2008-09-02

Se é sensível... não leia

No mês de Agosto gostamos de fazer várias festas (entenda-se por festa a apresentação na mesa da maior variedade possível de confecções culinárias utilizando o mesmo ingrediente) como a do pepino (que este ano ficou todo queimado do sol), a do feijão verde, a da maçã (que este ano foi quase inexistente), da melancia (que nem sabemos o que fazer com tanta quantidade) e outras.
Acontece que o trabalho foi tanto e as pessoas que nos visitaram este ano também foram tantas que nem tivemos tempo para andar na recolha de novas receitas. Mas ainda fizemos algumas experiências culinárias que em breve partilharemos convosco.

Como há uma série de tempo que não publicamos nada de novo, resolvemos contar por imagens, a mais recente intervenção cirúrgica.

Um dos nossos jovens carecas (ou pelados como se diz aqui na zona) surgiu de manhã com este aspecto horrível. Tinha o papo aberto vendo-se a comida no seu interior e que ia deixando cair, ao caminhar. Não conseguimos perceber o que teria motivado um rasgão tão profundo mas talvez tivesse sido atacado por uma ratazana durante a noite.

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O caseiro viu o caso tão mal parado que pegou nele para lhe torcer o pescoço e pôr fim àquele sofrimento. Ao avaliar o seu peso, comentou connosco que o galito estava tão magrote que nem sequer dava para fazer uma boa canja.

E foi aí que nos ocorreu mais uma vez aquela velha frase “De médico e de louco, todos temos um pouco” e correndo o risco de nos acusarem do crime de alveitar, decidimo-nos pela cirurgia.

Improvisámos uma mesa de trabalho, munimo-nos de água oxigenada, betadine, terramicina em spray, e… de agulha e linha, claro.

Primeiro era preciso coser o papo propriamente dito

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... e depois a pele exterior

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Por fim aqui vemos o galito que se portou como um valente mas ainda um pouco combalido uma vez que não houve anestesia nem geral, nem local


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No dia seguinte já estava com este aspecto e bem esperto a olhar para o repórter, enquanto o Nuno, escolhido de entre os outros meninos por ter movimentos muito calmos, lhe tornava a pôr mais terramicina para não haver problemas de infecção


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E agora corre feliz da vida na brincadeira com os outros galináceos… adiando-se a tal prometida canja.

20 comentários:

João Roque disse...

Eu sou sensível a duplicar, pois além de tudo o que feridas expostas e coisas assim me fazem impressão e ao mesmo tempo, a minha única fobia são as penas; sendo assim eu fujo de tudo o que é ave, mesmo galinhas.
Portanto, li na diagonal e procurei não ver as fotos. Mas que se um dia precisarem por aí de uma veterinária, não precisam de correr muito.
Beijinhos.

gintoino disse...

Impressionante a resistencia q alguns animais têm. A cirurgia em si n é mto dificil, o q me espanta é q n tenha tudo infectado. Parabéns pela estreia como cirurgiões ;-)

Paulo disse...

Ana, lembro-me que embalsamaste morcegos e das tuas histórias veterinárias, mas operar uma galinha é obra. É preciso ter "papo".
Felicidades para ela e que não entre cedo na panela.

teresa g. disse...

Bolas! Acho que ia sonhar com isto se a história não tivesse acabado bem. Mas realmente vocês têm coragem e mãos 'abençoadas'!

Rubi disse...

Tadito. Muito bem!

Anónimo disse...

Oh Ana, que bela reportagem duma operação cirúrgica a um animal sem que se veja que ele esteja a sofrer... Já é estranho que se tenha deixado "trincar" por algum outro animal, e não ter feito uma zaragata tremenda...Assim até parece que está auto-anestesiado !
As fotos tiradas pelo Nuno, estão maravilhosas e os meus parabéns. Tão pequeno e tão artista, além de corajoso !
Parabéns aos dois, cá do Mário Portugal

Ricardo disse...

Pobrezinha da pelada, sorte que está em tuas mãos.

Aqui tivemos um faisão prateado que teve a perna arrancada por uma ratazana.

Azar dele que eu não seja tão bom veterinário quanto tu: morreu dias depois, coitado.

E que bom que ler tuas histórias novamente!

Maria Cristina Amorim disse...

Coitadinho, e uma anestesiazita com éter?ou em ultimo caso com bagaço pelo bico abaixo?
Bem agora que está melhor talves escape á panela e fique de estimação.
Beijos.

Anónimo disse...

Olá Ana! Vim agradecer o titulo do livro. Tenho a certeza que vou gostar dele e alvez o va distribuir pela familia, tal como tu.

Quanto a esta operação, e mesmo perante o aviso, decidi ler e ver as fotografias. Vindo de vocês nunca seria uma reportagem sencionalista mas algo profissional e com bons resultados :)

Beijinhos

Rubi disse...

Travel tales quentes e boas, à sua espera ;) Beijinhos

bettips disse...

Fantástico o engenho e a arte cirúrgica, básica... e que bonito e airoso ficou o jovem macho! Na minha infância há curas dessas, com "pachos" e "talas" improvisadas, direito a enfermaria (o meu quarto) etc!
Sinto uma lânguida saudade desse tempo de ar.
Uma boa recuperação... e um belo Outono para vós aí!
Bjinhos

Doze não apóstolos disse...

Boa noite Ana,
Sou o proprietário/reconstrutor do Paço de Figueiredo das Donas, de que você falou há tempos aqui no seu blog. A este propósito sempre lhe digo que a reconstrução está em curso, ainda no início, mas a ser muito bem feita, tentando manter o mais possível a traça original.
Mas o que levou a escrever-lhe hoje foi esta cirurgia da galinha. Na verdade, as pessoas da aldeia sempre fizeram este tipo de cirurgia, especialmente quando estas aves comem algo que as possa estar a envenenar; nestas circunstâncias, abrem-lhe o papo, retiram o que lá estiver, desinfectam com aguardente, cosem com linha de costura e geralmente o animal fica como novo.
Cumprimentos.

maria disse...

Não há dúvida que a necessidade e o desejo de resolver situações aguça o engenho. Ainda bem que o resultado foi bom ...para os operadores e a enferma.

Ana Maria B disse...

Muito bem! Grande cirurgiã!
Vim do Algarve anteontem. No dia em que lá chegou a chuva.Mas a água estava óptima e o bom tempo já voltou...
Boas férias!

Ana Maria B disse...

Muito bem! Grande cirurgiã!
Vim do Algarve anteontem. No dia em que lá chegou a chuva.Mas a água estava óptima e o bom tempo já voltou...
Boas férias!

Tongzhi disse...

Fantástica a tua coragem para fazer estas coisas.
Eu, que tenho algum pavor de feridas, tinha mandado tirar o galináceo da minha frente!!!!

pin gente disse...

parabéns, ana!
assim se salva uma vida, com amor e sabedoria.

um beijo
luísa

Anónimo disse...

Dª Ana, continuamos a brincar aos veterinários!!! assim um dia destes fico sem trabalho!!

Esta correu-lhe bem...e a próxima???

O sermão já foi dado...
este é só para relembrar..
NB: eter ou bagaço não anestesia...

Bichodeconta disse...

Eu recomendaria se é sensível, olhar! Pela sensibilidade com que até os animais aqui são tratados ao invés de outros sítios onde são tão mal tratados.. FIQUEI CHEIA DE INVEJA NO BOM SENTIDO E CHEIA DE PENA QUE A DISTANCIA QUE NOS SEPARA SEJA GRANDE..É QUE EU QUE ESTOU SEM TRABALHO JÁ TINHA ONDE EMPREGAR O MEU TEMPO..AGORO O CAMPO E TODAS ESSAS TAREFAS ME SÃO FAMILIARES..EM CRIANÇA IA COM A AVÓ JOAQUINA FAZER A COLHEITA DO MEL..UM DIA CONTO ESSAS AVENTURAS.. BJS..

Unknown disse...

Boa noite Ana.
Cheguei até ao seu blog através de um link que o nosso amigo Mário me enviou. Ele sempre me fala de você. E fiquei aqui lendo o que você tem escrito, reparei na sua intenção de fechar o blog, no entanto tanta gente lhe pediu para o não fazer, li a bela homenagem que você fez ao seu amigo Fernando, fiquei entretida observando as lides da sua fazenda, isto é, quinta. E este seu texto me trouxe tantas lembranças! Minha mãe fez o mesmo com um frango. Moravamos em Angola, em Vila Paiva de Andrada, na Lunda. Na Diamang, onde meu pai era funcionário. Um dia o Jerry, um basset que tinhamos, invadiu o galinheiro e pegou esse frango, fazendo-lhe um corte profundo e comprido no pescoço. Minha mãe costurou-lhe o pescoço, também a sangue frio. E salvou o danadinho.
Parabéns pelo seu blog, muito cativante, um abraço.