Aqui no nosso cantinho também não escapámos e foi um fim de tarde e parte da noite para esquecer, com o susto de poder o telhado desabar com todo aquele peso e chovendo dentro de casa quase como se estivéssemos na rua devido à cobertura de gelo nas telhas que não deixava a água escoar como habitualmente e como estas casas mais antigas não têm placa, a chuva que entrava pelas telhas atravessava o tecto de madeira caindo depois dentro da casa.
… tendo desaparecido as sementeiras que se tinham feito no dia anterior.
Um castanheiro caiu e o poste ia tendo o mesmo destino devido ao aluimento das terras
Nesta foto podemos ver melhor o que aconteceu às terras nessa zona, já com o castanheiro cortado:
A lagoa encheu de tal maneira, com a força das águas que saiu das suas bordas arrastando alguns peixes que foram apanhados no dia seguinte ainda trementes de vida e lançados de novo na lagoa.
Depois de tudo passado e de termos feito um balanço aos estragos, lembrámo-nos da Patareca.
A Patareca é a nossa pata-muda que em tempos desapareceu, obrigando todos a procurá-la, viva ou morta, nas redondezas, sem sucesso.
Passados dias apareceu na altura da distribuição da comida, desaparecendo de novo e percebemos que estaria a chocar.
Foi outro trabalhão saber qual o sítio que ela tinha escolhido porque se fosse fora da zona da capoeira, podia ser apanhada à noite pela raposa ou por outro animal qualquer que apreciasse este tipo de refeição.
Uma tarde escondemo-nos logo após termos enchido os comedouros e ela depois de comer, desapareceu quase em frente dos nossos olhos…
Ficámos desconfiados daquela elevação de terra que a queda do pinheiro que falámos no último texto, tinha deixado no terreno.
Espreitámos, metemos o braço até onde pudemos e nada de a vermos nem tocarmos sinais de ninho.
Lembrámo-nos de uma forma de tirar as teimas: fomos buscar a máquina fotográfica, metemo-la por um buraco pequeno que está junto ao corte do tronco e com ela bem no fundo, com um pequeníssimo ângulo de manobra, fomos disparando em todas as direcções.
Quando fomos ver as fotos, tivemos esta alegria:
Depois da tempestade em que correram rios de água por todos os lados e estando este esconderijo abaixo do nível do chão, ficámos preocupados com a possibilidade de estarem os ovos dentro de alguma poça de água.
Esperámos que ela saísse para comer e fomos fazer a mesma manobra com a máquina fotográfica e como se pode ver, o ninho está surpreendentemente seco.
Ao vermos esta foto apercebemo-nos que além dos ovos dela, também estão ovos da pata-brava, que são aqueles esverdeados e que provavelmente vão nascer em dias diferentes porque a pata-brava ainda anda a pôr e a Patareca assim que começarem a nascer os primeiros filhotes, deixa de permanecer em cima dos outros ovos mais atrasados... e nós não conseguimos retirá-los porque estão inacessíveis.
Além disso, a trovoada que se abateu durante um dia e uma noite, pode muito bem ter morto a criação.
Nunca percebi por que é que morrem as criações nos ovos quando há trovoada, mas que é muito frequente isso acontecer, é verdade.
É curioso que as galinhas quando estão a chocar e ouvem os trovões vão fazendo um barulho com a garganta como se estivessem a acalmar os pintainhos que ainda não nasceram. Mas como a Patareca é muda….