Caros amigos, cá estamos mais uma vez a tentar recuperar o
ritmo de escrita que tínhamos em tempos e que estamos sempre a prometer… e
sempre a faltar ao prometido.
Nesta Primavera diferente das demais por continuar chuvosa e
fria, estamos preocupados que as baixas temperaturas ponham em causa o
desenvolvimento do milho semeado no início de Abril.
As terras estavam frescas na altura da sementeira e deu-nos
esperança que a safra fosse muito maior do que a que obtivemos no ano passado,
com temperaturas demasiado altas e praticamente sem chuva. Mas não estávamos a
contar com um frio tão prolongado, nem com a habituação dos corvos ao nosso
estratagema dos rádios ligados.
Os amigos, que nos seguem há vários anos, devem lembrar-se
do Miguel, o robot fabricado e oferecido pelo nosso saudoso Mário Portugal, que
movimentava os braços, ao mesmo tempo que gritava, mexendo os queixos e
faiscando os olhos verdes, para pôr em debandada os corvos que nos comiam o
milho recém-semeado.
Mas o robot é de tal maneira interessante que desistimos de
o deixar à chuva e ao sol, para passar a ficar protegido, funcionando apenas
por poucos minutos para alegria dos amigos que nos visitam.
Passámos então à fase dos rádios, tendo cabos eléctricos estendidos
pelo campo de milho, com dois aparelhos de radio a funcionar, sintonizados em
programas diferentes, umas vezes com musica
e outras com voz, ligados a um temporizador, o que sempre afugentou a
passarada.
Mas este ano, os corvos não se intimidam com os noticiários
(que no entanto intimidam a nós) nem com as entrevistas, nem com as músicas, nem
com as missas, e ficam calmamente a arrancar o milho, até encher o papo.
Publicamos algumas fotos para tornar este texto
mais compreensível.
Na foto abaixo pode-se ver uma parte do campo de milho, com
o milho pequenino a aparecer, os tubos de rega já colocados para serem usados no
período seco. Não estranhem aquele círculo de erva em volta do sobreiro mas foi
uma maneira de tentarmos poupar a arvore do efeito devastador da charrua ao
passar sobre as suas raízes
Só que os corvos, como aves inteligentes que são, sabem que
essa plantinha do milho ainda tem a raiz agarrada ao bago
E por isso fazem este bonito trabalho
Se depararmos com a plantinha assim, ainda verde e com
alguma raiz, com paciência, tempo e boas costas, pode-se tornar a enterrar e
ela crescerá normalmente.
Mas é impossível recuperarmos as plantas num campo tão
grande e por isso estávamos a confiar no efeito dos aparelhos de radio, ligados
desde as 7 da manhã até ás 8 da tarde.
Mas basta olhar para a calma com que esse corvo caminha pelo
terreno para perceber que não está nada atemorizado ou preocupado com os sons
que está a ouvir
Resolvemos espalhar milho sobre o terreno para não terem
necessidade de arrancar o que vem a nascer, mas já percebemos que o que está debaixo
da terra deve estar mais macio, arranhando menos a garganta do que o seco que
pusemos por cima J
Resta-nos esperar que a quantidade de milho usado na sementeira,
seja suficiente para eles e para nós.
Até breve