Ao consultarmos um livro com fotos de árvores de jardim, ficámos rendidos a uma belíssima Albizia julibrissin, também conhecida por Acácia-de-Constantinopla ou Árvore-da-Seda. Não descansámos enquanto não comprámos uma jovem árvore que plantámos no relvado. Ficou meia esquecida e foi crescendo modestamente, sem exigir tratamento nenhum especial. Um dia ficámos intrigados ao vermos uma pena rosada que se encontrava presa na folhagem. Que pássaro teria penas cor-de-rosa? E ao aproximarmo-nos pudemos constatar que não se tratava de uma pena, mas sim de uma frágil flor, a primeira, que a acácia nos oferecia. Tornou-se numa árvore adulta mimoseando-nos nestes últimos anos com uma floração muito abundante, o que nos dá um enorme prazer. A madeira é muito macia e os ramos partem-se facilmente se sujeitos ao peso dos garotos nas suas brincadeiras e tropelias.
Tudo nesta árvore é gracioso: o porte, a folhagem idêntica à dos fetos, as flores de perfume suave, compostas por tufos de fios de seda rosados e cremes, de uma delicadeza extraordinária.
Pertence à extensa família das Leguminosas e à divisão das Mimosoideae, tal como a acácia-mimosa. Começámos a ficar um pouco apreensivos ao vermos surgir algumas novas acácias nos canteiros e no próprio relvado. Lemos mais tarde o post do Pedro na Sombra Verde que informa não estar a Acácia de Constantinopla referenciada como invasora, embora o seja nos Estados Unidos da América, nos estados do Sudeste onde foi introduzida no séc. XVIII. Vamos ver como é que as coisas evoluem..
Entretanto enquanto escrevíamos este post, recebemos um mail com várias fotos de bonsais. Uma delas parecia ser mesmo de uma albizia julibrissin o que nos deu uma tristeza enorme. Só quem não nos conhece é que pode pensar que temos algum prazer perante o espectáculo de um bonsai. Não conseguimos suportar a contemplação de árvores de grande porte condenadas à miniaturização em que o grande feito é torná-la o mais minúscula possível. Ver um bonsai dá-nos uma sensação de angústia e claustrofobia. Não conseguimos sentir a obra de arte, mas sim o acto em que se sacrifica a árvore, condenada a viver num vaso ridículo, ainda que a receber atenções extremas com grande frequência. Por incapacidade nossa, não conseguimos acompanhar o misticismo que dizem envolver o bonsai e não conseguimos evitar o espanto quando ouvimos dizer que a “arte” necessária para fazer um bonsai exige um grande amor pelas plantas e o respeito pela natureza. Aos nossos amigos que são apaixonados por esta técnica (e que já conhecem sobejamente este nosso discurso) diremos, mais uma vez, que para nós, o amor e o respeito pela Natureza são completamente estranhos a este tipo de práticas.
Aqui fica outra foto da nossa Albizia, uma árvore feliz
2007-07-28
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34 comentários:
Olá Ana.
Acho que tens toda a razão. Apesar do valor estético que os bonsais possam ter, também fico muito mais impressionado com as árvores felizes. Mas tem cuidado, não se torne a tua albizia mesmo uma invasora.
Um beijinho.
Um dia com tantas notí¬cias boas foi coroado com um texto seu! Concordo com tua opinião sobre bonsais.
Quanto às acácias, nao tivemos sorte com a mimosa, que fez jus ao nome e morreu; agora minha esperança está numa imperial de vivas flores amarelas. Mas essa que vi nas fotos nao conheço, nem me lembro de ter visto jamais. Vou procurar.
Um beijo!
Ana,
Espero que o meu texto sobre a Albizia não tenha diminuí¬do o vosso amor pela mesma...O que se espera das pessoas, perante uma espécie como esta, ou seja, com potencial invasor, é que estejam atentas. Tão-somente isso.
Tivessem todas as pessoas e mesmo instituições do Estado essa "sensibilidade", e decerto não terí¬amos os problemas que temos com as acácias australianas ou os chorões-das-praias, por exemplo.
Abraço e boas férias
De facto, é bem bonita! Nunca tinha visto nenhuma.
Já ontem tinha passado por aqui, mas não conseguia visualizar a Albizia, mesmo assim só consigo ver a primeira.
Acho que tem umas flores muito bonitas e tu escreveste um excelente texto. Quem a não conhecia vai ficar cheia de curiosidade.
Bom fim-de-semana
Beijinhos
Como compreendo o vosso sentimento em relação às Bonzai,
o que a natureza tem de mais belo é a sua liberdade de expressão.
Ainda não consegui visualizar a vossa Albizia, voltarei para a ver mais tarde.
Ana, gostei muitíssimo do seu texto
e foto.
Adoro a natureza na sua forma mais simples, sem artifícios.
Minha querida, um bom Domingo.
Beijinhos,
Fernandinha
É linda a sua árvore, porte altivo.. Linda a foto, parabéns.
Nunca tinha pensado nisso dos bonsais, mas acho que tens toda a razão! A partir de agora quando olhar para um vou vê-lo de outra forma...
A tua arvore Albizia parece mesmo muito bonita!
Beijinhos
A Albizia é linda e, pelo que se vê, feliz! Gostei de a ver e antes que me esqueça vou assinar por baixo das palavras aqui deixadas sobre essas infelizes bonsai...
Abraço.
*
ana
,
és a verdadeira deusa da flora
soprada por zéfiro, deus do vento,
no quadro de botticelli
,
xi
*
Sinto-me sempre dividido com as invasoras, sejam árvores, sejam aves. Em Lisboa podem ver-se aves exóticas fugidas de cativeiro (piriquitos-de-colar, por exemplo) que conseguem sobreviver graças a plantas tropicais que encontram nos poucos jardins da cidade. Não sei se serão uns ou outros perniciosos, mas não serei eu a expulsá-los :-)
Aproveito para dizer que gostei muito do seus textos e também das fotografias.
Nos últimos dias tenho andado a ler o seu blog com o mesmo encanto com que se lê um livro bonito. Agarrou-me desde o princípio até este momento, tal como um livro bem escrito. Quero ver o que vem a seguir, não me canso, espero por mais e mais. Porque todo ele é uma história de vida, da vida no campo, numa herdade. Com gente, animais, jardins, hortas, pomares. Com momentos bons e maus. Uma história real que daria um bom livro. Porque não tenta?
Parabéns e felicidades. Continuarei por aqui.
Berta Helena
A árvore é muito bonita, assim como as fotografias e já tinha pensado o mesmo sobre os bonsai (um pouco como sobre o mito do gato condenado a crescer dentro de uma garrafa)
Ana, voltei a rever as lindas fotos e texto, e voltei a adorar.
Minha querida, vou mandar-te por mail,umas fotos que espero que gostes.
Beijocas,
Fernanda
Belas futeboladas se fazem ali ao pé ;)
Beijinho e boas férias!
Até breve
Olha que maravilha!
Há dias andei pela Lourinhã, em casa duns primos meus, fomos comemorar os 98 anos da Sra. D. Antonieta, mãe do Álvaro e lá fui dar, mais uma uma vez com a Albizia.
Fotografei-a em várias "poses" e andava a pensar fazer um post sobre esta planta e como ela é bonita.
Parece-me que já tudo de essencial ficou dito sobre a Albizia, mesmo asim há plantas que até o próprio local e o seu "ar" num dado momento são especiais e particulares.
Beijinho
António
Ana,salvé!
Confirma-se que há almas gémeas. Nem bonsais, nem chinesinhas de pés atados. Quanto à Albizia, estou também de acordo, é das mimosas a mais "mimosa" que já vi. Abraço e bom fim de semana.
A árvore é linda , mas eu pessoalmente escolheria um carvalho ou uma qualquer árvore das nossas florestas;são tão mais genuínas e integram-se tão melhor nas nossas paisagens sem o perigo de a pouco e pouco começarem a espalhar-se pelo nosso quintal,pela nossa freguesia,pelo nosso concelho, pelo país.
é muito bonita a vossa albizia e nota-se que é feliz aí.
um beijo
luísa
passei e adorei...
É, os bonsais entram um pouco em conflito com a nossa maneira de ser, talvez pela maneira como são feitos. Na origem eles surgiram da contemplação dos japoneses pela preserverança das pequenas árvores que cresciam em fendas das rochas nas montanhas, e que por terem pouca terra ficavam sempre pequenas, e por necessitarem de procurar luz ficavam retorcidas. Como seres vivos que são elas conservavam um certo encanto e harmonia que têm todos os seres vivos. A arte do bonsai é apenas uma tentativa de imitação desse encanto, mas como sempre a arte humana fica áquem do original. E quando está tão desenquadrada da cultura que lhe deu origem, que tem uma filosofia tão diferente da nossa, tende a parecer uma aberração.
Eu compreendo a arte do bonsai mas também não consigo ser apaixonada por ela, e muito menos ter a paciência de 'educar' um bonsai.
Em relação à Albizia, ela é realmente uma árvore muito bonita, embora a tenha passado a olhar com uma certa desconfiança quando soube que era invasora!
Beijos
ops perseverança! (Asneira!)
Bela árvore Ana. Beijinhos
Deanbulando pela blogosfera vim parar aqui novamente.. E é sempre bom rever as coisas que escreve.. Cá para mim está de férias, verdade? Um abraço, Ell
*
reliiiiiii
*
xi
*
Mais que fiquei a saber e a ver, lindo e verde/rosa! Um dia destes na Pov. de Lanhoso havia montes alegres com essa flor de musselina! Vistas em pormenor são belas. Sobre bonsai...tudo se transforma em negócio: creio que a Jardineira disse o principal. E ainda, li não sei onde que era uma forma dos orientais estarem "do céu" a observar as árvores imitando o pássaro, tal como fazem nos jardins que inventam, como que imitando a natureza... Em havendo espaço, árvores em liberdade precisam-se. Abçs
Subscrevo o que diz a berta helena sobre o livro que deverias escrever.
Quanto aos bonsai, confesso que fico extasiada ao vê-los e nunca os tinha visto sob essa perspectiva. Vejo neles o esforço humano que lhes está subjacente. Não tenho arte nem paciência para os criar, senão já tinha um. No fundo, acho que é uma tentativa de captar e trazer para dentro de casa aquilo que existe na natureza e que não podemos ter dentro dos espaços limitados em que habitamos. Por outro lado, é assim como que fazermos de Deus e modelarmos a natureza a nosso gosto. Vendo bem, é uma forma egoísta de tratar as árvores e nisso tens toda a razão. São muito mais belas quando são autênticas.
:) um grande abraço
Cara Ana
por indicação de um amigo comum, João Navarro, vim aqui ter para ver especìficamente um post teu (perdão o tratamento por tu, mas uniformizei assim o tratamento na blogosfera; se não concordares, claro que não o usarei mais), um post, dizia eu, já antigo, de Outubro passado sobre o palhaço Barnabéu. Fiquei encantado, com tanta sensibilidade e com o nível descritivo da escrita. Percorri o blog "em diagonal" e aqui estou a fazer uma visita e se me derse licença, vou lincar-te no meu blog, pois acho muito interessante tudo o que escreves, podendo fazer minhas as palavras do comentário da berta Helena neste mesmo post.
Até breve.
Olá amigos! Não temos aparecido porque o mês de Agosto é aquele período em que recebemos familiares e amigos que nos visitam, frequentam e ocupam durante o dia e parte da noite, para agrado de todos. Hoje houve uma pausa e por isso viemos até aqui para respondermos aos comentários feitos: A possibilidade da albizia vir a ser mais uma invasora é um problema que nos preocupa, principalmente por vermos um ou outro filhote a espreitar dos canteiros próximos. Felizmente está muito distante dos vizinhos e dos caminhos e por isso é fácil controlar. Mas o facto de nascerem novas plantas no terreno próximo, não faz dela uma invasora. Acontece o mesmo com a glicínia, a olaia, o pinheiro, o sobreiro e outras e não será por isso que serão assim classificadas. Mas não se preocupem porque estamos muito atentos ao desenrolar da situação.
Sobre os (as?) bonsai, ficámos a conhecer mais uma série de explicações para a razão de ser da sua existência mas, ainda assim, continuamos a sentir um aperto no peito e na garganta ao observarmos essas infelizes.
Ficamos satisfeitos pelas visitas de uma série de novos amigos e pelas simpáticas palavras que vão deixando neste cantinho.
Vamos tentar arranjar mais tempo para continuarmos a contar as nossas novidades.
Um beijinho para todos
As formas de expressao fazem toda a diferença em arte ou em cidadania, sobretudo quando é para mostrar a nossa opiniao e reivindicar coisas melhores. no nosso caso usamo-la para criticar e denunciar a net cara. assinem o nosso manifesto.
Ana a minha Avó materna dizia uma coisa que nunca esqueci,
Uma àrvore cresce à sombra de quem a plantou...
Só muito mais tarde,já adulta,percebi a sabedoria destas palavras.
Gostaria muito saber como se comporta a flor da albizia quando cai.Os pelinhos espalham-se por todo o lado?Pede provocar alergias?
Obrigada.
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