Vou então explicar a razão de ser do post do Ezequiel que fala de gafanhotos enquanto ainda digeriamos o ratatouille. Ontem, vi a foto de uma Danaus plexippu, também conhecida por borboleta monarca no blog Jardinagens com o título "Foi-se o tempo das borboletas" e ao ler isto escrevi o seguinte comentário:
"Pois é, foi-se o tempo das borboletas e eu acrescentaria: Ainda bem! Sei que me arrisco a ser condenada ao fuzilamento, mas ainda assim vou ter que dizer: Detesto Borboletas!! Quando vejo toda essa beleza esvoaçante, hesitando entre esta e aquela flor, criando a ambiência necessária para qualquer postal romântico, eu antecipo logo a visão de centenas de lagartas a destruirem os órgãos respiratórios das plantinhas que acreditam em mim e na minha capacidade de as proteger. Fico furiosa quando vejo as minhas plantas reduzidas a uns talinhos nus e enfezados. Poupam-se as borboletas e depois envenenam-se as lagartas."
O Ezequil leu, riu e comentou o facto de às vezes pouparmos alguns bichos para mais tarde tentarmos eliminá-los.
De aparência tão frágil, ninguém diria que muitas espécies de borboletas já existiam no tempo dos dinossauros. A sua actividade é muito importante para a polinização e servem de alimento a um sem número de animais.
Pertencem à ordem dos Lepidópteros por terem asas membranosas cobertas de escamas sobrepostas (aquele pó que se desprende das asas quando lhes tocamos, são pedacinhos minúsculos dessas escamas) e armadura bucal com uma "tromba", o probóscis, enrolado em espiral, através do qual podem sugar o néctar das flores e as gotas de orvalho.
Há as diurnas, as Rhopaloceras, com antenas longas e filiformes que são as mais conhecidas (todos devem reconhecer esta malandra, responsável pelas nossas couves horrivelmente esburacadas. É a Pieris brassicae)
E há as nocturnas, as Heteroceras com antenas denticuladas (com saliências em forma de dentes) ou pectinadas (em forma de pente)
A foto mostra a maior borboleta que vive em Portugal, podendo atingir os 16 cm. É uma Saturnia Pyri, também conhecida por Grande Pavão Nocturno. Reparem nas antenas. Certamente será um macho uma vez que as fêmeas não possuem antenas tão "farfalhudas". Não é esquisita na alimentação já que as lagartas comem folhas de pessegueiros, cerejeiras, nogueiras, carvalhos, choupos, salgueiros e outras mais.
Das 165.000 espécies conhecidas a nível mundial, mais de 1.000 espécies actuam em Portugal, umas autóctones e outras imigrantes. No entanto há uma diminuição enorme nas populações devido às alterações dos ecossistemas, como a diminuição dos habitats, a poluição, o uso desenfreado de pesticidas, etc.
As mais ameaçadas são as espécies monófagas por se alimentarem só de um tipo de plantas e por isso mais sujeitas à quantidade maior ou menor desse alimento. Como esta Charaxes jasius. É a maior borboleta diurna nas nossas paragens podendo medir 8 cm de envergadura
Habita zonas florestais de pinheiros e carvalhos onde normalmente existe em abundância o seu alimento preferido: o medronheiro. Procura além dos medronhos bem maduros, também excrementos de animais. As lagartas têm uns “cornos” avermelhados e alimentam-se das folhas do medronheiro. Com o desaparecimento de parte da zona florestal envolvente devido aos incêndios deste ano, tenho que me preparar para estas visitas indesejadas que vão sacrificar de novo os meus desgraçados medronheiros.
As pessoas optimistas dirão "Aquela lagarta voraz um dia tornar-se-à numa lindíssima borboleta!" As pessimistas, e neste caso eu também, dirão "Esta linda borboleta vai dar origem a centenas de lagartas vorazes!"
Grrrrr!! Detesto borboletas!!
(Algumas das fotos foram retiradas dos sites: http://pdubois.free.fr e www.fond-ecran-image.com. Os meus agradecimentos)
"Pois é, foi-se o tempo das borboletas e eu acrescentaria: Ainda bem! Sei que me arrisco a ser condenada ao fuzilamento, mas ainda assim vou ter que dizer: Detesto Borboletas!! Quando vejo toda essa beleza esvoaçante, hesitando entre esta e aquela flor, criando a ambiência necessária para qualquer postal romântico, eu antecipo logo a visão de centenas de lagartas a destruirem os órgãos respiratórios das plantinhas que acreditam em mim e na minha capacidade de as proteger. Fico furiosa quando vejo as minhas plantas reduzidas a uns talinhos nus e enfezados. Poupam-se as borboletas e depois envenenam-se as lagartas."
O Ezequil leu, riu e comentou o facto de às vezes pouparmos alguns bichos para mais tarde tentarmos eliminá-los.
De aparência tão frágil, ninguém diria que muitas espécies de borboletas já existiam no tempo dos dinossauros. A sua actividade é muito importante para a polinização e servem de alimento a um sem número de animais.
Pertencem à ordem dos Lepidópteros por terem asas membranosas cobertas de escamas sobrepostas (aquele pó que se desprende das asas quando lhes tocamos, são pedacinhos minúsculos dessas escamas) e armadura bucal com uma "tromba", o probóscis, enrolado em espiral, através do qual podem sugar o néctar das flores e as gotas de orvalho.
Há as diurnas, as Rhopaloceras, com antenas longas e filiformes que são as mais conhecidas (todos devem reconhecer esta malandra, responsável pelas nossas couves horrivelmente esburacadas. É a Pieris brassicae)
E há as nocturnas, as Heteroceras com antenas denticuladas (com saliências em forma de dentes) ou pectinadas (em forma de pente)
A foto mostra a maior borboleta que vive em Portugal, podendo atingir os 16 cm. É uma Saturnia Pyri, também conhecida por Grande Pavão Nocturno. Reparem nas antenas. Certamente será um macho uma vez que as fêmeas não possuem antenas tão "farfalhudas". Não é esquisita na alimentação já que as lagartas comem folhas de pessegueiros, cerejeiras, nogueiras, carvalhos, choupos, salgueiros e outras mais.
Das 165.000 espécies conhecidas a nível mundial, mais de 1.000 espécies actuam em Portugal, umas autóctones e outras imigrantes. No entanto há uma diminuição enorme nas populações devido às alterações dos ecossistemas, como a diminuição dos habitats, a poluição, o uso desenfreado de pesticidas, etc.
As mais ameaçadas são as espécies monófagas por se alimentarem só de um tipo de plantas e por isso mais sujeitas à quantidade maior ou menor desse alimento. Como esta Charaxes jasius. É a maior borboleta diurna nas nossas paragens podendo medir 8 cm de envergadura
Habita zonas florestais de pinheiros e carvalhos onde normalmente existe em abundância o seu alimento preferido: o medronheiro. Procura além dos medronhos bem maduros, também excrementos de animais. As lagartas têm uns “cornos” avermelhados e alimentam-se das folhas do medronheiro. Com o desaparecimento de parte da zona florestal envolvente devido aos incêndios deste ano, tenho que me preparar para estas visitas indesejadas que vão sacrificar de novo os meus desgraçados medronheiros.
As pessoas optimistas dirão "Aquela lagarta voraz um dia tornar-se-à numa lindíssima borboleta!" As pessimistas, e neste caso eu também, dirão "Esta linda borboleta vai dar origem a centenas de lagartas vorazes!"
Grrrrr!! Detesto borboletas!!
(Algumas das fotos foram retiradas dos sites: http://pdubois.free.fr e www.fond-ecran-image.com. Os meus agradecimentos)
12 comentários:
Muito esclarecedor o post e também a tua posição sobre o assunto!!!
É um prazer ler-te, porque (parece que) escreves ao sabor da "pena", sem nenhuma hesitação!!!
No entanto continuarei na dúvida, quando olhar para uma bonita borboleta!...
Ps. Eu odeio aranhas e... como sei que comem moscas, melgas e outros insectos... deixo-as viver a vida delas! :D
As borboletas também fazem falta, mas o que acho é que existe falta de predadores de borboletas e de lagartas. Estão a aparecer em excesso, e aí concordo consigo.
O outro dia is almoçar com os meus colegas e estava um gafanhoto, (o grande, vulgar em Portugal, não me lembro da espécie) no chão, pisei-o e viram-se logo, tão ecológico e anda aí a matar os bichinhos. O bichinho é tudo e não há análise do que existe equilibradamente e o que não existe.
Nas borboletas penso que prevalece mais o sentido estético do que a correcta ou incorrecta inserção no ecossistema.
Foste bastante esclarecedora na tua exposição.
Eu, particularmente, adoro a beleza das borboletas, por isso tenho de me sujeitar às lagartas!
Mas confesso que nunca vi uma Heteroceras com 16 cm, mas deve ser linda a avaliar pela foto!
Quando apanho uma lagarta, aproveito para dar aos peixes. Eles adoram! (pelo menos penso eu de que...) Bj
Pois é amiga, também não sou fâ de borboletas embora ache que algumas são muito bonitas, vi uma exposição com exemplares belissimos, mas também as detesto pelos mesmos motivos que tu e tenho tido o jardim infestado por umas borboletas pequenas de côr beje que me têm dado conta de tudo.
Odeio-as e prefiro as aranhas, actualmente tenho uma bem grande e gorda numa arvore que lá se vai alimentado de moscas e das tais borboletas.
o comentário anónimo é meu, não sei porque saiu anónimo!
Tadinhas... Ora nós não protegemos as plantinhas também para as comer? Porque julgamos que nós temos direito a devorar plantas e os pobres bicharocos não? As vidas alimentam-se de vida. Excepto as plantas, claro: essas são realmente a grande dádiva do nosso planeta.
Não,não... o comentário anónimo era meu.
Fiquei aterrada com este ódio aos pobres (e lindos) bichinhos! Tadinhas! O momento de beleza que nos dão, não vale o satânico prazer de, depois, matar as suas lagartas?
O segredo é não associar uma coisa à outra. Uma coisa são as borboletas. A outra, as lagartas. O problema é andares a estudar tanto sobre o assunto.
(mas compreendo o que sentes, deixa lá!)
Ó sr. João Figueiredo( que por acaso até é meu compadre) mas que grande aldrabão...
Além de artista e chauffeur também é aldrabão!!!
Ó Ana Bela...mas que é isto???
Quem diria.......
Pronto, pronto...
Fica lá com o comentário!
O que vale é que fui eu que te telefonei para te avisar aqui da provocação:)
Beijinho amiga!! Meu e aqui dos belgas todos...
Até breve!
Uma nova perspectiva sobre as Borboletas e achei engraçada a contraposição entre o que diriam os optimistas e os pessimistas sobre a lagarta e a borboleta.
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