bjs.

Também eu estou curiosa com a erva de atrair abelhas, se alguém souber o nome diga.

poetaeusou . . . disse...

ANA
não concordas que a Abelha Rainha.
é muito egoista ???
arrepia ...

Que este Post, fosse divulgado em
todas as escolas deste País...
ji)

anete joaquim disse...

Puxa, Ana! Eu a julgar que andavas a viajar, nessas tuas pesquisas por lugares históricos e, afinal, estavas doente! Forte como és, deves ter estado mesmo mal para nem conseguires vir ao computador. Vê se te cuidas! Uma pneumonia não é para brincar e uma recaída ainda menos. As tuas melhoras.
Boa sorte com as colmeias. Agora vê lá se te picam!
A mr deseja-te melhoras, também, e diz que já sente a tua falta.
um beijão

kuka disse...

Tenho colmeias no meu terreno, mas não são minhas. Pediram-me para as pôr lá e eu não me importo. E de vez em quando oferecem-me mel.
A minha vizinha mais próxima teve um enxame entre a janela do quarto e a portada. Já não recordo como o tiraram, mas foi uma operação cheia de peripécias engraçadas.

Anónimo disse...

Minha cara Ana
Em primeiro lugar o desejo das suas melhoras, esperando que tenha sido coisa passageira.
A minha cara amiga não me diga que teve de arranjar uma colmeia a fim conseguir mel para curar a sua maleita(com chá de principe também é divinal).
Agora fora de brincadeiras quero dar-lhe os meus parabéns por ter pegado neste tema tão interessante. Posso dizer-lhe que cuidar de colmeias é uma actividade apaixonante, e falo com alguma experiência.
Acompanhar a vida abelhas no seu dia a dia é uma experiência arrebatadora que surpreende os iniciados por verificar que, contráriamente ao que se pensa sobre a agressividade das abelhas, elas são dóceis e reconhecedoras.
Estou convencido que a troca valeu a pena.

Um abraço raiano.

Rubi disse...

Venho aqui retribuir a visita ao meu blogue. É muito giro o seu espaço, embora tenha medo de colmeias, adoro a vida do campo e todas as suas rotinas. Vou voltar mais vezes.

Um abraço

Ezequiel Coelho disse...

Querida Ana,
Espero que estejas completamente restabelecida! (o propolis ajuda bastante!!!)
Sentiamos todos a tua falta (digo-o com certeza absoluta!)
Eu também já voltei mas, felizmente, a minha ausência deveu-se a razões bem mais simpáticas!
Um grande abraço!

jorge esteves disse...

Coisas doces por aqui se aprendem; ainda por cima servidas em açafates de afectos!...
Vou continuar aluno atento, vou...
Abraços com votos de muitas melhoras!

teresa g. disse...

Muito interessantes estes posts! Houve uma altura que me ensinaram a multiplicação de colmeias, não me lembro muito bem dos pormenores, mas creio que se tiravam quadros com ovos com menos de 3 dias (que ainda podem ser convertidos em rainhas) e se colocavam numa colmeia nova. Essa colmeia nova era colocada no sítio da velha para enganar as abelhas da rua que voltariam para lá. As abelhas que eram mudadas com o quadro com ovos, sentindo a falta da rainha alimentavam os ovos com geleia real para criar uma nova rainha. Entretanto a colmeia velha era mudada para o lado, fechada, para que as abelhas que estavam dentro não se perdessem.

Claro que isto implicava ter uma colmeia forte que pudesse ser dividida, e provavelmente há pormenores que já não me lembro.

O senhor que nos tratava das colmeias é que fazia essas coisas, e tinha todos os segredos! Às vezes eu ajudava-o enfiada num fato quase hermético dos pés à cabeça cheia de medo que elas encontrassem algum buraco, enquanto ele só punha uma máscara mal colocada e nem luvas usava. Quase nunca lhe mordiam, e se acontecia ele insultava a abelha e continuava como se nada fosse. Mas era uma pessoa extraordinária, penso que já devia ter perto de 80 anos e ainda fazia quilómetros de bicicleta de aldeia em aldeia a cuidar das colmeias.

As nossas acabaram por morrer, com varroa, creio.

Ficamos à espera de notícias, das melhoras e do pavão!

Azinheira disse...

Eu não sei nada sobre abelhas, mas adoro os locais onde há abelhas e nem se fala de quando posso vê-las trabalhar. Tenho uma sebe com uns 50 metros de lavanda e tive em tempos uma borda de canteiro cheio de Limnhantes douglasii que elas adoram(http://bolotasguardadas.blogspot.com/search/label/Ovos%20Estrelados). A actividade das abelhas e das borboletas na sebe e no canteiro, desde o nascer até ao pôr do sol no Verão era simplesmente frenética. E eu sou capaz de ficar horas a vê-las e a ouvir o zumbido delas, que é que querem? Nunca me picaram, talvez porque reconheçam que estou do lado delas.

Anónimo disse...

achei o tema super interessante,mas só de pensar q se estivesse por perto iria ser o alvo preferido das abelhas, já me arrepia!!
abraço

A Flor disse...

Gostei de conhecer este teu acolhedor cantinho e sobretudo didáctico! Parabéns, voltarei em breve! :D

E com mais tempo, vir aqui para aprender mais sobre apicultura....

Boa semana e um beijinho da Flor :D

A Flor disse...

Sim, porque afinal e as abelhas... andam sempre juntas!! ah ahahaha

Beijinho florido da Flor

bettips disse...

Venho dar-te um abraço, esperando que tenhas melhorado. De vez em quando passo, conhecemo-nos no "chanesco" e outros amigos comuns, conheço a tua cara, amiga! Tomo a liberdade de te desejar BEM para prosseguires com a tua vida e as simples coisas belas que nos trazes. Um dos meus livros de 10/11 anos foi "A Vida das Abelhas" impressionante a organização (nunca apreciei o zangão...senão para procriar!) e a vida da "raínhas" fascinava-me... daí ter ficado muito "obreira", eu... Beijinhos e parabéns pelas fotos que partilhas connosco.

Anónimo disse...

Também senti a tua falta.

Lindo este post! Eo de baixo também

João Navarro disse...

Olá!
Apesar de desaparecidos, lá vamos aparecendo...
Foi o caso de hoje!
Beijo

greenman disse...

Adoro abelhas!
(sou da geração da Abelha Maia)

Lembro-me de, há muitos muitos anos, ficar muito triste por a minha mãe não me deixar apanhar um enxame novo que andava 'perdido' à procura de poiso...

E assim terminou a minha experiência de apicultor.

Anónimo disse...

Começo por dar-lhe Os Parabens porque gostei muito do post, mas Queria perguntar-lhe se podia dizer Como e a tal receita da "poção mágica" e se funciona bem.
Obrigado
José Guimarães

Ana Ramon disse...

Caro José Guimarães, na sequência do trabalho destes nossos vizinhos, não apanhámos nenhum enxame, o que nos pôs sérias dúvidas sobre a "magia" de tais perfumes. Mas, um amigo nosso e experimentado apicultor, falou-nos há dias de uns toalhetes que se colocam dentro das colmeias desabitadas (mas com os quadros com cera à espera de população) e que lhe tem dado óptimos resultados. Se o José pesquisar na net "toalhetes para atrair enxames", facilmente terá informações sobre a forma como funcionam e quais as casas comerciais que os vendem. Espero ter correspondido à sua curiosidade e obrigada pelas simpáticas palavras.