2007-11-06

Um milho quase tradicional

Todos os anos semeamos meio hectare de milho para fazer face aos reforços na alimentação dos galináceos, ovinos e equinos.
Há cerca de 6 anos comprámos um saco de 5 quilos de milho híbrido e tivemos uma belíssima produção de óptima qualidade. Em Abril semeamos sempre milho da produção anterior.
Acontece que de ano para ano, a produção tem vindo a decrescer sendo o próprio grão muito mais fraco.
Ficámos então a saber que é uma característica do milho híbrido, a produção ir decaindo nas gerações seguintes e, para manter os mesmos níveis de produção é necessário adquirir semente nova por cada sementeira.
Mostro-vos uma foto com algumas maçarocas deste ano onde podem reparar que há muitas falhas no grão e este tem vários tamanhos e formas, parecendo-se cada vez mais com o milho tradicional.
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O milho é uma planta da familia Gramineae e da espécie Zea mays. Originária da América Central. Tem uma grande capacidade de adaptação e por isso é cultivada praticamente em todo o mundo. É um dos alimentos mais nutritivos que se conhece. Como o grão conserva a sua casca, é muito rico em fibras.
A planta do milho é bastante curiosa. É monóica o que quer dizer que tem flores masculinas (bandeira ou pendão) e flores femininas onde estão as conhecidas barbas e onde se vai desenvolver a maçaroca .
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Por norma a planta não se auto fecunda o que daria maçarocas muito raquíticas. Para isso não acontecer, as flores masculina e feminina na mesma planta, amadurecem em tempos diferentes em que o desprendimento do pólen da bandeira não coincide com a capacidade de fecundação da flor feminina.
Por isso se diz que o milho é uma planta de polinização cruzada por fecundar as plantas perto de si através de agentes externos, especialmente por correntes aéreas.
Os milhos híbridos usados até aqui eram manipulados de uma forma simplificada, obtendo-se a partir do cruzamento de plantas de milho com outras variedades de milho mais resistentes ou com maior produção.

Ao chegarmos a este ponto temos necessidade de diferenciar os milhos híbridos dos transgénicos também conhecidos por híbridos de 2ª.geração.

Todos os seres vivos têm várias características cujas formas ou funções são determinadas pelos seus genes. São recebidos dos seus progenitores e passados para as gerações seguintes.
Graças a essas diferentes características é que podemos diferenciar os animais das plantas e das pessoas e perceber as diferenças entre os elementos de cada grupo.
Na manipulação tradicional só se podem cruzar espécies idênticas e os genes que eram transferidos neste cruzamento, transportavam com eles características diversas não controladas .
Uma vez que todos os genes tanto humanos, como vegetais, animais ou bacterianos são criados a partir do mesmo material, isso permite que actualmente a modificação genética possa misturar, por exemplo, genes de animais, com os de vegetais ou de bactérias, dando origem a espécies completamente novas e estranhas.
Em Portugal o Governo autorizou a cultura de milho transgénico manipulado com o gene do Bacillus Thuringiensis que contém uma proteína tóxica para as larvas, conhecidas por broca do milho, não havendo necessidade de usar pesticidas para controlar esta praga.
À primeira vista parece que os organismos geneticamente modificados (OGMs) resolveriam muitos problemas actuais:
Actualmente podem-se juntar determinados genes para que as plantas fiquem resistentes ao frio ou ao calor desenvolvendo-se assim uma agricultura ampla durante o ano inteiro independentemente do tempo que fizer; modificou-se o arroz de forma a conter uma série de vitaminas que não entravam na sua composição; criou-se uma soja resistente aos herbicidas; milho com genes de escorpião para evitar o ataque de certos insectos; morangos com genes de peixe de zonas geladas para assim resistirem melhor ao frio; café que amadurece mais rápido; soja com sabor a carne; algodão com genes de uma flor azul, tornando-o também azul de forma a não ser necessário o tingimento das gangas; batata e tomate resistente às pragas de insectos.etc, etc
As manipulações genéticas são hoje quase infinitas dependendo mais do interesse das multinacionais do que da capacidade dos laboratórios.
Os novos genes introduzidos modificam a sequência do DNA, reprogramando-o e por isso dando origem a uma nova espécie.
A natureza tem as suas leis e normalmente reage mal contra os híbridos. É o caso do cruzamento entre o cavalo e a burra ou da égua e o burro, cujas crias são estéreis, o mesmo acontecendo com o cruzamento de algumas aves.
Como vai a Natureza reagir perante esta introdução de novos seres vivos, fabricados no laboratório quase de um dia para o outro sem terem sofrido o efeito da evolução/adaptação?
O que pode acontecer ao ser humano ao ingerir grandes quantidades de agro-tóxicos existentes nos genes introduzidos nas farinhas de milho ou soja, que por sua vez estarão presentes na carne ou peixe de aquacultura alimentados com estas rações?
Os genes resistentes aos herbicidas podem dar origem a novas pragas?
Os genes insecticidas poderão originar resistências nos insectos nocivos ou matar insectos úteis?
O pólen das plantas tornadas estéreis por interesse das multinacionais obrigando assim os agricultores a comprar sementes todos os anos, pode também esterilizar outras plantas na Natureza?
Como reagirá o nosso organismo ao ingerir genes de escorpião ou outros igualmente estranhos?
E as perguntas que nos surgem são imensas.
Nós não somos, para já, contra os transgénicos! Somos sim contra esta corrente de apoio aos transgénicos que não hesita em classificar de burros, ultrapassados ou arautos da desgraça, todos aqueles que dão sinais de terem algumas preocupações.
O que mais nos preocupa é sabermos que presentemente ninguém poderá responder às nossas questões. Tudo o que se diz de parte a parte não passa de conjecturas. Só o tempo nos dará a resposta certa.
Actualmente é obrigatório referir nas embalagens do milho e soja se estes foram geneticamente modificados. No entanto essa referência não existe nas embalagens com várias farinhas como as usadas na alimentação de crianças, ou na carne e peixe de animais alimentados com esse tipo de rações.

E vamos terminar a falar do nosso milho, tal como começámos.
Não temos fotos do início das tarefas que foi o lavrar as terras, o semear, o sachar, o regar, mais tarde cortar as bandeiras e depois as maçarocas. Vamos fazê-lo no próximo ano. Por agora só temos fotos da fase final.
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As maçarocas depois de colhidas e desfolhadas ficam uns dias a secar ao sol...
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...depois despejam-se os sacos cheios de maçarocas na parte superior da malhadeira e esta arranca o grão, separando-o dos sabugos...
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... e por fim o grão fica a secar mais alguns dias ao sol antes de ser ensacado e arrumado para ser utilizado durante o ano.

41 comentários:

Ezequiel Coelho disse...

que maravilha de maçaroco-paisagem! :)
Este texto (como praticamente TODOS) é bom ... comómilho!!!!

beijos!

teresa g. disse...

Uma descrição muito interessante da colheita do milho!

Bem, eu não hesito em dizer que sou contra os transgénicos. A organização dos genes é uma coisa extremamente complexa e as manipulações que se estão a fazer, com objectivos utilitários, não procuram compreender primeiro essa enorme complexidade mas apenas a pequena parte necessária a alcançar os objectivos. É a mesma atitude que temos tido em relação aos ecossistemas com resultados desastrosos. Para mim a manipulação genética é comparável à ideia do aprendiz de feiticeiro.
Muitas vezes as consequências mais graves não são directamente observáveis nem o são a curto prazo, porque em sistemas complexos é assim que funciona.

Mas as pessoas que trabalham nestas áreas tem uma excelente formação específica, mas quase nenhuma formação ecológica, ou seja, não tem esta noção de que as consequências ecológicas se manifestam de formas não directamente observáveis e muitas vezes através de processos desconhecidos (eu fiz um estágio de 6 meses num departamento de biotecnologia de uma universidade holandesa e deu para perceber isso). Além disso esta investigação está, em grande parte, nas mãos das multinacionais, e todos sabemos qual a lógica delas.

No caso do milho Bt há informação de que realmente há consequências para a saúde humana, mas essa informação foi ocultada e manipulada por quem tinha interesse nisso (a Monsanto). Mas penso que o maior inconveniente nem é esse (afinal nós já ingerimos tanta porcaria). O problema é que a utilização massiva deste milho pode, a médio ou longo prazo, criar resitências nas pragas contra a toxina Bt, tal como tem acontecido com os insecticidas químicos. Isto porque a exposição do insecto à substância, tal como se fosse uma substância pulverizada, é enorme. Se isso acontecer, não só o controlo natural da praga por esta bactéria deixa de existir, como a utilização do Bacilo por parte dos agricultores biológicos deixa de funcionar, ou seja, corre-se o risco de a médio ou longo prazo o milho cultivado em agricultura biológica ser muito mais difícil.

E isto é uma consequência facilmente previsível, mas a lógica em relação aos agricultores biológicos foi a de um buldozer contra um carro de mão (sendo que o buldozer é a monsanto, naturalmente). Tal como para todos os outros transgénicos haverá muitas outras consequências que não serão facilmente previsíveis, porque na realidade sabemos muito pouco do funcionamento dos genes e dos ecossistemas para poder prever.

Peço desculpa pelo enorme comentário, mas acho que este tema merece porque há muita falta de informação e muita deistorção da informação por parte dos media. Já agora, e passo a publicidade, há um livrinho excelente de uma professora universitária, Margarida Silva, que explica bem todas estas questões relacionadas com os transgénicos - chama-se 'Alimentos transgénicos, um guia para consumidores cautelosos' e é uma edição da universidade católica. Achei excelente e esclarecedor. Pena que não é fácil encontrá-lo.

Beijos

Anónimo disse...

Começo pelo fim...
GRANDE PINTA essas fotos da Eira.

Bom.... aprendi contigo que a Natureza reage sempre às teimosias do homem e creio que, todos nós, estamos a pagar um pouco essa factura. Por isso mesmo estamos cada vez mais vulneráveis, menos resistentes, o que não significa que não estejamos cá todos até aos 150 anos...

O que é certo é que cada vez mais cedo nos deparamos com familiares, amigos ou conhecidos, com doenças graves que lá vão aparecendo aos 30, ou aos 50, ou ao 2 anos...

Os mais optimistas dirão que foi sempre assim mas que dantes não se sabiam as causas...

Eu pouco ou nada sei sobre o assunto mas não fico indiferente quanto ontem, no convívio, sentado à mesa com 8 pessoas, 3 delas estavam a fazer quimioterapia... Fiquei impressionado... Tinha precisamente 2, 30, 50 anos de idade...

Não sei se fiz algum sentido...mas foi o meu comentário. Um beijo grande para ti...

Espaço do João disse...

Minha querida Senhora.
Talvez seja pertinente a pergunta que lhe faço. Sou um autêntico leigo na matéria de transgénicos e como tal há um espaço no meu cerebro que talvez não esteja a funcionar bem. Segundo notícias vindas a lume,os transgénicos podem vir a trazer grandes problemas à humanidade considerados perigosos para a continuação da espécie humana. Acredito que tudo isso possa acontecer. Agora pergunto o que se deverá fazer para desaparecer do nosso meio os milhares de toneladas de resíduos cancerígenos existentes por todo o lado? As lamas oleosas dos complexos industriais? As lixeiras a céu aberto com todos os inconvenientes que todos nós conhecemos? Os amiantos que cobrem uma quantidade de edifícios do nosso País? Quem protege os trabalhadores que os manipulam? Já reparou que a maior parte, quer dos trabalhadores quer dos empresários não se fazem respeitar uns aos outros. Tenho 66 anos, já passei por muito mundo e mesmo naqueles países que se dizem possuir as mais avançadas tecnologias, não respeitam e não se fazem respeitar quanto a prevenções.Será que os híbridos também não causam problemas? E quais são esses problemas? Boa amiga fiquei satisfeito com o seu texto mas, confesso que sei que nada sei... Verifique que por ex. os ambientalistas, os verdes e outros afins fazem tamanhas guerras que na maior parte das vezes só pioram a situação. Veja-se o caso de Foz-Coa, Alqueva, a coinceneração,que resultados positivos tiramos com as suas posições? Peço desculpa pela extensão do comentário mas, o seu texto deixou-me muito apreensivo. Cumprimentos Respeitosos João.

poetaeusou . . . disse...

*
na minha juventude,
há muitos aaaaaaaaanos,
os meus avós,semeavam milho,
entre muitas figueiras,
a seguir á colheita da batata,
no centro da nazaré imagina,
saudoso das batatinhas na lareira,
a maçaroca assada, qual pipocas...
e figos, figos mil, como o teu
post anterior, o meu palato,
mantem o sabor de antanho.
entretanto semearam casas nesse
espaço, falta-me o chilriar dos
passaros, o gri-gri dos grilos,
o canto dos ralos, escaravelho da batata ? os besouros de junho.
há dias fiquei triste, vi figos
numa grande superficie, saltei de
contente, figos, os meus amados
figos, em casa reparei que eram
turcos, sem sabor e sem perfume,
pedi perdão á terra onde outrora
havia figueiras, pensei, talvez
tenha ajudado alguma criança curda, que sofre e é perseguida,
por erros dos adultos . . .
para variar fui "chatear" o mar,
que me atura ...
,
xi
*

alexandrecastro disse...

olá ana! já tinha pergunatdo oas meus botões o que seria feito de ti...! como sempre gostei de ler o teu post! e como sempre fico com inveja...! bjs

Anónimo disse...

Ana,

Gostei tanto de voltar e receber-te na minha casa! Tinha saudades.
Já li o teu texto e aprendi muito sobre o ciclo do milho. Sabes que este ano, na minha pequenina horta, resolvemos semear milho do tradicional que nos arranjou o meu pai. E foi giro. Vingou, cresceu e deu umas belas maçarocas que se assaram no braseiro e fizeram as delícias de todos. Foi só uma brincadeira, já se vê. E é um pouco de prosápia chamar àquele cantinho "horta". Comparado com os teus hectares! Mas dá para fazer umas brincadeiras.

Grande beijinho.
Volta sempre.

pin gente disse...

lembrei-me das maçarocas ainda verdes, leitosas, que "roubava" dos campos quando miúda. que bem que sabiam! fiquei com vontade de ratar uma agora.

beijoca maçaroca

Bichodeconta disse...

Estou deliciada com as imagens, com um pouco de inveja(no bom sentido) esse milho tem a cor e a magia da terra, parabéns..Foi tão bom recebe-la no meu cantinho..um beijinho e bom fim de semana...

Anónimo disse...

"podem reparar que há muitas falhas no grão e este tem vários tamanhos e formas, parecendo-se cada vez mais com o milho tradicional" - não será a natureza a tentar reparar-se? não será a natureza a tentar recompar o equilíbrio? Octávio Lima (ondas3.blogs.sapo.pt)

Flôr disse...

Como foi bom passar por aqui...
Primeiro, aprendi muito sobre o milho e o seu ciclo.
Depois, avivei recordações.
Ainda descarolei algumas maçarocas e lembro-me de ficar com os dedos bastante doridos. Quando já não conseguia mais, raspava uma maçaroca na outra e assim iam saindo os grãos...
Bons tempos...
(mas sem saudosismo....)
Nas tuas fotos não vi nenhum milho-rei...
:)

Muito bom o teu post e as fotos.

Beijitos, Ana.

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá Ana, linda postagem amiga.
Beijinhos,
Fernandinha

jorge esteves disse...

Aprendi o (muito) que não sabia. E também vi as diferenças com os tempos do meu velho tio Juvelino, mais as suas produções (artesanais) do outro século...

abraço

João Roque disse...

Como sempre uma lição, e bem transmitida, agora sobre o ciclo do milho, o qual desconhecia por completo.
Um promenor que tenho andado a ver e há tempos ando para te falar: acho lindo o uso do plural nos teus textos; dá-nos um sentido comunitário, como imagino aquele onde vives.
Beijinhos e bom fim de semana.

Rubi disse...

Adoro macarocas. E na Madeira come-se milho quente (ha quem chame papas). E uma delicia :)

Anónimo disse...

SILÊNCIO CULPADO disse...
Perante uma grande sacanice que está a ser feita sobre alguns professores que não recebem vencimento,têm horários d e12 horas ou estão a recibos verdes sugere-se que todos os blogues publiquem a notícia que está no http://cegueiralusa.blogspot.com

Sei que existes disse...

Que informação tão interessante!
Obrigada pela partilha.
Beijocas

Anónimo disse...

Que maravilha de fotografias da eira cheia de milho.
Trazem-me recordações daquelas que ficam na memória do coração, eira cheia de maçarocas e o debulhar manual, encontrar um milho-rei como disse a Ana, era significado de qualquer coisa relacionado com amores, creio, mas já não me lembro.
As maçarocas eram "batidas" com paus para lhes ser retirado o milho.
A reflexão sobre os transgénico é muito pertinente, claro, e a verdade é que é assustadora a nossa ingorância sobre o assunto, aproveitei a deixa de Jardineira aprendizvou tenatar encontrar o livrinho de que fala.
Beijinho

vieira calado disse...

Eu, por acaso, já sabia que esse tipo de milho não se transmite como o antigo que tínhamos.
Mais uma manigância dos industriais para obrigar a comprar a semente...

Licínia Quitério disse...

Muito obrigada pelos comentários amáveis que tens deixado no meu blog.
Tens aqui um lugar interessantíssimo. E o que se aprende...

Beijinho.

bettips disse...

Quem me diria que pela madrugada estaria a ler "coisas de milho"? Tenho receio/duvido de todas estas modificações "in vitro", evoluções pouco naturais, até porque não há preocupação que se sinta eficaz, com problemas do ambiente, ou desflorestação. Uma atitude lúcida e global seria necessária e urgente! Com a "nossa" Jardineira e contigo, se aprende tanto e tanto, sobre o pulsar da terra... Obrigado por não me esqueceres nas palavras que deixas. Um abraço amigo e fiquem bem!

Anónimo disse...

Parabéns pela forma como aqui denuncia os riscos inerentes ao consumo inusitado de alimentos geneticamente manipulados. E o sabor do milho verdadeiro, impagável.

Anónimo disse...

Olá amiga

Lá me fizeste tu retornar ao passado já algo distante: a Quinta do Pisão!

Os campos todos cultivados e verdejantes, as colheitas no seu devido tempo, as eiras cheias de cereais, tudo natural, ainda nem se sonhava com os transgénicos.

Naquela altura havia nitidamente, primavera, verão, outono e inverno!

Enfim, como sabes sou uma saudosista nata.

Gostei muito do teu artigo, continua....

Beijos.

Joana Roque Lino disse...

gosto de aqui passar e de te ler. fazes-me sentir como se estivesse no campo e isso sabe-me bem.

Eira-Velha disse...

Bom dia.
Este tema fez-me voltar à infância, o cheiro a esterco, a terra lavrada, as sachadas debaixo do sol abrasador, a rega à luz do luar ou de uma simples lanterna a petróleo, os amores clandestinos perdidos no meio dos milheirais, as desfolhadas, a broa... tantas e tantas recordações...
As sementes utilizadas na minha terra não tinham idade, devia ser uma variedade muito primitiva, mas produzia muito bem e era muito resistente. E era notável como o milho amarelo se sobrepunha sobre o branco, aparecendo as espigas desta espécie todas salpicadas de amarelo, o que não acontecia no inverso.
E aquilo a que voçes chamam sabugo, na minha terra era o carolo (ou carulo), que também era utilizado como combustível, óptimo para fazer churrascos porque arde muito lentamente...
Pronto...
Já me alonguei demais mas parece que não é só a mim que o tema desperta emoções...

O Profeta disse...

Um coração que segue em silêncio
Colinas, cumeeiras, doce aroma de pão
Descanso na paixão, caminho nela
Quantas estações, tem o coração?

Boa semana


Mágico beijo

redonda disse...

Gostei deste post sobre o milho porque não sabia que havia tanto a saber sobre ele e por pensar o mesmo sobre os transgénicos.

Espaços abertos.. disse...

Estas fotografias fizeram-me lembrar os meus tempos de criança .que andava com o meu pai na apanha do milho,e todas as restantes tarefas,mas era tudo manual,outros tempos...
Bjs Zita

Tongzhi disse...

O que eu tenho aprendido sobre coisas do campo neste blog!!!
Adorei também as fotos, sobretudo a do milho a secar. É uma grande quantidade!!!

Ricardo disse...

Hum, que vontade de comer milho cozido! Lindas fotos, linda colheita. Lembrei-me de quando colhíamos milho no sítio de meu avô e, ao achar uma espiga com grãos vermelhos ele dizia ser o milho-rei, e contava das festas em sua aldeia - Matas do Louriçal.

Como é bom vir aqui ler tuas histórias!

Um beijo

a d´almeida nunes disse...

Eis um texto que, para além de nos transmitir muita informação e sobre temas actuais mas de que a maior parte de nós não conhece os rudimentos sequer, denota um grande amor e empenho pelas coisas da terra.
Eu sou dos tempos da agricultura, à enxada, ao arado, à terra lavrada à força do cachaço dos bois e das vacas e do próprio homem, das regas matinais ou ao fim da tarde, antes ou depois de dias de calor abrasador, a comer melancia, a água tirada do poço com a picota (já havia também motores de rega a dois tempos).
Enfim, que saudades das terras do Casal de Ribafeita - Viseu. E dos ranchos de primos, primas, tios, avós. E das minhas idas e vindas do Porto para ficar de férias a encargo da minha avó Neves e da minha tia Céu e...
Também sou de opinião que a manipulação genética das plantas e dos animais tem muito que se lhe diga. Será que algum dia chegaremos a conclusões consensuais?
BJ
António

Anónimo disse...

Uma trabalheira! Cinco seis meses espavoridos. Era assim quando eu era pequeno. Quem não sabe, não imagina a trabalheira que dá o milho que, lá pelas nossas aldeias do Norte, era "peça" fundamental da sobrevivência das gentes, com trabalhos pelos ano todo. É um cereal que vale a pena nunca esquecer, mesmo que o queiramos fazer. Quanto aos transgénicos, ainda não sei que dizer, mas se puder e enquanto puder fugir deles, fugirei! Bjs.

anete joaquim disse...

Ai, meu Deus! Tanta sopita de maçaroca que isso dava! Vocês, aí, pouco aproveitam a maçaroca na alimentação. Aqui, comêmo-la cozida, quando já está madura, mas ainda tenrinha. É só descascar e pôr a cozer em água e sal, temperada com manteiga. Come-se à mão, claro, metendo os dentes no grão. Também aproveitamos e fazemos sopa. Leva feijão, cebola, batata, abóbora amarela, cenoura, a maçaroca descascada e massa entremeada (parece esparguete, mais mais curta). É uma sopa bem densa. Fica com um cheirinho que é uma delícia.
Outra das formas é grelhada na brasa, com uns salpicos de sal por cima e barrada na hora com manteiga. Huuuummmm!
Bela produção que tiveste. bjs.

paulu disse...

Como alfacinha viciado em caldo verde com um bocadinho de broa, fiquei deliciado com este artigo bem escrito, e assaz recheado de boas fotografias..

E que ainda traz à baila o problema dos transgénicos, que poderiam (imagino) ser uma fonte de benefícios para a humanidade, mas parece que são sobretudo um excelente negócio. Posso estar a ser rude, mas, pelo menos a longo prazo, parece-me uma insensatez confiar em cultivos de espécies que foram geneticamente modificadas para intoxicar as pragas que delas se alimentam. E já nem falo na possibilidade de não serem só as ditas pragas a ficarem intoxicadas... É que se a teoria da evolução de Darwin ainda vale alguma coisa, o que vamos ter ao fim de algum tempo, certo e sabido, é pragas resistentes aos transgénicos de agora. E depois? Arranjam-se uns transgénicos ainda mais tóxicos? Por outro lado, apesar de estarem a ser criadas «novas espécies», em termos práticos, a diversidade genética das populações está a ficar restrita ao catálogo das Monsanto. E lá vem mais uma vez Darwin: quanto menor a diversidade genética, maior a probabilidade de haver o azar de uma extinção à conta de uma modificação ambiental abrupta. Coisa que, aliás, é o que parece que não vai faltar nos próximos anos à conta de outras insensatezes.

Enfim, é melhor parar com o lamento que é fim-de-semana. Beijinhos e felicidades para a colheita!

bettips disse...

É só para te dizer que TU me dás a paixão dos sentidos: da TERRA. Portanto, passamos aqui e lá, assim, espantadinhas e felizes! Terás tu feito "doce de abóbora"?Bjinhos

Anónimo disse...

Olá, Ana Ramon!
Olha-me só, o que o Ventor me conta sobre o milho e, especialmente sobre o milho rei!
http://adrao.com.sapo.pt/page27.htm
sabes que ele chega a sonhar com as noitadas que os milhos lhe pregaram? Só aturando-o é que se pode fazer uma ideia do que é o milho. E se for milho rei? Não queiras saber. Se tiveres tempo olha só a página que eu escrevi sobre o que ele me contou, na sua procura pelo milho rei. Ou já a viste? Para gato, que nada tenho a ver com os milheirais de que o Ventor me fala, é de ficar pírolas a seu lado!
Bjs.

O Profeta disse...

Interessantes ensinamentos cara amiga...aquí na ilha cultiva-se o milho hibrido mas o mesmo é desfeito e feito em cilagem e guardado e fardos...


Doce beijo

Anónimo disse...

Olá Ana,
os meus avós maternos eram agricultores e semeavam milho... novamente regressei à minha infância com o teu post, lembro-me da desfolhada e de ter o milho a secar na eira e ainda me lembro melhor da broa de milho que a minha avó cozia no forno de lenha...
Parece que sinto o sabor e o cheirinho de pão quente.
Beijos e obrigado.

Anónimo disse...

Olá Ana,
o Pai-Natal antecipou-se este ano e deixou uns presentes para ti no meu blog.
Beijos,
Sonhadora

João Navarro disse...

Aqui passei também...
Um beijo e bom fim-de-semana
CN

Flôr disse...

Olá Ana!
Espero que esteja tudo bem.

Desejo-te uma boa semana.
Beijitos

PS: Já temos saudades da tua escrita.