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2011-12-01

Um Verão em fotos

O Verão já terminou e ficaram as boas e más lembranças de um período tão agitado como foi o deste ano.
Recebemos amigos e familiares que partilharam connosco muitos momentos bonitos.
Mostrámos a nossa represa preferida, que fica no Teixo ...


... e onde estivemos a nadar num dia de grande calor




Nasceu uma ninhada de patos bravos






Fizemos vários petiscos regionais e também cozemos pão no forno antigo

 
Fomos a Sever do Vouga visitar a Feira do Mirtilo

Nesta feira vendiam plantas envasadas, frutos embalados, licor, doce, gelado, bolo, tarte à base de mirtilo e onde prestavam imensa informação sobre a cultura e as diversas aplicações destas bagas.
Tivemos uma ninhada de patos mudos.  A segunda foto mostra uma lição de natação dada pela jovem mãe J


Terminámos o trabalho do milho que já está devidamente guardado



Nasceram 2 faisões


... e 6 pavões



Levámos os nossos amigos a Óbidos à Feira Medieval


Fizemos as nossas colheitas de tomate, cebola, pimento, beringela, physalis, malagueta, abóbora, pepino, feijão-verde, melancia, melão, maçã, pêra, morango, pêssego, cereja, ameixa, amora, framboesa…

Aproveitando a fartura para fazermos doces



Tivemos visitas inesperadas


Fizemos as nossas cirurgias caseiras como no caso de um borrego que fez uma ferida profunda na cabeça e que poucos dias depois, com o calor excessivo,  abrigava uma família de larvas gigantes de mosca-varejeira. 

Antes de injectarmos o animal com um produto que iria destruir esses parasitas que se alimentam e crescem dentro de tecidos vivos, fotografamos essas duas, junto ao ferimento, para poderem ver o tamanho de tais animais que iriam ocasionar a morte do borrego, comendo-o em vivo.


Nasceram também dois gansinhos

Fomos visitar o Festival de Jardins em Ponte de Lima que este ano tinha como tema “O Jardim e a Floresta”
Para o ano 2012, o tema será “Jardins para Comer” o que nos motiva a fazer de novo esta viagem

E agora perguntarão por que razão dissemos logo no início que tinham ficado as boas e más lembranças, quando tudo parece bom como demonstram as fotos.

É que o ano foi péssimo para as criações: os patinho bravos foram desaparecendo sem deixar rasto ou aparecendo mortos. Sobreviveram apenas 6 da ninhada de 18.  Os patinhos mudos foram os mais resistentes e só morreram 2 deles. Os faisões morreram dias depois da foto. Os gansos também. Aos pavões aconteceu o mesmo tendo apenas sobrevivido um dos novos. Os pintos peludos desapareceram, só restando uma franga. Mas estes temos a certeza que foram apanhados pela raposa ou pelo gato-bravo por termos encontrado um monte de peninhas brancas num sítio distante da capoeira.

Este tipo de vida faz-nos estar em constante contacto com a vida e a morte dos animais e não há meio de nos adaptarmos a esse facto da Natureza L

Só falta mostrar a foto do Tony Silva, trabalho feito pela criançada e que ainda se mantém a descansar ao sol e à chuva

Agora com o frio, andamos a apanhar azeitona, já comemos os dióspiros, já passou o tempo da castanha, que este ano veio cedo demais, e já temos as nozes ensacadas.

A produção de noz é cada vez menor devido à quantidade de esquilos que foi introduzida nas matas e que, segundo nos informaram, tem a ver com a tentativa de dar algum alimento aos animais selvagens. Não sabemos se a razão é essa mas o que é certo é que a introdução de novos animais, qualquer que seja a finalidade, se não tiver depois o devido acompanhamento, pode dar origem a pragas que não conseguimos controlar. No nosso caso vamos ficando sem as nozes L
E como não tivemos tempo para preparar um texto melhor, ficamos assim pela apresentação das fotos que resumem de alguma forma o que foi este Verão aqui na quinta.

2011-03-29

O Grilo toupeira

Antes de começar este texto, gostaria que abrissem o vídeo abaixo, sem estranhar a ausência de imagens.


Quis partilhar convosco o prazer deste som nas noites calmas e menos frias que vão surgindo agora com o início da Primavera, festejadas pelas centenas e centenas destes animais que sempre conheci com o nome de ralos e que aqui na zona chamam de "raros".

Acontece que nunca tinha visto nenhum e, quando uma noite destas fui a correr fotografar um insecto enorme, com uns 5 cm de comprimento que estava estacionado à porta da cozinha, fotografia que distribuí pelos amigos para me identificarem a estranha criatura, fiquei a saber que era nada mais, nada menos, que um desses ralos cuja serenata eu tanto gosto de ouvir.

Felizmente não lhe peguei, porque a dada altura em que ele me quis trepar pelo sapato, fugimos cada um para o seu lado, tendo acabado abruptamente a sessão fotográfica. E digo felizmente porque segundo as informações que recebi, trata-se um bicharoco que não gosta nada de se ver preso entre os dedos, não se ensaiando muito para ferrar a mão descuidada.

Os ralos pertencem ao género Grillotalpa que se pode traduzir por grilo-toupeira, como é conhecido em vários países, por passarem a vida a escavar túneis com as patas dianteiras.

São castanhos e têm o corpo coberto por uma fina camada de pêlo. Apenas os adultos têm asas podendo voar em enxames nas noites quentes de Verão. Na cabeça possuem peças bucais muito desenvolvidas e antenas curtas. As patas dianteiras além de servirem para escavar, servem também para defender os seus territórios.

Os machos podem medir entre 3,5 a 4 cm e as fêmeas entre os 4 e os 5 cm

Em finais de Julho, as fêmeas põem entre 100 a 350 ovos numa espécie de ninho com 6 a 10 cm de diâmetro, a uma profundidade de 30 a 40 cm, escavados por elas mesmas. Esses ovos eclodem após 20 dias necessitando de muita humidade e ficam sob a guarda da mãe durante as primeiras 2 a 3 semanas. As larvas passam por 2 fases no seu primeiro ano de vida.  As ninfas começam a desenvolver-se a partir da Primavera seguinte e por vezes a sua fase de desenvolvimento pode ir até ao terceiro ano.

Os machos também escavam galerias mas com a finalidade de funcionarem como amplificadores para se poderem fazer ouvir até à distancia de uns 600m, atraindo assim fêmeas solitárias,    interessadas em namorar... que podem ter muito que caminhar :)

Hibernam durante o Inverno dentro dos túneis que podem estar até a 1 metro de profundidade, retomando a sua actividade com a chegada da Primavera.

É um insecto omnívoro, nada preocupado com dietas especiais. Come minhocas, larvas de insectos, mas também tubérculos e rizomas de plantas hortícolas e ornamentais, assim como beterraba, batata, mas também melão, abóbora, girassol, morango, cereais, sendo muito prejudicial para as plantas jovens.

Devido aos seus hábitos alimentares, acaba por ser perseguido pelos agricultores que fazem lavras profundas para destruir as suas galerias, aplicam produtos químicos e iscos com veneno.

Além do homem também tem outros inimigos como os mamíferos insectívoros, formigas, ácaros e algumas aves, como é o caso do estorninho e do penereiro-das-torres, este último considerado como ave ameaçada e que tem uma inclinação especial para se alimentar de ralos cantores.

Aqui fica a foto do fotogénico ralo, quase em tamanho natural.

2011-02-13

Para o Mário, com muito carinho

Como todos já sabeis, o nosso querido amigo Mário Portugal partiu na sua última viagem na passada sexta-feira, dia 4 de Fevereiro.

Desligou-se da vida sem sofrimento, sem aviso e no meio de uma conversa, tal como sempre desejara.

O Mário era um companheiro sempre presente na Net, a qualquer hora do dia e todos os dias da semana, o que lhe permitia uma vida extremamente ocupada, contactando com os seus amigos e familiares, desenvolvendo as suas teorias, escrevendo artigos diversos, respondendo a todos os mails que recebia, com uma juventude de espírito que por vezes não se encontra em pessoas muito mais jovens.

Perdi aquele amigo que me considerava uma pessoa rara, como o dizia aos quatro ventos, o que me deixava verdadeiramente incomodada. Mas esta afirmação revelava que não considerava os defeitos dos amigos, valorizando apenas as qualidades de cada um, ainda que exagerando-as a seu bel-prazer. Esta lindíssima atitude na amizade extrema que sentia pelos seus amigos, era uma das coisas que mais me impressionava no Mário, pelo qual senti sempre um enorme carinho.

Era também um leitor assíduo deste blogue e quando os temas lhe eram desconhecidos, obrigava-me a explicações extras através de mails ou do telefone.

Tenho andado a reler a sua imensa correspondência como forma de o sentir e manter ainda próximo e, nestas voltas pelas pastas do Pc, aconteceu ter esbarrado com um texto começado há uns tempos e que esperava algumas fotos para anexar e depois publicar no blogue.

Sabia que seria um texto que iria provocar uma forte risada no Mário - o que me encantava - e que daria azo a uma série de mails logo após a publicação.

Resolvi terminá-lo e publicá-lo agora, imaginando-o a rir na sua salinha e que noutras circunstâncias o levaria a pegar no telefone para me dizer qualquer coisa no género:

- Ó jóia, já me fez soltar umas boas gargalhadas logo pela manhã! Essa de dar banho à burra, só mesmo da cabeça da Ana!

Por isso, Mário, aqui vai o texto da Rita e que lhe provoque sonoras gargalhadas que só lamento já não as poder ouvir.





A Rita Branquinha


Há vários anos, ao passar de carro por uma aldeia próxima, vi um pequeno burro numa cerca. O animal estava num estado lastimoso, com camadas de esterco seco agarradas ao pêlo, os ossos a quererem furar a pele e um olhar tão triste que me fez doer o coração.


Parei o carro e perguntei ao homem quanto custava o burro, não por precisar de um, mas com dó do pobre bicho.


O homem ao aperceber-se da minha inexperiência sobre o preço de um burro e vendo a vontade que eu demonstrava em o adquirir, fez-me o preço exorbitante de 30 contos (na altura ainda não se sonhava com o euro), como se fosse um animal de raça.

Fiquei a saber que era uma burra e que tinha apenas 2 anos.

Para eu ter uma ideia de que o burro, ou melhor, a burra valia bem o dinheiro, o homem montou-a, prendeu-a a um arado e outras tarefas que ela desempenhava obedientemente mas dando mostras do medo que tinha de ser castigada.

Acabei por pagar o preço pedido e o comerciante até a transportou de imediato numa carrinha de caixa aberta, deixando-a à porta do nosso estábulo onde ela ficou sem se mexer, apavorada com a viagem e com o ambiente que desconhecia.



 Quando fiquei a sós com ela e reparei no seu olhar tão triste, resolvi dar-lhe um banho e retirar aquelas camadas de porcaria que escondiam a cor do pêlo.

Com um balde de água morna, uma esponja e champô dos cães, comecei uma tarefa que achei que iria ser muito difícil mas que afinal foi facílima porque o animal ficou sempre imóvel e deixou-me fazer o trabalho sem protestar.

Depois de lavada, exibia um pêlo bem branquinho. Mas como tempo estava um pouco fresco, começou a tremer cheia de frio e para a secar rapidamente socorri-me de um secador de cabelo que ela mirava com curiosidade e a seguir cobri-a com uma manta.

Na altura tinha aqui um homem a fazer um trabalho nas terras e que perdido de riso ainda me gritou: - Ó minha senhora, isso é um burro… não é uma pessoa!!

Levei-a para uma box livre que já tinha mandado preparar com uma boa cama de palha e com a manjedoura cheia de feno fresco e ela ficou ás voltas, surpreendida com este tratamento VIP.


Não tendo nunca convivido com burros (refiro-me aos animais), fiquei a saber que envelhecem muito e repentinamente, uma vez que ela após duas ou três semanas de estar connosco, passou de 2 anos para 15 !! :))




A burra que de início se chamou Branquinha e mais tarde passou a Rita, levou algum tempo a adaptar-se à liberdade do pasto grande e à perseguição da Joaninha, a nossa égua ciumenta, que não gostou que as nossas atenções se alargassem a mais um elemento..

Também fiquei a saber que aqueles esgares que ela fazia de tempos a tempos e que eu pensava que seria de algum problema na garganta, eram afinal indicadores de que estava com o cio que pelos vistos deve ser horrível nestes animais porque lhes dá um ar terrível, recolhendo os beiços e mostrando, aflitivamente, os dentes enormes.

A Rita Branquinha desde que veio para aqui, deixou de trabalhar e apenas contribui para estrumar as terras e para embelezar a paisagem.

Ficou muito grata à nossa adopção, tornando-se um animal muito ternurento, sempre pronto para pedir um mimo que tanto pode ser uma festinha no nariz, uma folhinha verde ou um torrão de açúcar.




Ao contrário da égua, os seus cascos crescem muito e por isso de vez em quando tem que ir à "manicure”.










E como podem reparar nas fotos, é um trabalho cansativo e bastante incómodo para ambas as partes.




Na foto acima já está com os pés e mãos devidamente arranjados, vendo-se a Joaninha ao longe muito atenta aos nossos movimentos.






E aqui está ela exibindo um lindíssimo sorriso, só possível nos animais felizes.






Obrigada Mário pela excelente amizade e companheirismo que sempre me dedicou. Nunca o irei esquecer!






2010-12-12

As nossas ovelhas

Este ano temos um rebanho com vinte cabeças, metade do que tivemos no ano passado, uma vez que houve necessidade de reduzir devido à falta de pastos durante o verão, o que nos dava muitas preocupações.


Quando trocámos a vida que fazíamos em Lisboa e Cascais por esta que fazemos agora aqui, decidimos ter alguns animais, o que não era possível numa vivenda com um pequeno jardim.

Comprámos uma ovelha com um borreguito e baptizámo-los com os nomes de Jacinta e Jacob. Foram eles que deram início ao rebanho actual.


Vendíamos os borregos e ficávamos com as borregas, tendo mais tarde adquirido um macho de outra família para melhorar o efeito da consanguinidade.

A partir desse momento, fazemos uma aprendizagem diária, com muitas alegrias e tristezas.

Tristeza sempre que vemos uma cria ou uma ovelha adulta já sem vida, por não conseguirmos estar sempre presente e muitas vezes confiarmos demais na Natureza.

Mas abrir o estábulo de manhã e ouvir um borregar de recém-nascido, continua a ser uma alegria sempre renovada.

Por vezes surgem problemas estranhos como se pode ver na foto abaixo...


... em que uma ovelha fez um prolapso do útero do que só nos apercebemos ao fim do dia quando a vimos deitada e a contrair-se como se fosse parir.

Nesta foto estávamos a tentar limpá-la da terra e das moscas varejeiras.

Na foto seguinte já conseguimos meter o útero no sítio certo mas só depois de muito esforço, nosso e do animal.

Mais tarde acabámos por saber que em casos idênticos, se deve levantar as patas traseiras da ovelha, pondo-a a fazer o pino e esperar que o útero desça e se coloque no local correcto.


Na Primavera recebemos a visita do tosquiador que as vem preparar para o calor do Verão, libertando-as daquela capa de lã que se torna insuportável manter durante os meses mais quentes.


Enquanto estávamos a alinhavar este texto, uma das nossas ovelhas pariu duas crias, primeiro uma borreguita e depois um borreguito.

Desta vez tivemos tempo para preparar a nossa máquina e fizemos um vídeo do nascimento da segunda cria.



Mas, no dia seguinte, vimos a borreguinha a chamar pela mãe, balindo de fome e esta completamente indiferente a tão triste queixume.

Muitas vezes as ovelhas enjeitam as suas crias. Nós tentamos criá-las mas nem sempre com sucesso.

Prendendo a ovelha com as nossas pernas, obrigámo-la a deixar mamar a borreguita que se atirava às tetas com tanto entusiasmo que nos deixou esperançados sobre a sua sobrevivência.

Como só conseguíamos pô-la a mamar de manhã e à noite, o que era pouco para um animal tão pequeno, resolvemos alimentá-la a biberão com um leite próprio.


Só precisou de um dia para aprender a gostar deste leite e a mamar no biberão. Caso venha a sobreviver, tornaremos a falar dela e do seu desenvolvimento.

Para finalizar este texto, juntámos a foto abaixo onde podem observar o seu reconhecimento pelos nossos cuidados :))


Ah, e aceitam-se sugestões para o seu baptismo!

2010-09-19

Também temos rinocerontes!

Aproveitando uma hora em que crianças e adultos dormem a sesta na penumbra dos quartos, ignorando o excessivo calor que se abateu nesta zona, venho contar-vos a nossa mais recente experiência.

Numa destas tardes em que passeávamos na mata com as crianças, encontrámos um escaravelho enorme que tinha um cornicho na cabeça.

Verdade seja dita que nunca tínhamos visto um escaravelho com este aspecto e com estas dimensões e, como podem ver, perfeitamente pacífico.


Resolvemos levá-lo para casa para a habitual sessão fotográfica e no caminho pedi aos miúdos para lhe darem um nome adequado. Todos escolheram o de Escaravelho-Rinoceronte dando origem a uma risota pegada com direito a canção e tudo.

Depois das fotos, guardámos o pachorrento escaravelho numa caixinha para o devolvermos à natureza no mesmo local onde o tínhamos recolhido e fomos fazer algumas pesquisas na Net no intuito de aprendermos alguma coisa com o bicharoco.

Foi uma enorme surpresa quando constatámos que este escaravelho é mesmo conhecido por Escaravelho-Rinoceronte tendo o nome científico de Oryctes nasicornis pertencente à ordem Coleóptera e à família Dynastidae.

Ficámos também a saber que estávamos perante um macho, havendo uma nítida diferença entre macho e fêmea, conhecida por diformismo, em que a fêmea não possui um cornicho da mesma dimensão que o macho mas sim uma saliência bastante reduzida.

O acasalamento é feito debaixo de terra e as fêmeas põem os ovos sobre madeira podre ou outro material vegetal em decomposição.

As larvas eclodem após duas semanas de incubação e passam um ano a crescer e a comer matérias vegetais em putrefacção. Na Primavera seguinte transformam-se em pupas. No final do Verão o insecto já adulto mantém-se no casulo até à Primavera seguinte.

O ciclo completo de desenvolvimento dura entre 2 e 4 anos em cativeiro, à temperatura de 25º.

Os escaravelhos adultos surgem entre Março e Maio, vivendo até o próximo Outono e não procuram comida uma vez que consomem, no pouco tempo que têm de vida, as reservas alimentares acumuladas durante a sua fase larvar.

Podem ser vistos ao fim da tarde ou pela noite, nos meses de Junho e Julho quando saem dos seus esconderijos procurando companheiro/a, sendo muitas vezes atraídos pelos focos de luz.

Devido ao formato do seu corpo, se caírem de patas para o ar, dificilmente conseguem virar-se tornando-se numa presa fácil para as formigas.

A propósito de escaravelhos, lembrei-me depois de um colar que um familiar me trouxe do Egipto e que é formado por várias peças com formato de pequenos escaravelhos e em que uma delas é de maior dimensão e com mais pormenor.


Depois das consultas feitas para escrevermos este post, soubemos que se trata do um amuleto muito estimado no Antigo Egipto, representando o Escaravelho-do-Estrume, pertencendo à família Scarabaeidae (escarabídeos) por se alimentarem de fezes e existindo uma imensa variedade com vários tamanhos e cores.

Ainda hoje é um insecto extremamente útil porque ao acumular bolas de esterco, principalmente de animais herbívoros que arrasta para a sua toca a cerca de metro e meio de profundidade, consegue arejar e enriquecer o solo com nutrientes do estrume, evitando também o aumento de moscas.

À fêmea compete escavar a toca enquanto o macho carrega as bolas de estrume empurrando com as patas traseiras. Quando tem tudo preparado, a fêmea deposita os ovos no estrume armazenado, sendo alimento garantido para as suas larvas ao nascer.

No Baixo Egipto, o deus-sol era retratado sob várias formas, em que uma delas era a de um Escaravelho-do-Estrume, simbolizando o deus Khepra que teria como função mover o sol, tal como fazia na terra empurrando a bola de esterco.

Era um dos amuleto preferidos por estar relacionado com a vida após a morte e com a ressurreição. Quem o usasse teria como garantia a persistência no ser e a certeza de renascer para a vida se o levasse para a campa, substituindo muitas vezes o coração durante a mumificação a fim de dar nova vida e existência à múmia.

O próprio Tutankhamon tinha no seu túmulo várias peças de joalharia com a forma deste escaravelho.

Mais tarde, as mulheres estéreis sacrificavam, secavam e reduziam a pó o desgraçado Escaravelho-do-Estrume para prepararem uma bebida que iria possibilitar a fecundação, segundo crença da época.

E não queríamos fechar este post dedicado aos escaravelhos, sem lhes falarmos do Rhynchophorus ferrugineus, um escaravelho vermelho responsável pela mortandade nas palmeiras que está a acontecer em todo o país.

Segundo fomos informados, tudo aconteceu por volta dos anos 90 quando começámos a importar do Egipto a palmeira dactylifera que trouxe com ela este escaravelho que tem sido uma lástima principalmente para a Phoenix canariensis.

Um amigo residente no Algarve, apercebeu-se que a sua enorme palmeira, já centenária, estava a dar sinais de doença e, sabendo que poderia ser trabalho do tal escaravelho encarnado, passou horas a inspeccionar a sua árvore, até que se apercebeu dos tais bichos estranhos que conseguiu eliminar com um produto indicado para estes casos, conseguindo salvar a árvore.

Se têm palmeiras no vosso jardim, estejam atentos ao seu aspecto porque esta praga que tem sido mais mortífera no Algarve e na zona de Setúbal, está a progredir para outras áreas do nosso país.

E terminamos este post, que vai publicado com algum atraso, agradecendo a todos os amigos que por mail ou telefone se preocuparam em saber a nossa situação neste período de grandes incêndios.

2010-04-24

Tristezas e alegrias após um temporal

Como todos puderam ver nos canais televisivos, abateu-se na passada quinta feira no centro e norte do país, um temporal que deixou todos estupefactos, principalmente os mais idosos que nunca tinham visto tal violência em trovoada, chuva, vento e granizo.

Aqui no nosso cantinho também não escapámos e foi um fim de tarde e parte da noite para esquecer, com o susto de poder o telhado desabar com todo aquele peso e chovendo dentro de casa quase como se estivéssemos na rua devido à cobertura de gelo nas telhas que não deixava a água escoar como habitualmente e como estas casas mais antigas não têm placa, a chuva que entrava pelas telhas atravessava o tecto de madeira caindo depois dentro da casa.
A horta ficou neste estado…



… tendo desaparecido as sementeiras que se tinham feito no dia anterior.

Um castanheiro caiu e o poste ia tendo o mesmo destino devido ao aluimento das terras


Nesta foto podemos ver melhor o que aconteceu às terras nessa zona, já com o castanheiro cortado:


A lagoa encheu de tal maneira, com a força das águas que saiu das suas bordas arrastando alguns peixes que foram apanhados no dia seguinte ainda trementes de vida e lançados de novo na lagoa.

Depois de tudo passado e de termos feito um balanço aos estragos, lembrámo-nos da Patareca.

A Patareca é a nossa pata-muda que em tempos desapareceu, obrigando todos a procurá-la, viva ou morta, nas redondezas, sem sucesso.

Passados dias apareceu na altura da distribuição da comida, desaparecendo de novo e percebemos que estaria a chocar.

Foi outro trabalhão saber qual o sítio que ela tinha escolhido porque se fosse fora da zona da capoeira, podia ser apanhada à noite pela raposa ou por outro animal qualquer que apreciasse este tipo de refeição.

Uma tarde escondemo-nos logo após termos enchido os comedouros e ela depois de comer, desapareceu quase em frente dos nossos olhos…

Ficámos desconfiados daquela elevação de terra que a queda do pinheiro que falámos no último texto, tinha deixado no terreno.


Espreitámos, metemos o braço até onde pudemos e nada de a vermos nem tocarmos sinais de ninho.

Lembrámo-nos de uma forma de tirar as teimas: fomos buscar a máquina fotográfica, metemo-la por um buraco pequeno que está junto ao corte do tronco e com ela bem no fundo, com um pequeníssimo ângulo de manobra, fomos disparando em todas as direcções.

Quando fomos ver as fotos, tivemos esta alegria:


Depois da tempestade em que correram rios de água por todos os lados e estando este esconderijo abaixo do nível do chão, ficámos preocupados com a possibilidade de estarem os ovos dentro de alguma poça de água.

Esperámos que ela saísse para comer e fomos fazer a mesma manobra com a máquina fotográfica e como se pode ver, o ninho está surpreendentemente seco.


Ao vermos esta foto apercebemo-nos que além dos ovos dela, também estão ovos da pata-brava, que são aqueles esverdeados e que provavelmente vão nascer em dias diferentes porque a pata-brava ainda anda a pôr e a Patareca assim que começarem a nascer os primeiros filhotes, deixa de permanecer em cima dos outros ovos mais atrasados... e nós não conseguimos retirá-los porque estão inacessíveis.

Além disso, a trovoada que se abateu durante um dia e uma noite, pode muito bem ter morto a criação.

Nunca percebi por que é que morrem as criações nos ovos quando há trovoada, mas que é muito frequente isso acontecer, é verdade.

É curioso que as galinhas quando estão a chocar e ouvem os trovões vão fazendo um barulho com a garganta como se estivessem a acalmar os pintainhos que ainda não nasceram. Mas como a Patareca é muda….

2009-12-13

Voltámos!

Cá estamos de novo, agradecendo as simpáticas palavras dos amigos que pensavam que tínhamos desistido do Paixão dos Sentidos.
Não desistimos, ainda que tivéssemos tentado :)
Faz-nos falta estes bocadinhos em que estamos convosco contando as nossas histórias e lendo as vossas.
Estes últimos tempos têm sido muito difíceis, com imenso trabalho, devido ao afastamento do nosso caseiro que teve que ser sujeito a duas cirurgias, das quais tem vindo a recuperar muito lentamente.
Uma delas foi a uma hérnia, muito frequente nos homens de trabalho rural que se esforçam frequentemente deslocando pesos excessivos sem terem os devidos cuidados.
A outra que nos surpreendeu, pela sua raridade, foi o ter sido operado ao estômago para lhe extraírem um bezoar.
Para aqueles amigos menos informados ou que tenham perdido alguns episódios do Dr. House, um bezoar é uma bola que se forma no estômago (ou nos intestinos) com materiais que não são digeríveis e que não consegue seguir o trajecto normal.
Essa bola vai aumentando com o tempo e provoca incómodo e problemas diversos.
Descobriram o bezoar quando procuravam, por endoscopia, uma possível úlcera que justificasse a anemia e a magreza exagerada do nosso colaborador.
Curiosamente, um dos primeiros conselhos foi o de beber bastante coca-cola para tentar a sua dissolução, o que potenciou a nossa reserva contra o uso e abuso deste refrigerante. Mas o método não resultou neste caso.
Fracassou também a tentativa de o fragmentar e retirar por via endoscópica e por isso avançou-se para a cirurgia que tendo sido pouco invasiva, foi de recuperação muito lenta devido a outros problemas de saúde.
Soubemos depois que este bezoar era formado por fibras que por qualquer razão se foram enrolando, formando um novelo duro e definitivamente impossibilitado de seguir para o intestino.
Esta história fez-nos pensar nos nossos amigos que perseguindo a ideia de hábitos saudáveis, comem quantidades excessivas de fibras e passam o dia a beber garrafas de água.
A mensagem que tentamos passar com este texto, é que devemos consumir fibras, devemos beber água, mas sem excessos. Em caso de dúvida sobre as quantidades a ingerir, nada melhor que pedir conselho ao seu médico.
O caso do nosso caseiro é raro. O mais provável é o bezoar ter surgido devido a anomalias no funcionamento do seu organismo. Mas ainda assim, é preciso estarmos atentos e não nos deixarmos arrastar ingenuamente por correntes que podem estar a mascarar outros interesses.

E agora que já explicámos o que nos tem afastado de escritas e leituras e estando esperançados que as coisas comecem a funcionar normalmente, vamos terminar este post com fotos de uma jovem enregelada que esta manhã se encontrava encostada a um murete.



Estava muito molengona com o frio mas conseguia-se ver que já tinha ingerido o pequeno almoço.


Sabia-lhe bem receber o calor da minha mão...


Poucos minutos depois, mais animadita, já olhava em volta preocupada com a demora das fotografias



Esperemos que tenha conseguido um bom lugar para passar o Inverno e que nos venha surpreender quando chegar a Primavera.


2009-07-07

As nossas histórias

Hoje resolvemos vir aqui contar pequenas histórias que vão acontecendo nesta quinta que nunca consegue tornar-se monótona.

Em primeiro lugar mostramos como a Camila cresceu. Está enorme e apenas com 7 meses


Quando há tempos, após uma noite de invernia que tudo encharcou e abanou, vos contámos a impressionante queda e morte do nosso gigantesco cedro, não chegámos a falar de uma ameixeira muito velhinha que tinha tido a mesma má sorte. Mas um acaso permitiu que uma pequena parte da raiz se mantivesse agarrada ao chão, conseguindo retirar um mínimo necessário para manter a pobre árvore com vida. Estamos todos impressionados como é que uma fruteira com a idade dela e completamente deitada por terra, ainda arranjou forças para deixar crescer e amadurecer os seus frutos.

Juntamos aqui esta foto tirada hoje para vos mostrar como as árvores podem ser teimosamente resistentes



E agora a história da Carmen e da Rosa, as nossas faisoas.


Estiveram muito tempo aninhadas, na esperança de ver sair filhotes dos seus ovos escuros. Acontece que o Tobias, o faisão prateado, simplesmente as ignora por serem de raça diferente. Depois de mais de um mês em que insistiam no choco, reparámos que quando se levantavam para comer, caminhavam de uma forma estranha que à distância não dava para perceber o que se estava a passar com elas.
Entrámos na pequena capoeira sujeitos às investidas do Tobias que é uma ave permanentemente de mau humor e ficámos estupefactos com o estado em que tinham as patas



Não sabíamos bem o que fazer mas resolvemos mantê-las presas numa gaiola, num local mais aquecido e todos os dias de manhã e à noite esfregávamos as patas com azeite e obrigávamos a determinados movimentos.

O azeite permitiu que as calosidades horríveis que cobriam completamente as patas se fossem soltando aos poucos...





… e os movimentos forçados permitiram que melhorassem o andar, lentamente

Não ficámos muito entusiasmados porque a Rosa desde que começou a abrir bem uma das patas, passou a recolher a outra junto ao corpo e por isso quando tem necessidade de se movimentar, caminha com uma aberta e outra fechada.



E a Carmen ao começar a caminhar com as duas patas, começou a enrolar um dos dedos e poderá ter de novo problemas



Mas como já estão há mais de um mês metidas nesta pequena gaiola, resolvemos pô-las de novo na capoeira juntamente com um Tobias irritadiço e vamos esperar para ver como é que as coisas evoluem.

A outra história que temos reservada para vós é sobre o Milhas (baptizado pelo
Paulo), o nosso milhafre de estimação.
Há vários anos que nos habituámos à sua companhia aparentemente inofensiva. Mas agora andamos furiosos porque começou a atacar os animais na capoeira... e já levou 9 fracas pequenitas, 1 patinho e um grande número de pintos.
Um destes dias vi-o a querer atacar um dos pombos e mesmo correndo debaixo dele, gritando e atirando pedras, percebi que é de ideias fixas e nem sequer se assustou. Só não apanhou o animal porque este conseguiu esconder-se a tempo.
Resolvemos então mudar de táctica. Se ele estava tão desvairado para alimentar o filhote, então daríamos carne todos os dias para levar para o ninho. E se bem pensámos, melhor fizemos e por isso todos os dias de manhã e à tarde, colocávamos (e colocamos ainda) um bocado de carne crua em cima do telhado da capoeira pequena...



... e que tanto pode ser carne da que compramos para os nossos cães, como algum pequeno animal que encontremos morto.

Numa destas tardes de calor ouvimos uma barulheira no ar e vimos o milhafre e a companheira a voar perto de um passarito pequeno que esvoaçava e gritava aflitivamente.
No início pensámos que seria algum animal prestes a ser apanhado mas depois reparámos que o casal voava em volta do pequenote e percebemos que se tratava do filhote voando de uma forma muito atabalhoada e aos gritos o que nos fazia rir por não sabermos se era de grande entusiasmo pelo voo ou de grande pavor pela altura. Era divertido imaginar que os milhafres nos vinham mostrar a cria e assim justificar o ataque que faziam à capoeira.

O Milhas começou a habituar-se às nossas ofertas passando a sobrevoar-nos em círculos mal saímos de casa com um alguidar na mão


Não percebíamos como é que conseguia apanhar os pintos e patinhos se estes ao menor sinal de alerta dado pelas mães ou por outros animais mais velhos, corriam a esconder-se dentro da capoeira, só ficando cá fora os adultos mais pesados.

Mas depois de algum tempo de observação percebemos a técnica que consiste em se manter imóvel durante muito tempo num ramo de pinheiro até todos os animais se esquecerem dele e os pequenitos começarem a sair do esconderijo.
Depois num voo rapidíssimo consegue apanhar o escolhido, de garras estendidas e logo na primeira investida


Há dias resolvemos tirar uma foto no momento em que ele iria baixar para “caçar” a carne que tínhamos posto à sua disposição. Mas à última da hora resolvemos fazer um vídeo e foi a nossa sorte senão não teríamos nada para vos mostrar.

Para isso escondemo-nos num casinhoto, com a máquina á janela, apontada para o local onde tínhamos posto uns corações de peru.
Vão ver o vídeo com muita atenção porque ele vai recolher a carne que está na ponta esquerda do telhado e mais rápido que um relâmpago. As fracas e os galos estão a dar o alerta da sua aproximação.


O video fica aqui muito diminuto o que é uma pena mas mesmo maior também tivemos que passar várias vezes para tentar vê-lo!



E em breve voltaremos com mais historias