2013-05-10

Os corvos e o milho


Caros amigos, cá estamos mais uma vez a tentar recuperar o ritmo de escrita que tínhamos em tempos e que estamos sempre a prometer… e sempre a faltar ao prometido.
Nesta Primavera diferente das demais por continuar chuvosa e fria, estamos preocupados que as baixas temperaturas ponham em causa o desenvolvimento do milho semeado no início de Abril.

As terras estavam frescas na altura da sementeira e deu-nos esperança que a safra fosse muito maior do que a que obtivemos no ano passado, com temperaturas demasiado altas e praticamente sem chuva. Mas não estávamos a contar com um frio tão prolongado, nem com a habituação dos corvos ao nosso estratagema dos rádios ligados.
Os amigos, que nos seguem há vários anos, devem lembrar-se do Miguel, o robot fabricado e oferecido pelo nosso saudoso Mário Portugal, que movimentava os braços, ao mesmo tempo que gritava, mexendo os queixos e faiscando os olhos verdes, para pôr em debandada os corvos que nos comiam o milho recém-semeado.

Mas o robot é de tal maneira interessante que desistimos de o deixar à chuva e ao sol, para passar a ficar protegido, funcionando apenas por poucos minutos para alegria dos amigos que nos visitam.
Passámos então à fase dos rádios, tendo cabos eléctricos estendidos pelo campo de milho, com dois aparelhos de radio a funcionar, sintonizados em programas diferentes, umas vezes com  musica e outras com voz, ligados a um temporizador, o que sempre afugentou a passarada.

Mas este ano, os corvos não se intimidam com os noticiários (que no entanto intimidam a nós) nem com as entrevistas, nem com as músicas, nem com as missas, e ficam calmamente a arrancar o milho, até encher o papo.
Publicamos algumas fotos para tornar este texto mais compreensível.

Na foto abaixo pode-se ver uma parte do campo de milho, com o milho pequenino a aparecer, os tubos de rega já colocados para serem usados no período seco. Não estranhem aquele círculo de erva em volta do sobreiro mas foi uma maneira de tentarmos poupar a arvore do efeito devastador da charrua ao passar sobre as suas raízes

 
 
 
Só que os corvos, como aves inteligentes que são, sabem que essa plantinha do milho ainda tem a raiz agarrada ao bago
 
 
 

E por isso fazem este bonito trabalho
 

 
 

Se depararmos com a plantinha assim, ainda verde e com alguma raiz, com paciência, tempo e boas costas, pode-se tornar a enterrar e ela crescerá normalmente.
 
 
 
Mas é impossível recuperarmos as plantas num campo tão grande e por isso estávamos a confiar no efeito dos aparelhos de radio, ligados desde as 7 da manhã até ás 8 da tarde.
Mas basta olhar para a calma com que esse corvo caminha pelo terreno para perceber que não está nada atemorizado ou preocupado com os sons que está a ouvir
 

 
Resolvemos espalhar milho sobre o terreno para não terem necessidade de arrancar o que vem a nascer, mas já percebemos que o que está debaixo da terra deve estar mais macio, arranhando menos a garganta do que o seco que pusemos por cima J
Resta-nos esperar que a quantidade de milho usado na sementeira, seja suficiente para eles e para nós.
Até breve