Mas é que temos estado tão empenhados num outro trabalho de escrita (do qual falaremos mais tarde) que além das tarefas da quinta, pouco tempo nos resta para outras actividades, a não ser uma rápida passagem pelos jogos do farmville ou country life, antes de ir para a cama, como forma de lutar contra algum stress num exercício lúdico concebido por pessoas que não têm a mínima ideia de como se pode gerir uma quinta :)
Este ano também sofremos os efeitos dos últimos temporais. Vamos mostrar duas fotos que mostram o susto que foi vermos um pinheiro a desabar dentro da zona onde estão os galináceos e que por sorte tombou sobre um outro o que evitou que os estragos fossem bem piores. Assim apenas danificou parte da vedação que limita o espaço dos animais e também umas dezenas de telhas no estábulo que já tinha sofrido a queda de um cedro no ano anterior.
Caíram também umas dez árvores na mata, mas sem prejuízo de maior se compararmos com o que se passou noutras zonas da freguesia
Mudando de assunto:
Num destes últimos fins de semana, resolvemos dar um passeio até Soutosa em Moimenta da Beira que pertence ao distrito de Viseu, para visitarmos a Casa-Museu de Aquilino Ribeiro.
No início da viagem, alguém se lembrou de visitarmos primeiro a nascente do rio Vouga que fica no Chafariz da Lapa, na freguesia de Quintela e na volta passarmos então por Soutosa.
Aceitámos a sugestão e fomos direitos à Serra da Lapa, no concelho de Sernancelhe que pertence também ao distrito de Viseu.
Ao entramos na freguesia de Quintela fomos surpreendidos pelo Santuário da Lapa do qual nunca tínhamos ouvido falar
A primitiva capela foi construída por romeiros no séc. XVI. Mais tarde os jesuítas construíram o santuário (no centro da foto) e o Colégio (ao lado direito) no séc. XVII.
Ficámos impressionados no seu interior pelas várias surpresas que nos esperavam.
Principalmente o enorme penedo onde está a capela da Nossa Senhora da Lapa.
Segundo consta nos arquivos, a população no séc. X teria escondido uma imagem da virgem dentro de uma gruta (lapa) para evitar a sua destruição por parte dos mouros.
Quinhentos anos mais tarde, Joana, uma jovem pastora muda, encontrou a imagem e levou-a para casa. A mãe, pensando tratar-se de um brinquedo sem préstimo, resolveu lançá-lo à fogueira, dando origem ao milagre da filha começar a falar para poder suplicar à mãe evitando assim a sua destruição.
Este milagre fez com que a capela-mor fosse erguida precisamente na mesma gruta.
No centro da foto vê-se a capela mesmo ao fundo e aí, virando-se à esquerda, tem que se passar por um espaço muito estreito entre dois penedos que segundo a lenda só conseguem passar aqueles que estão livres de pecados graves, sendo o pior de todos, pensamos nós, o da gula :))
(foto retirada da Net)
Eu nem tentei passar, não por recear que os meus pecados me impedissem de o fazer, mas porque me pareceu que ia ter algum desconforto claustrofóbico.
Ficámos admirados com uma série de pormenores: um presépio com imensas figurinhas feitas pela escola de Machado de Castro, o altar do Menino Jesus este vestido com trajes napoleónicos, mármores de Carrara, quadros de Josefa d’Óbidos...
Visitando a zona atrás da capela-mor encontrámos esta sala enorme a chamada Casa do Peso por ser aí que as pessoas se pesavam para darem o mesmo peso em trigo segundo promessa feita à Senhora da Lapa
Mas a maior das surpresas foi depararmos com este enorme crocodilo!
Feliizmente como existiam várias explicações afixadas na parede para esta figura inusitada num santuário. Escolhemos a que nos pareceu mais razoável:
E mais este sobre a intervenção sofrida:
Entretanto o tempo começou a piorar de tal forma que acabámos por desistir de fotografarmos a nascente do Rio Vouga que fica ali muito próximo e também já não visitámos a Casa-Museu do Aquilino Ribeiro que vai ficar para outra saída em breve.
Só faltou dizer que o colégio dos jesuítas construído mesmo ao lado do referido santuário foi onde Aquilino estudou entre 1897/99.
(foto retirada da Net)
E a partir de agora vamos tentar continuar a publicar as nossas histórias, duas vezes por mês como era nosso hábito.
Fica aqui a promessa
25 comentários:
*
olha sou o primeiro, num texto,
que me apaixona os sentidos,
os cedros que olham para a
casa como intrusa, ventos
que não respeitam a flora,
a Talha Dourada da N.S. da Lapa,
a passagem que já transpus e que
no presente não consigo devido aos
meus XXXLs, que me atormentam,
e claro com o retorno, da Dona
deste esverdeado Cantinho,.
felicidades, deixo.
,
brisas suaves, ficam,
,
*
Que bom voltar a poder ver algo de novo e tão interessante, neste blog !
Já estava com saudades de ver algo de diferente e matar saudades das suas descobertas aí pelo interior. Gostei realmente do que li e até aprendi umas coisas...
Como sempre, a sua máquina fotográfica, funcionou lindamente.
Agora é continuar.
Carinhos do Mário
Gostei do que li e do que vi, Ana,
O texto encanta, as fotografias são muito bonitas, viver no campo é sempre uma delícia e um sonho para os que não podem ter esse previlégio, apesar dos contratempos que muitas vezes surgem.
Gostei do seu regresso Ana.
Um bom fim de semana
Maria
É com muita satisfação que vejo um novo assunto neste blog , sempre interessante . Fiquei também contente por recordar o Santuário da Lapa que só visitei uma vez, há uma boa vintena de anos. Excelentes fotografias. Um abraço
Uma bela surpresa num dia dia em que a Primavera chega, bastante escondida: um post da Ana!
E que belo post, a mostrar, como quase sempre, coisas que pouca gente conhece.
Prometo que vou emagrecer o suficiente para então poder visitar a Senhora da Lapa...
Beijinho.
gostei do passeio e dos ensinamentos.
lamento pelos estragos.
um beijo
luísa
Que estupenda surpresa.
A Ana é como as andorinhas... Quando chega a Primavera...
Com que então "outras escritas" hem? Quero o meu nome na lista de espera. O primeiro volume é meu. Assinado.
Que todos os danos se fiquem pelas telhas.
Um beijinho e obrigada pela visita à Senhora da Lapa
Com efeito, já se tornava algo fastidioso vir aqui e ver sempre o mesmo menu que certamente estava delicioso mas eu passei a detestar trutas desde que vi como eram tratadas num desse "viveiros" que por aí pululam...
Mas é sempre um prazer constatar que a vida continua, e com muita actividade:)
Um beijinho
Pois seja bem vinda!
sempre passo por este sitio esperando ver algo de novo.
Que pena os cedros, tantos anos para crescer e assim...perdidos.
A lenda da Sra da Lapa faz lembrar a da Nazaré, também ela escondida e trazida de Longe, descoberta e milagrosa.
Estas lendas fazem as minhas delicias mesmo depois de ouvi-las varias vezes nunca me canço...!
eugenia
Ainda bem que não houve estragos de maior. O corcodilo da Lapa, lembro-me de o ver pendurado no tecto ,e com a indicação de lagarto (provavelmente por estar verde). Agora está bem melhor.
Beijos
Olá Ana Ana!!! Que bom teres voltado e lembrado, apesar das notícias do vosso inverno de rigor - e do que leste da minha gatita... É sempre tão bom ver os teus olhos na terra e, no entanto, tão nos céus, quer dizer "na altitude azul e verde das coisas comuns da terra...". Ando para fazer essa, visita há que tempos, tenho gente conhecida que é de lá perto (Lamosa?). Agora lá irei com outros olhos emprestados teus. Entretanto, vou estar desde 2ª até próx. 6ª no Inatel S. Pedro do Sul. Quem sabe se vos dá para uma saída por lá? Vou-te mandar uma mensagem com o meu nome, just in case... sei lá???
Abraços da Bettips
E valeu a pena aceitar essa sugestão, afinal depararam-se com essas maravilhas.Naquele lugar estreito eu não me atreveria, preciso perder algum peso para me atrever a tanto..Vá lá vizinha, vá lá dar uma bicado no meu galinheiro que não há meio de ficar com capacidade para guardar os meus galináceos. Mesmo no virtual, ali quebra-se o stres.Um beijinho, Ell
Olá Ana.
Já estamos habituados, aqui pelo Lugar nunca pensei, a ficarmos um pouco vazios sem as suas noticias, mas em contrapartida, enche-nos a alma as suas "estórias".
E nós que andamos perdidos por Sernancelhe ainda há pouco tempo (é o que faz tentar cortar caminho para ir ver as amendoeiras em Flor)e passamos ao lado de uma obra tão bonita. Continue a escrever. Os nossos serões em frente ao computador,agradecem. Joba - O lugar nunca pensei
Olá Ana.
EUREKA. Pensei que já havia mais uma desistência no blog. Inclusivamente tenho enviado alguns e-mail e nem resposta. Pensei que algo de mal tinha feito por tamanha ausência.
Era e é um espaço digno de visita e,mesmo sem comentar passei por lá várias vezes. Havia só silêncio. Verdade seja dita que vi no facebook a tuspresença, mas unaõ tenho paciência para gerir muita coisa ao mesmo tempo. Espero não ficar esquecido...Desejo-vos uma bela semana e uma Páscoa com muitas amendôas.
Olá, bom dia.
Habitualmente dou uma vista de olhos a este sítio e gosto muito.
Tomei a liberdade de anexar ao meu blog: www.casadocordaodagranja.blogspot.com
Cumprimentos
Afinal também tens andado afastada destas lides mas empenhada noutras. Ainda bem que voltaste. Não conheço nenhum dos locais que mencionaste. Conheço muito pouco do país. Por razões familiares as minhas deslocações resumem-se a uma parte do Alentejo e a Santa Maria nos Açores. Dá-se também o caso de o meu marido detestar viajar. Quando me reformar talvez...
Adorei o teu cantinho,parabens, já me fiz tua seguidora,bjcas...
Hoje fui ao blogue do nosso amigo Mário Portugal, o meu amigo radioamador de longa data, que já há muito não contactava por nenhuma das vias, nem rádio nem internet.
As associações de radioamadores portugueses estão a preparar-lhe uma homenagem em Junho deste ano. Penso que uma coisa a preceito, como o Mário bem o merece.
Daí a vir até este local bonito e confortável foi um pulinho (um clic).
Sou de Viseu mas há muitas zonas até do Distrito que desconheço completamente. Agora que estou a ficar pró velhote tem-me vindo a dar nas ganas de visitar com olhos de ver toda essa zona. Sinto que tenho andado a desperdiçar a água que já devia ter bebido há mais tempo dessas fontes de sabedoria popular, de história, de religiosidade, de clima, de povo em suma.
Um beijinho amigo
António Nunes
E cá ficamos a aguardar por mais e interessantes narrações. Beijinhos
Deixa-me cá fazer o vigésimo comentário:
Aninha, já estávamos a sentir muita falta de ler coisas novas neste blog. Gostei muito de ir à senhora da Lapa com vocês ainda que por via virtual.
Boas culturas no farmville.
Bj.
ao menos no farmville as àrvores não caem, ou caem?
Já devia ter falado do
ENCANTO! Volto já pelo caminho da serra (com a lesma, a joaninha... mimos outros)
Bjs e abraços aí!
Espero que a vossa Páscoa tenha sido boa, Ana.
Espero também que as vossas publicações sejam com menos tempo de intervalo, pois mostram-nos e contam-nos tanta coisa bela!.
Não demorem...
Bj
Maria
Um passeio pela Sra da Lapa e nascente do Vouga (a do Paiva ali tão perto também) revigora-me sempre a alma.
Acho que fazes bem. Há histórias que valem muito e essa é uma delas é bom que as pessoas indiquem aos outros o que a vida tem de, ... de belo!
Eu gostei!
Bjs.
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