2011-02-24
2011-02-13
Para o Mário, com muito carinho
Como todos já sabeis, o nosso querido amigo Mário Portugal partiu na sua última viagem na passada sexta-feira, dia 4 de Fevereiro.
Desligou-se da vida sem sofrimento, sem aviso e no meio de uma conversa, tal como sempre desejara.
O Mário era um companheiro sempre presente na Net, a qualquer hora do dia e todos os dias da semana, o que lhe permitia uma vida extremamente ocupada, contactando com os seus amigos e familiares, desenvolvendo as suas teorias, escrevendo artigos diversos, respondendo a todos os mails que recebia, com uma juventude de espírito que por vezes não se encontra em pessoas muito mais jovens.
Perdi aquele amigo que me considerava uma pessoa rara, como o dizia aos quatro ventos, o que me deixava verdadeiramente incomodada. Mas esta afirmação revelava que não considerava os defeitos dos amigos, valorizando apenas as qualidades de cada um, ainda que exagerando-as a seu bel-prazer. Esta lindíssima atitude na amizade extrema que sentia pelos seus amigos, era uma das coisas que mais me impressionava no Mário, pelo qual senti sempre um enorme carinho.
Era também um leitor assíduo deste blogue e quando os temas lhe eram desconhecidos, obrigava-me a explicações extras através de mails ou do telefone.
Era também um leitor assíduo deste blogue e quando os temas lhe eram desconhecidos, obrigava-me a explicações extras através de mails ou do telefone.
Tenho andado a reler a sua imensa correspondência como forma de o sentir e manter ainda próximo e, nestas voltas pelas pastas do Pc, aconteceu ter esbarrado com um texto começado há uns tempos e que esperava algumas fotos para anexar e depois publicar no blogue.
Sabia que seria um texto que iria provocar uma forte risada no Mário - o que me encantava - e que daria azo a uma série de mails logo após a publicação.
Resolvi terminá-lo e publicá-lo agora, imaginando-o a rir na sua salinha e que noutras circunstâncias o levaria a pegar no telefone para me dizer qualquer coisa no género:
- Ó jóia, já me fez soltar umas boas gargalhadas logo pela manhã! Essa de dar banho à burra, só mesmo da cabeça da Ana!
Por isso, Mário, aqui vai o texto da Rita e que lhe provoque sonoras gargalhadas que só lamento já não as poder ouvir.
A Rita Branquinha
Há vários anos, ao passar de carro por uma aldeia próxima, vi um pequeno burro numa cerca. O animal estava num estado lastimoso, com camadas de esterco seco agarradas ao pêlo, os ossos a quererem furar a pele e um olhar tão triste que me fez doer o coração.
Parei o carro e perguntei ao homem quanto custava o burro, não por precisar de um, mas com dó do pobre bicho.
O homem ao aperceber-se da minha inexperiência sobre o preço de um burro e vendo a vontade que eu demonstrava em o adquirir, fez-me o preço exorbitante de 30 contos (na altura ainda não se sonhava com o euro), como se fosse um animal de raça.
Fiquei a saber que era uma burra e que tinha apenas 2 anos.
Para eu ter uma ideia de que o burro, ou melhor, a burra valia bem o dinheiro, o homem montou-a, prendeu-a a um arado e outras tarefas que ela desempenhava obedientemente mas dando mostras do medo que tinha de ser castigada.
Acabei por pagar o preço pedido e o comerciante até a transportou de imediato numa carrinha de caixa aberta, deixando-a à porta do nosso estábulo onde ela ficou sem se mexer, apavorada com a viagem e com o ambiente que desconhecia.
Quando fiquei a sós com ela e reparei no seu olhar tão triste, resolvi dar-lhe um banho e retirar aquelas camadas de porcaria que escondiam a cor do pêlo.
Com um balde de água morna, uma esponja e champô dos cães, comecei uma tarefa que achei que iria ser muito difícil mas que afinal foi facílima porque o animal ficou sempre imóvel e deixou-me fazer o trabalho sem protestar.
Depois de lavada, exibia um pêlo bem branquinho. Mas como tempo estava um pouco fresco, começou a tremer cheia de frio e para a secar rapidamente socorri-me de um secador de cabelo que ela mirava com curiosidade e a seguir cobri-a com uma manta.
Na altura tinha aqui um homem a fazer um trabalho nas terras e que perdido de riso ainda me gritou: - Ó minha senhora, isso é um burro… não é uma pessoa!!
Levei-a para uma box livre que já tinha mandado preparar com uma boa cama de palha e com a manjedoura cheia de feno fresco e ela ficou ás voltas, surpreendida com este tratamento VIP.
Não tendo nunca convivido com burros (refiro-me aos animais), fiquei a saber que envelhecem muito e repentinamente, uma vez que ela após duas ou três semanas de estar connosco, passou de 2 anos para 15 !! :))
A burra que de início se chamou Branquinha e mais tarde passou a Rita, levou algum tempo a adaptar-se à liberdade do pasto grande e à perseguição da Joaninha, a nossa égua ciumenta, que não gostou que as nossas atenções se alargassem a mais um elemento..
Também fiquei a saber que aqueles esgares que ela fazia de tempos a tempos e que eu pensava que seria de algum problema na garganta, eram afinal indicadores de que estava com o cio que pelos vistos deve ser horrível nestes animais porque lhes dá um ar terrível, recolhendo os beiços e mostrando, aflitivamente, os dentes enormes.
A Rita Branquinha desde que veio para aqui, deixou de trabalhar e apenas contribui para estrumar as terras e para embelezar a paisagem.
Ficou muito grata à nossa adopção, tornando-se um animal muito ternurento, sempre pronto para pedir um mimo que tanto pode ser uma festinha no nariz, uma folhinha verde ou um torrão de açúcar.
Ao contrário da égua, os seus cascos crescem muito e por isso de vez em quando tem que ir à "manicure”.
Quando fiquei a sós com ela e reparei no seu olhar tão triste, resolvi dar-lhe um banho e retirar aquelas camadas de porcaria que escondiam a cor do pêlo.
Com um balde de água morna, uma esponja e champô dos cães, comecei uma tarefa que achei que iria ser muito difícil mas que afinal foi facílima porque o animal ficou sempre imóvel e deixou-me fazer o trabalho sem protestar.
Depois de lavada, exibia um pêlo bem branquinho. Mas como tempo estava um pouco fresco, começou a tremer cheia de frio e para a secar rapidamente socorri-me de um secador de cabelo que ela mirava com curiosidade e a seguir cobri-a com uma manta.
Na altura tinha aqui um homem a fazer um trabalho nas terras e que perdido de riso ainda me gritou: - Ó minha senhora, isso é um burro… não é uma pessoa!!
Levei-a para uma box livre que já tinha mandado preparar com uma boa cama de palha e com a manjedoura cheia de feno fresco e ela ficou ás voltas, surpreendida com este tratamento VIP.
Não tendo nunca convivido com burros (refiro-me aos animais), fiquei a saber que envelhecem muito e repentinamente, uma vez que ela após duas ou três semanas de estar connosco, passou de 2 anos para 15 !! :))
A burra que de início se chamou Branquinha e mais tarde passou a Rita, levou algum tempo a adaptar-se à liberdade do pasto grande e à perseguição da Joaninha, a nossa égua ciumenta, que não gostou que as nossas atenções se alargassem a mais um elemento..
Também fiquei a saber que aqueles esgares que ela fazia de tempos a tempos e que eu pensava que seria de algum problema na garganta, eram afinal indicadores de que estava com o cio que pelos vistos deve ser horrível nestes animais porque lhes dá um ar terrível, recolhendo os beiços e mostrando, aflitivamente, os dentes enormes.
A Rita Branquinha desde que veio para aqui, deixou de trabalhar e apenas contribui para estrumar as terras e para embelezar a paisagem.
Ficou muito grata à nossa adopção, tornando-se um animal muito ternurento, sempre pronto para pedir um mimo que tanto pode ser uma festinha no nariz, uma folhinha verde ou um torrão de açúcar.
Ao contrário da égua, os seus cascos crescem muito e por isso de vez em quando tem que ir à "manicure”.
Na foto acima já está com os pés e mãos devidamente arranjados, vendo-se a Joaninha ao longe muito atenta aos nossos movimentos.
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